N.T: 野性のENERGY(Yasei no Energy, Energia selvagem)
O som do vidro se quebrando ecoou pela sala e seus cacos se espalharam pelo chão. Adonis e Miyu olharam para o ocorrido, ele mais assustado, ela mais apreensiva.
— OLHA O QUE VOCÊ FEZ! — Miyu não tardou em acusar o rapaz
— EU NÃO FIZ NADA! — Adonis tratou de se defender rapidamente. Os dois se encaravam e discutiam sem perceber que a professora entrava no laboratório. Com apreensão, ela observou os dois e perguntou com voz firme e séria:
— O que houve aqui?
Os adolescentes cessaram a discussão naquele momento e olharam para Mira e começaram a se explicar ao mesmo tempo.
— Professora, foi o… — -começou Miyu.
— Ah! Desculpa…— foi dizendo Adonis
— Nem quero saber das desculpas, vão direto pra diretoria. - disse a professora Mira, cortando o lamento de ambos.
Adonis e Miyu saíram juntos em direção à sala da diretora. Ele estava apreensivo com o que aconteceria; já ela, de cabeça baixa, não conseguia acreditar que o rapaz a havia colocado naquela situação.
Centro da Cidade, 12h20m
Após as aulas, o jovem Adonis caminhou cerca de 40 minutos, atravessando o centro em direção à Videolocadora em que seu amigo trabalhava. Chegando ao local, empurrou a pesada porta de vidro e entrou no local.
Naquele horário não era comum ter muito movimento, Dylan e Itzel estavam conversando no caixa tranquilamente e perceberam rápido a chegada do rapaz.
— Adonis! Bem vindo! Veio alugar um filme? - perguntou Itzel sorridente.
— É… na real não… - Adonis responde reticente. O rapaz juntou as mãos e faz cara de arrependido e começa a falar com Itzel, sua voz mostrava sua apreensão e preocupação:
— Eu quebrei um vidro do laboratório da escola! Daí eu preciso que o responsável assine um bilhete. E… eu não queria mostrar pro Koa.
— Entendo! Assino sim! - responde Itzel achando graça da preocupação do garoto.
— Bah cara, que bom! Sabia que cê ia me ajudar! Tem mais uma coisa… Me empresta dinheiro pra eu comprar outro vidro desses? - diz Adonis, mas desta vez com uma voz confiante por não ter levado bronca.
— -Mano… que folga!- disse Dylan ao fundo.
As palavras do jovem ruivo fizeram Itzel arregalar os olhos, a surpresa e o nervosismo claramente estavam estampados em seu rosto. Ele não era muito bom em demonstrar emoções como raiva, então sua cara de choque já era suficiente para saber que ele não havia gostado nada do pedido do menino.
— Adonis… acho que está na hora de você aprender sobre a importância do trabalho. Meu dinheiro não vem do nada. - ele encarava fundo nos olhos do garoto.
— Des… desculpa… mas o Koa não trabalha, né! Não dá de pedir pra ele! - disse o ruivo, que não estava acostumado a ouvir Itzel falando daquela forma, e demonstrou o seu espanto com sua expressão corporal e seu tom de voz gritado e trêmulo.
— Eu e Maureen trabalhamos durante o dia. Koa trabalha à noite. - Itzel explicou num tom seco, enquanto continuava a encará-lo.
— Eu achei que o Koa saía de noite pra namorar. - Adonis rebateu.
— Não… essa é a Maureen. - responde Itzel cruzando os braços.
— Sim. - Dylan concorda rapidamente.
Ao escutar seu amigo concordar, Itzel lança um olhar gélido para ele, parecia que ele havia entendido o que o outro queria dizer.
— Ah… quer dizer… não sei! - Dylan responde sem graça, não sabia onde enfiar a cara depois da bola fora que tinha dado. Para disfarçar a bobagem que tinha falado, Dylan finge que se recompõe e olha amigavelmente para Adonis, fazendo uma proposta.
— Mudando de assunto! Eu tô na minha folga. Adonis, né? Posso te levar para conhecer um lugar. O gerente da sorveteria é meu amigo, quem sabe dá liga!
— Ah, certo! Vamos então! - Adonis concordou sem notar a situação que havia acabado de acontecer.
“Socorro… eu vou ter que trabalhar!?”, o questionamento começou a aparecer na cabeça do adolescente.
Dia 24 de março, apartamento de Itzel, meio dia.
Itzel estava tranquilo aproveitando seu almoço. Seus amigos costumavam comer fora e ele aproveitava esse momento para ficar sozinho e testar as receitas que conhecia conversando com os clientes da locadora. Neste dia ele estava saboreando um bom bife acebolado que parecia saboroso. Mas sua paz durou pouco tempo. alguém começou repetidamente apertar no interfone do apartamento.
“Que… insistente…”, Itzel pensou. Como não parecia haver muita escolha ele se levantou e atendeu
— Quem? - perguntou
— Itzel, sou eu, precisamos conversar. - respondeu uma voz firme e grave.
— Já vou descer. - Ele então deixou sua comida para depois, parecia haver urgência naquela voz. Desceu o elevador, seguiu até a parte externa do prédio e viu um homem de pele mais escura e cabelos brancos esperando e observando o local.
— E aí, Koa! Tá tudo bem? - perguntou demonstrando uma leve tensão.
— Bem? Lady Ayami me chamou, está impaciente. - disse Koa enquanto se virava e encarava seu colega.
— Mas por quê? Está tudo bem tranquilo e sob controle. Estou cuidando de tudo. - disse Itzel sem entender.
— Você acha que é tranquilidade que ela quer? Não está tendo ataques, as Potentia de Utopia estão por aí. - Koa começa a ficar incomodado com a passividade do colega. — Você está no reconhecimento. Maureen no ataque. Adonis deveria localizar as Potentia. Me colocaram para apoiar vocês. Mas se não se mexerem, o que farei!?
— Mas… Maureen se machucou na última batalha… - disse o homem de cabelos ciano tentando se defender.
Koa se aproxima do rosto de Itzel e o encara bem de perto, colocando a mão na parede de vidro atrás dele, deixando-o sem poder sair.
— Você chama aquele arranhão no rosto de ferimento? Diga isso para Lady Ayami e veja se ela irá se importar. É importante que alguém se mexa, e rápido! - Após dizer essas palavras, Koa se afasta um pouco de Itzel e continua.
— E quer saber? Eu também cansei. Não vim para esse lugar para ser babá de adolescente. - O homem alto e moreno começou a andar em direção ao colégio, parecendo bastante incomodado.
— Koa… o que vai fazer?, - pergunta Itzel preocupado.
— Vou me mexer.
Itzel sabe que não há muito o que fazer quando Koa fica incomodado e o deixa partir, preocupado com o que poderia acontecer adiante.
Em cerca de vinte minutos Koa chega até a escola, mas decide continuar caminhando, por saber que teriam a idade aproximada de Adonis, era bem provável que nenhuma delas estivesse tendo aula naquele horário. Além disso, ele vê estudantes mais velhos caminhando mais adiante e também uma boa quantidade de civis.
“Só ficar andando não vai ajudar tanto”, ele pensou.
Até o momento, as ações feitas nas áreas comerciais haviam funcionado para chamar a atenção das jovens Potentia e Koa pensou que provavelmente essa seria a melhor forma de chamar a atenção, caso alguma estivesse por perto. O homem então começou a utilizar sua mão, que emitia um poder que começou a causar um leve tremor de terra na avenida adiante. Ele concentrou seu poder em um carro que estava parado. Rapidamente rachaduras começaram a aparecer no concreto, elas foram aumentando e crescendo, até que a estrada se rachou e afundou, criando uma cratera grande o suficiente para fazer afundar metade do carro.
A população rapidamente ficou alarmada e começou a gritar sobre o ocorrido e se perguntar se o motorista havia se machucado. Bem próximo dali, um grupo de três estudantes do colégio M, que estava catando caixas de papelão para a gincana escolar, conversa:
— O que aconteceu? - pergunta a primeira.
— Eu não tô loca, né! Tremeu tudo, vocês sentiram? - disse a outra.
— Sim, tremeu! Vocês estão se sentindo bem? - pergunta Naoko.
Ao fundo surge correndo mais uma das meninas, acenando e chamando a todas para contar o que havia visto;
— Meninas!!!!! Cês não vão acreditar! Abriu um buraco no meio da estrada e engoliu um carro!
— Quê!? A manutenção das estradas tá pior que nunca! Não é a toa que falam que aqui tem estrutura lunar.
Enquanto elas discutiam sobre o ocorrido e sobre a qualidade do asfalto da cidade, Naoko se deu conta de que aquela informação era muito absurda e que com certeza não teria como ser apenas uma falha na manutenção das estradas. Ela decide tomar a frente e ir até o lugar do acidente.
— Meninas! Eu vou lá ver o que é. - ela informa.
— Mas Naoko, deve estar perigoso! - responde uma de suas colegas de sala.
— Ah, eu tô… curiosa! - ela responde com a primeira coisa que lhe passou pela cabeça, dada a urgência da situação. Enquanto ela parte, suas amigas ficam observando sua atitude confusa e começam a julgar.
— A Naoko é toda certinha, mas… - uma começou
— Às vezes parece que falta um parafuso, né! - a outra completou
— Oh! Se falta! - confirmou a última.
O local era muito próximo de onde estavam, mas ficou difícil ver exatamente a situação. A rua estava já cheia de curiosos que mais e mais se aglomeravam e começavam a teorizar sobre o acidente. Alguns já estavam ajudando o motorista a sair do carro com segurança. Uns culpavam as minas clandestinas de carvão que foram feitas no passado naquela região. Outros culpavam a atual gestão da prefeitura pelos danos causados. Com tantas conversas paralelas parecia quase impossível encontrar qualquer pista real.
No entanto, novamente o chão começou a tremer, com um pouco menos de intensidade de antes, mas ainda sim era possível sentir claramente. A população comum começou a se apavorar, gritar sobre o tremor, fazer escândalo achando que iriam morrer, mas ninguém realmente se afastava do local.
Naoko observou procurando por qualquer pista que pudesse encontrar. Foi quando seus olhos fixaram em um homem alto, moreno, que, no meio de toda aquela loucura, estava em uma posição firme e calma, como se tivesse controle de toda a situação. Ela percebeu que sua mão estava levantada e que a energia que fazia a terra tremer saía dela.
“De certeza, é esse homem no meio dos civis… Não posso fazer nada sem cuidado, senão vou machucar muita gente.”, pensou Naoko enquanto rapidamente criava uma estratégia em sua mente. Ela formou uma bolha de água e a fez se movimentar até Koa, fazendo estourar na bochecha dele e chamando a atenção dele. Koa se surpreende ao ver a jovem colegial e logo compreende que ela o está chamando para se enfrentarem longe dos civis. Os dois correm entre as pessoas, causando curiosidade e ainda mais rumores.
— Gente! Foi uma criminosa? - um dos civis perguntou.
— O cara indo atrás dela… - diz o outro.
— Será briga de casal? - outro começa a inventar.
— Será que ela traiu ele? - outro entra na onda e começa a inventar histórias junto.
Naoko se afasta mais rápido das pessoas e começa a correr na direção de um terreno baldio afastado. O pequeno lote possuía poucas partes gramadas, sendo a maior parte de terra batida. Era um ambiente bastante aberto, que não possibilitaria ao seu oponente fugir ou se esconder.
Koa a segue, mas ela vai se afastando cada vez mais. É então que ele para onde está e ergue sua mão, começando a controlar a terra do terreno por onde Naoko passava. A garota, que não havia visto o poder dele funcionando anteriormente, foi pega de surpresa com o chão se abrindo sobre os seus pés. Ela acabou caindo de mal jeito dentro do buraco, causando arranhões e machucados.
“Que… Droga… Um buraco do nada… Me machuquei, tá doendo…”, reclamava mentalmente.
O homem se aproximou dela caminhando e parou bastante próximo.
— Já estamos bem longe da população, não tem porque correr tanto. - disse ele olhando ela de cima, seu tom de voz sugeria que ele estava ali para lutar ou tirar informações, era confiante e firme.
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