Esse livro contém:
-Trisal
-Protagonismo bissexual
-Fantasia
-Despedidas dolorosas
-Banda emo nacional
-Dor e sofrimento
-Ambientação no litoral de SC
-Muita música
- Protagonismo neurodivergente
Aviso de Conteúdo:
Desmortos é um livro sobre morte, então morte - e as diversas formas como uma pessoa pode morrer - será um tema recorrente. O livro também traz assuntos como trauma, depressão, suicídio e abuso de substâncias. O livro é recomendado para leitores +16.
Carta aos leitores:
Oi. Como você está? Espero que esteja bem.
Desmortos é o livro mais pessoal que já escrevi, mas no começo, não era fácil entender o motivo. Escrevi a primeira versão em 2011, ciente de que eu não era normal. De que eu não era como as outras pessoas. Sabendo que tinha alguma coisa em mim que fazia eu me sentir alienígena. Diferente.
Esse sentimento, durante toda a minha vida, fez eu me sentir sozinha. Estranha, desconectada do mundo e das pessoas à minha volta. Aos poucos, me fechei em mim mesma. Passei por momentos de dor profunda e questionava o sentido da vida. Sem saber, escrevi um livro sobre pessoas que se encontram. Que finalmente se identificam, como se terrestres finalmente se encontrassem em outro planeta. A vida, então, finalmente fazendo sentido.
Em 2022 recebi meu diagnóstico de autismo e reescrevi Desmortos. Relendo o livro, finalmente me dei conta do que havia feito. Uma espécie de metáfora onde os desmortos e criaturas fantásticas são os neurodivergentes, se encontrando em um mundo mágico. A dificuldade em se relacionar com os vivos comuns e a facilidade de se comunicar com seus iguais. Tudo isso foi muito inconsciente, mas hoje, faz muito sentido.
Durante muito tempo, os personagens de Desmortos foram amigos para mim, onde podia me encontrar e usá-los para representar a mim, minhas dores, desejos e família encontrada. Espero que nessas poucas páginas, ele possam ser seus amigos também.
Se você, como eu, se identificar com algum deles, deixo aqui uma lista de informações que podem ser úteis. Dito isso, eu sei. Eu sei bem o sentimento de solidão que pode viver dentro da gente. Alguém já deve ter dito isso a você e você provavelmente não acreditou. Então vou falar de novo, pra ver se dessa vez pega: você não está só.
Contatos úteis:
TDAH não é modinha. Tá cada vez mais comum ser diagnosticado na vida adulta e adolescência. Os sintomas podem piorar à medida que crescemos e as demandas da vida se tornam mais intensas: https://tdah.org.br/
Lucas é autista, mas ainda não sabe disso. Eu não sabia disso quando o criei, portanto, resolvi deixar assim, sem a informação nesse livro. O site está em inglês, mas é um portal excelente com muita informação e testes que podem ajudar na busca por um diagnóstico formal. Você pode traduzi-lo através do navegador ou pedir ajuda: https://embrace-autism.com/
Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) oferecem tratamento psiquiátrico e psicológico gratuitos através do SUS. Você encontrará informações mais específicas no site da prefeitura de sua cidade.
Se estiver mal e precisar conversar com urgência, entre em contato com Centro de Valorização da Vida (CVV) onde um voluntário especializado ajudará. O número é 188 e você também pode acessar www.cvv.org.br e conversar via chat.
Em um momento do livro, a Lorena vomita alimento por ser uma zumbi. Caso isso engatilhe algum sentimento, acesse a Associação Brasileira de Transtornos Alimentares onde você encontrará orientação. https://astralbr.org/
Fique bem. Eu acredito em você.
Com amor,
Mary
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