Mikel estava bem sério ainda, mas ficou ao meu lado durante o caminho até as mesas que elas haviam locado. Elas arrumaram a mesa, conversando sobre algo da qual Mikel e eu não entendemos. Ficamos um pouco por fora até a hora das sobremesas chegarem.
― Sorvete de limão duplo para o Fuyuki e uma porção gigante de bolinhos de chuva caramelizados! ― Mya colocou as porções no meio da mesa para que nós nos sirvamos.
― Hum! Isso é muito bom, Mya!
― Ouw! Deixa pra mim também!
Mya e as outras pareciam bem à vontade em conversar, e de certa forma, eu também estava. Mikel não parecia tão confortável já que estava perdido em seus pensamentos algumas vezes. Ele estava agindo de forma estranha desde cedo, e isso estava me deixando preocupado.
― Ei… ― O chamei tirando de seus pensamentos mais uma vez. ― Você está sério de novo. Está tudo bem mesmo?
Seu rosto despertou no mesmo instante em que o perguntei. Algo realmente não parecia certo, mas ele custou a me responder.
― Está tudo bem. Desculpe por te deixar preocupado… ― Mikel sorriu carinhosamente pegando minha mão de forma sorrateira.
Isso era terrivelmente bom, mas eu era óbvio demais, mesmo que tentasse disfarçar.
― Estou feliz por estar aqui com você.
― Também estou feliz… ― Ele completou apertando um pouco minha mão.
Aquela sensação me fez sentir feliz; por poucos segundos esqueci completamente que havia pessoas aos arredores. O problema é que as pessoas aos arredores pareciam bem interessadas em nós.
― Eu não disse?! Toda essa trama e esse amor meloso! Mikel é seme e o Yuki é o uke! ― Mya berrou convicta enquanto apontava para nós.
― Como esperado da nossa expert! ― As outras concordaram e começaram um alvoroço dizendo coisas sem sentido.
Mikel e eu continuamos nos encarando sem saber o que estava acontecendo. Quando se acalmaram um pouco, decidi intervir no assunto.
― Desculpem, mas estou confuso. Do que vocês estão falando?
― É simples! Apenas estamos discutindo quais as suas posições sexuais na relação. E você é o passivo! Vocês terão filhos lindos juntos! ― Anna parecia ainda mais convicta do que Mya, que apenas ouvia o que a menina falava.
O jeito que ela havia respondido foi totalmente sem vergonha e havia nos pegado de surpresa daquela hora. Meu rosto estava queimando de vergonha, enquanto Mikel encarava Mya de forma raivosa.
Shizuka pigarreou um pouco sem graça, tentando acalmar a afobação das meninas.
― Bom… Acho que a Mya não explicou direito sobre a gente. Temos um hobbie bem peculiar que é ver garotos se relacionando, sabe? Mesmo sendo amigos. Espero que não se sintam constrangidos.
― Na verdade, não é só isso, né, Shizuka? ― Elua se manifestou pegando algo na bolsa e colocando na mesa. ― Queríamos completar o número de jogadores no tabuleiro e a Mya disse que nos ajudaria com mais pessoas.
Shizuka concordou, e nós ficamos um pouco aliviados depois das explicações. Não pude negar que era um pouco estranho, mas de certa forma era um tanto divertido estar com elas ali.
― Mya, achei que tinha contado a eles! ― Anna pontuou e a outra riu.
― E perder a graça de ver a reação deles? Nem pensar! ― Ela riu novamente jogando beijinhos para nós.
― Que bela amiga você é! ― Mikel ironizou, mas não pareceu nem um pouco surpreso. ― Estamos acostumados com a Mya, então não tem problema.
Concordei e as meninas pareciam bem determinadas ao mostrar o jogo.
― Nós seremos boazinhas com vocês no tabuleiro.
Pela expressão de Elua, ela parecia realmente familiarizada com aquilo.
Durante o jogo, nos divertimos muito. Era como se todo aquele peso da minha vida tivesse sumido em questão de segundos, e minha alma estivesse limpa de toda aquela sujeira. Em tantos anos nunca havia me sentido tão vivo como naquela hora.
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