No outro dia de manhã acordei com uma camiseta sendo lançada em minha direção -Acorda mangolão! Era Bernardo. Abri meus olhos e fui cegado pela claridade do dia, mal conseguia enxergar seu rosto. -Qual foi? Disse quase rouco e com sono ainda. -É segunda esqueceu? O pai tá te esperando lá embaixo pra tomar café, vamos sair todos juntos hoje. Respondeu ele levemente empolgado, Bernardo amava sair com a gente. Os dias que meu pai ia trabalhar cedo eram os favoritos dele, assim podíamos ir para escola juntos na SUV vermelha,a paixão dele. Meu irmão sempre amou aquele carro e implorava para meus pais deixarem ele o dirigir, o que era sempre negado. Afinal ele só tem catorze anos. - Já vou descer… Peraí, esta é minha camisa? Respondi, enquanto segurava o que havia sido jogado em mim, ignorado , Bernardo saiu correndo deixando a porta do meu quarto aberta. A qual tive que levantar e fechar, depois disso comecei a me trocar. Vesti a roupa passando a mão por aquele leve tecido de algodão. Por incrível que pareça, o uniforme da escola sempre me confortou, gosto de lembrar do meu primeiro dia de aula no sexto ano usando ele. Mas agora estava assustado com a ideia de estar no segundo ano do ensino médio, não, me assustava a ideia de não estar mais na escola. Faltava quatro meses para ir para o terceiro, logo me formaria. Nesses momentos desejava rodar, mas logo passava, imaginava tudo que ouviria dos meus pais se rodasse. Divaguei mais um pouco até perceber que já estava atrasado. Agarrei minha mochila e cadernos, os que deixei cair no chão pela madrugada. Saí correndo e pensando em como seria o dia de hoje. Ia ficar sozinho desenhando nos bancos da cantina como sempre? Ficar sozinho é rotineiro, bobo de mim pensar que este dia vai ser diferente.
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