Valentina despertou com o som de panelas batendo e xingamentos.
Ao erguer seu torso, percebeu que estava em uma cama em um quarto pequeno. “Uma hospedaria” pensou. Ao olhar para o lado, viu uma outra cama, vazia e desarrumada. Se levantou e viu a sacola de Gabriel derrubada próximo a cama. “Será que fomos levados para uma prisão bem rica pelo Humberto?” hipotetizou. A porta se abriu com força e Gabriel entrou no quarto estático. Momentos depois, ele pulou nela e a abraçou chorando.
-Que bom que você está bem - disse entre lágrimas - O médico disse que a chance de você se recuperar era baixíssima!
-Médico? - perguntou Valentina - Que médico?
-Ah tá, tenho que te contar o que aconteceu. Eu derrotei o Humberto Der Gan usando os Selos da Serpente. Alias, consegui acionar o Terceiro Selo! Enfim, em seguida, peguei-te, já que estava desmaiada, e levei pra carroça do César, e contei uma lorota qualquer que ele acreditou e seguimos para Sintra. Chegando aqui, rapidamente fui atrás do homem que dissestes ter dado o quarto para nós. Ainda bem que ele esperava por nós na frente dessa hospedaria.
-Viu o Emanuel?
-Uhum. Ele rapidamente pediu para um médico daqui pra cuidar de tu, e ele me contou que você só aguentaria três dias. Esse é o segundo e veja! Já acordou!
-Sou dura na queda.
-Muito dura!
Os dois riram.
-Enfim, - afirmou Valentina - já estou bem melhor. O que acha de sairmos para beber?
-Boa! - foi até sua sacola e pegou 5 moedas de prata.
Saindo da hospedaria (era um prédio com 10 metros de altura e 30 de largura, pintado de verde e várias janelas quadradas), foram a um bar localizado numa esquina. Sintra não era muito movimentada, o que preocupou um pouco Gabriel. “Se tiver um Inquisidor aqui, ele poderá nos reconhecer facilmente” pensou.
Abriram a porta de madeira do bar e o adentraram. Várias mesas espalhadas pelo grande salão, se encontravam cheias de homens e mulheres bêbados e conversando alto, e do lado direito, um balcão de madeira polida. Atrás dela, um homem com covinhas no queixo e careca estava sentado com um cão.
-Bom dia, senhores - cumprimentou enquanto se levantava da cadeira - Vão querer o quê?
-Vinho - pediu Valentina.
-Ok.
Rapidamente ele serviu vinho para os dois, que sentaram-se numa mesa de frente para o balcão.
-A partir de amanhã vamos recomeçar seu treinamento - declarou a mulher.
-Por quê? - indagou irritado o garoto.
-Como eu já te contei, a Marca da Serpente renova seu estoque de magia em +150%. Porém, há os Sete Selos da Serpente, que são como mini-Marcas da Serpentes. O primeiro aumenta seu estoque em 10%, o segundo em 20%, o terceiro em 30% e assim em diante, até chegar ao Sétimo, que dá 70% a mais de magia.
-E cada um deles só é acionado em batalha, e por causa do fato de eu ter acionado o Terceiro Selo, eu tenho que aprender a controlá-lo para o manipular de forma correta - completou o aprendiz, bebendo um gole de seu vinho.
Naquele momento, um homem usando uma capa com capuz preto entrou no bar acompanhado de dois capangas negros, que trancaram a porta.
-Somos assassinos do “Leopardo Carnívoro”! Ninguém se mexe!
Todos gritaram ou se abaixaram com os braços pra cima. Com exceção de quatro homens que estavam sentados em uma mesa do lado da porta.
-Ei, vós não tens medo de morrer? - ameaçou um dos capangas com um punhal na mão.
Um dos homens riu e ficou de pé. Um metro e oitenta e cinco, músculos que se destacavam na roupa, cabelo castanho bagunçado e olhos intimidadores. Com grande velocidade, o gigante sacou um extenso pedaço de madeira que enfiou no meio do rosto do capanga, que caiu com o rosto detonado.
Um outro homem (um metro e setenta e cinco, cabelo loiro e olhos verdes) se jogou no chão e sacando o punhal, deu uma cambalhota e derrubou o outro capanga, enfiando a arma em seu peito.
-Racistas! - disse o encapuzado, pegando uma grossa espada adornada com bijuterias.
-Jonas, - chamou um dos homens que se mantinha sentado. Cabelo negro grande em forma de degradê e não usava camisa, mostrando seus músculos do tronco - posso acabar com esse idiota?
-Sim - confirmou o de cabelo castanho.
O homem do degradê se pôs de pé, e cantou igual um pássaro uma melodia. Em seguida, dois falcões quebraram o teto de madeira do local e atacaram o encapuzado, que morreu de tantas bicadas e outros ataques que as aves faziam. Com o fim do trabalho, os animais saíram.
-Ai meu Deus! - proclamou uma mulher que ficou debaixo de uma das mesas durante a luta - São os Aventureiros do Sobreiro da Guilda!
Todos bateram palmas para eles, e Valentina comentou:
-Tive uma ideia.
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