Enquanto isso, no castelo, Malphas discutia seus planos com Kami e Puro Osso. As coisas não iam muito bem, o perimpimpim acabou e a única coisa que eles tinham para vender era o medo, ou você pagava pela proteção do Dragão Cinzento, ou perecia junto de sua família. Esse dinheiro era bom, mas não o suficiente para manter uma organização criminosa. O Chefe Touro, aproveitando sua fraqueza, começou a estender o território. Kami interrompeu o discurso de Malphas. Ela levou um pedaço de abacate até a boca dele e depois beijou sua testa.
— Meu senhor, você está muito tenso, descanse um pouco, vamos conseguir sair dessa crise — afirmou Kami.
— Querida — fazia anos que Puro Osso não ouvia ele dizer isso —, você não entende que nesse momento meus inimigos estão rindo de mim? Tenho o poder para transformar eles em cinzas, mas não consigo…
— É claro que consegue, você é Malphas Velano, quantos já não matou? Você destruiu uma favela em três minutos e colocou homens poderosos de joelhos! Por que não usar isso contra o Chefe Touro?
— Para de amolar meu pai, ele já está ficando velho… Além disso, não é uma vadia como você que vai tomar meu trono — gritou Puro Osso.
— Seu trono? — Disse Malphas com uma voz potente — Tudo o que você tem é meu… Eu criei o Dragão Cinzento, a reputação dessa organização é minha! As pessoas olham para o nosso símbolo e sentem medo, não da organização, mas de mim. Você é um pedaço de lixo! Até a mulher que se deita com você a noite foi trazida por mim. Aline Orestes foi apenas um pequeno espólio da minha última caça que nem me lembro mais das pessoas que matei. Sabia que um gordo de uma tonelada como você não conseguiria uma mulher, por isso forcei ela a se casar contigo, dizendo que a família dela estava viva e dependia desse casamento para continuar assim.
— Orestes? — sussurrou Kami se lembrando de quem se tratava esse sobrenome. Aline era a irmã de Thadeu! Ela não havia morrido, mas estava viva. Kami sentiu uma tremenda vontade de chorar, mas se segurou. Ela manteve seu personagem e tentou colocar mais lenha na fogueira beijando os lábios de Malphas.
— Vai deixar essa vadia comandar você como um cavalo manso? — gritou Puro Osso com sua voz de um menino mimado, mesmo tendo mais de 30 anos.
— O que você sugere, que eu deixe você beijar minha boca? — zombou Malphas — Eu só tenho um filho favorito, ela se chama Melina. Você é só um aborto que eu devia ter matado no berço, mas deixei vivo por curiosidade. O único motivo para você estar nessa sala é que você sabe algo muito importante que não gosto de saber sozinho, senão, já teria te matado há muito tempo. Me arrependo de não ter revelado a Melina esse segredo, preferi deixar aos cuidados do meu filho mais velho, se arrependimento matasse, já estaria morto! Sai da minha sala e não volte a chamar Kami de vadia, ou o meu segredo passará para ela e sua cabeça será pendurada num graveto.
Kami achou finalmente o que buscava. Ela saiu da sala, com a desculpa que deixaria o pai lidar com o filho e foi se comunicar com Thadeu, mas não encontrou resposta. Kami pegou suas coisas, tirou a magia que disfarçava seu rosto. Agora não precisava mais, uma vez que o portador do segredo só poderia ser o Puro Osso. Kami se dirigiu a casa de Angélica e procurou por Thadeu, mas não o encontrou. Angélica, sorrindo, contou toda verdade sobre ele e a Melina. Kami não conseguiu compreender o motivo dele estar ensinando a filha do inimigo a controlar os seus poderes. Quando chegou, Kami revelou toda verdade sobre Aline e o segredo de Puro Osso. Thadeu chorou. A notícia de sua irmã e o segredo que poderia levar à fraqueza de Malphas foi a melhor coisa que ele ouviu naquela noite.
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