— Logo você, Marcos! COMO NÃO CONSEGUIU SALVAR MINHA FILHA?! — O Duque de Salmilan gritou. Nervoso como estava ele sequer percebeu tamanho erro que havia cometido, acabou de gritar com um membro da realeza, justamente com o futuro Rei de Nova que se dispôs a ajudá-lo.
— Me desculpe… é impossível chegar até ele. — ali o príncipe esqueceu o próprio valor, se sentiu inútil diante o desespero de um homem já debilitado pela doença e incapaz de ir por conta própria salvar sua única filha.
O Duque tossiu sem forças, estava fraco, a enfermidade o matava lentamente. Vendo a situação do príncipe ele respirou fundo antes de falar outra vez, havia sido rude demais com ele.
— Alteza, me perdoe por gritar com você… —
O velho homem piscou algumas vezes olhando o teto, o sangue lhe subiu à cabeça assim que imaginou no que teria que fazer adiante. Nunca se prestou a tal humilhação, mas tinha que admitir que o infante Austros era um melhor homem para aquela tarefa do que o príncipe Marcos — Me escute Alteza, seu irmão Austros está disponível?
Os dois se entreolharam com o mesmo sentimento de incredulidade, o que o Duque não queria falar era equivalente ao que o príncipe não queria ouvir.
E por isso Marcos ficou mudo por um tempo, simplesmente assustado demais com o desespero do Duque.
— Ivan, vo-você quer mesmo pedir a ajuda do meu irmão?
— Austros é minha última esperança neste reino, se ele não conseguir terei que procurar alguém fora dele. — O homem fechou os olhos com força, suas palavras saiam amargas e o ódio era nítido.
— Certo então… — Marcos saiu ainda abalado demais com o que o Duque havia dito.
Outro dia, Ivan, o Duque de Salmilan, bebia chá em frente ao jardim de rosas de sua casa, não era cotidiano, mas quando se sentia disposto a andar pelo quintal ele o fazia. E parado ali observando o que seus olhos permitiam ver, o Duque se deparou com um homem, que ao longe parecia uma fera cheia de músculos e cabelo, olhos assassinos e cercado por uma aura sombria.
Naquele instante Ivan quase cuspiu o chá no chão, o infante estava irreconhecível.
— Meu irmão disse que quer falar comigo. Me diga maldito, o que você quer? — Austros sempre foi conhecido por ser um homem direto e o Duque tinha uma grande contribuição nisso.
— Boa tarde, Austros. — antes de prosseguir o Duque lançou um olhar de cima a baixo, de fato estava bastante impressionado com a mudança inesperada do príncipe, mesmo que aos seus olhos fosse negativa — Saia menos no sol, está muito escuro.
— Me chamou para isso? Falar da minha pele? Diga logo o que quer ou vou embora. — Austros não deu mais um passo, permanecendo parado no mesmo lugar esperando a resposta.
— Certo, certo. Não quer entrar um pouco para conversar?
— Não.
— Sempre me esqueço que você é assim. — o Duque sorriu tentando ser simpático, o que não surtiu efeito em Austros — Minha filha foi sequestrada por uma fera, te dou o que quiser se trouxer ela de volta para mim. — desta vez falou firme, olhando diretamente nos olhos do infante mesmo que por dentro temesse sua reação.
Austros sorriu com a proposta, um sorriso sinistro que abalou o Duque deixando-o paralisado de medo. Austros era incompreensível.
— Você sabe que há poucas coisas neste mundo que um membro da realeza não pode ter… — de repente Austros veio com aquele ar ameaçador o rondando, o Duque podia jurar que via naquele sorriso as presas de um demônio. Estremecia a cada passo do infante e podia jurar que morreria ali apenas com os olhos do diabo o encarando. Quando Austros finalmente ficou a um passo dele, o Duque tentou encará-lo mas falhou.
— Foi aquele dragão que raptou a sua filha? — ele ouviu o príncipe dizer.
— S-sim.
— Então eu a trago com o dragão nas costas! — dito isso o infante se virou e saiu gargalhando pelo jardim.
Ivan sentiu as pernas cederem por um momento, iria cair se um de seus servos não o segurasse a tempo. Com o coração disparado e tremendo de medo, o Duque decidiu que passaria o resto da tarde repousando em seus aposentos.
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