Capítulo 3 | VECATRON
— Senhores, podem entrar! — disse o assistente, abrindo a porta com um gesto firme.
Alu, Gusta, Ayzen e Yuto se preparavam no pequeno vestiário, trocando suas roupas para a próxima missão. Ayzen, sentado em um banco, puxava os cadarços do tênis com rapidez, enquanto murmurava:
— Foi pura sorte, certeza! Se minha rajada tivesse pegado em cheio nele...
— Sorte? Que nada! — respondeu Gusta, com um sorriso, enquanto remexia em seu armário. — Você voou igual um patinho perdido.
Yuto, ajustando o cinto do uniforme, soltou uma risada irônica.
— E depois desmaiou igual uma lesma, hahaha!
Ayzen se levantou de repente, o rosto se contorcendo em raiva. Ficou cara a cara com Yuto, o ar entre eles parecendo vibrar de tensão.
— Cala a boca, tá querendo apanhar?
Yuto cruzou os braços, agora com uma expressão séria.
— Igual você perdeu pro Rey?
Num piscar de olhos, a mão direita de Ayzen começou a brilhar com energia elétrica, enquanto Yuto levantava o punho, envolto em uma magia escura e pulsante. O ar no vestiário parecia mais pesado, e a temperatura subia.
Antes que algo acontecesse, Alu e Gusta intervieram. Alu segurou Ayzen pelas costas, enquanto Gusta se colocou entre os dois, braços abertos.
— Vocês parecem duas crianças brigando por doce.
— Crianças? — Alu disse, segurando firmemente Ayzen. — São dois bêbados discutindo porque um apanhou e o outro não sabe bater!
— Olha quem fala! — retrucou Yuto, com um olhar desafiador. — O novato tá querendo apanhar?
Alu soltou Ayzen e se aproximou de Gusta e Yuto, encarando-os com firmeza. Enquanto Ayzen tentava puxá-lo para trás pela camisa, Alu disse com um sorriso provocador:
— Você também é novato, Yuto. Quer brigar no primeiro dia? Ou prefere seguir o exemplo de certos... hum, indivíduos que já apanharam por aqui?
— Oh que cara safado! — disse Ayzen, envolvendo Alu num mata-leão, mas de brincadeira.
Alu, sem perder tempo, se desvencilhou e aplicou outro mata-leão em Ayzen. O vestiário virou uma bagunça, com Gusta e Yuto pulando e gritando em cima de um banco.
— BRIGA! BRIGA! BRIGA! — gritavam em coro, incentivando a "luta".
— Aposto 5 reais que o Ayzen ganha! — exclamou Gusta, rindo.
— Eu aposto 10 no Alu! — retrucou Yuto, com um sorriso largo.
De repente, alguém bateu na porta com força.
— Vamos! Estamos atrasados! — veio a voz firme do outro lado.
O assistente entrou no vestiário e parou, surpreso com a cena: Alu e Ayzen rolando no chão, Yuto em cima de uma cadeira, e Gusta sem camisa, rindo. O assistente levou a mão à testa, claramente frustrado.
— Andem logo! — ordenou, balançando a cabeça em desaprovação.
Alu e os outros rapidamente se vestiram, pegaram seus equipamentos e seguiram os assistentes pelos corredores.
À medida que o grupo se aproximava da sala dos portais de teletransporte, Kay, o líder da missão, apareceu na entrada, seus olhos brilhando por trás dos óculos. Ele parecia calmo, mas havia algo na postura dele que deixava todos em alerta.
— Bom dia a todos! Espero que estejam prontos — disse Kay, com um tom autoritário. — Antes de começarmos, preciso esclarecer algumas coisas.
Gusta levantou a mão imediatamente, impaciente.
— Tenho uma dúvida!
Kay ajustou os óculos, olhando diretamente para ele.
— Qual é a sua dúvida, Gusta?
— Cadê os outros?
Kay sorriu de canto de boca, como se já esperasse essa pergunta.
— Eles estão com o Rey em outra sala de portais. Vão para o reino. Já vocês... vocês vão para a cidade.
O tom sério de Kay fez o grupo ficar em silêncio. Ele continuou:
— Vou pedir três coisas a todos: Primeiro, não usem magia a menos que seja absolutamente necessário. Segundo, escolham uma arma que possam manejar com habilidade. Terceiro... sobrevivam.
O silêncio que seguiu foi interrompido apenas pelo som de respirações tensas. Ayzen, com a curiosidade queimando em seus olhos, perguntou:
— Como assim, "sobrevivam"?
Kay colocou uma das mãos no bolso, ajustando os óculos novamente com a outra. Sua voz estava fria e direta.
— Essa é uma das cidades mais perigosas que já existiu. Abandonada, infestada de mercenários e cheia de ameaças invisíveis. Sejam espertos. Vamos logo, o tempo está correndo.
Alu, Ayzen, Gusta e Yuto engoliram em seco enquanto os portais brilhavam à frente deles. Pesquisadores se aproximaram, entregando a cada um uma mala.
— Não abram até estarem lá — disse um dos pesquisadores, sua voz baixa, quase como um aviso.
Com os corações acelerados, o grupo passou pelo portal, o destino desconhecido os esperando do outro lado.
Comments (0)
See all