FUYUKI HUN - REINO DE NEBULOUS
“Onde eu estava antes… Eu ainda sei quem eu sou, certo?” ― Várias questões vieram à tona em minha mente, mas eu não conseguia responder naquele momento, eu sequer conseguia sentir algo. ― “Quem eu sou?”
Havia algo ali que não conseguia descrever. Eu não consigo ver. Novamente uma sensação de desespero tomou meu corpo. Era como se uma memória voltasse à tona como um turbilhão de emoções.
É aquele sonho de novo…?
― Fuyuki, por que você continua aí? ― Um voz doce me chamou enquanto eu estava boiando, me tirando completamente do transe.
A menininha de pele morena e vestido branco rodado, acenava freneticamente para mim. Seu rosto me era muito familiar, mas eu ainda não conseguia me lembrar quem ela era. Seus olhos eram tão ingênuos naquele momento que fez meu coração aquecer, ainda que eu estivesse encharcado. Ao seu lado havia alguém. Uma sombra?
― Fuyuki… Esse é o meu nome? ― Perguntei a ela, que apenas sorriu e me ajudou a levantar.
― Você não pode ficar brincando aqui quando vovó não estiver, tá bem? Você pode pegar um resfriado!
A menina me deu a mãozinha e me levou mais longe dali. Ela realmente parecia preocupada. Se sentou brincando com as próprias mãozinhas e voltou a me olhar:
― A vovó e aquele homem me dão medo… ― Sua face parecia triste novamente. ― Eu não vou viver por muito tempo. Eu estou com medo, Fuyuki.
As coisas pareciam confusas, mas eu conheço aquela garotinha. Aquela expressão me era familiar. Aquela cena me fez sentir em um déjà-vu. Ela apenas se levantou, e não disse mais nada. Voltou a caminhar na esperança que eu a seguisse. O lugar foi escurecendo, se tornando cada vez mais cinzas e escuro.
― Você não se lembra, não é mesmo?
― Não me lembro…? O que exatamente eu deveria lembrar?
― Você não faz ideia do que ela fez com a gente?
Eu a segui silenciosamente por mais alguns metros até ela parar e apontar para cima. No primeiro momento, desconfiei que algo estava errado. O rosto da pequena estava triste e lágrimas desciam de seus olhos. Assim que olhei para cima, percebi um cadáver preso a uma corda.
Meus olhos escureceram como uma cortina, meu coração batia descontroladamente o que fez o som do medo ecoar em meus ouvidos, e em seguida uma surdez. Aquela memória me agarrava com uma sombra e a voz da menina sussurrava novamente em meus ouvidos: “Você precisa saber…”
Minha respiração, rápida e alta, atropelava meus pensamentos junto a ansiedade, enquanto meus pensamentos tumultuavam minha mente em uma enxurrada de perguntas. Havia uma tempestade acontecendo dentro de mim e eu não conseguia controlar. A imagem da pequena veio à minha mente e eu pude ver claramente. A menina me olhou chorosa e distante de mim. Eu sei quem ela é: Heina é minha falecida irmã.
― HEINA!! ― Gritei com todas as forças que ainda me restavam.
Mesmo que eu tentasse me levantar para ir a seu encontro, várias criaturas rastejantes tomavam meu corpo me agarrando e me puxando cada vez mais para baixo, me sufocando em minhas lamentações.
Ao seu lado, a sombra se materializou, em seus pés havia várias serpentes. Sua aura emanava um sentimento ainda pior, alimentando um medo crescente em meu corpo ― que tremulava a cada segundo que passava ali. Suas palavras soaram tenebrosas que envolviam um eco constante em uma língua na qual eu não conseguia decifrar.
Por algum motivo, aquela criatura tomou a forma da minha aparência, se não fosse por suas feições peculiares em seu corpo eu julgaria ser um clone meu. Seu sorriso se enlargueceu, satisfeito pelo meu desespero quando ele me mandou mais uma vez para o fundo.
Eu estava louco.
Novamente, eu estava cada vez mais fundo e mais fundo naquele lugar. A escuridão já não me assustava, apenas me engolia, retirando qualquer traço de esperança que pudesse haver em mim.
Eu não sei quem sou, ou por quais pecado estava pagando, mas o silêncio que penetrava em minha mente já me faziam duvidar de qual plano de espírito eu estava.
Eu apenas implorava pela morte.
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