O dia estava bonito demais, provavelmente por ser manhã. A Vales resolveu dar um passeio pela cidade, claro, acompanhada de seu pupilo. Ela gostava da presença dele, tanto que para onde ia, independente de onde fosse, o levava junto.
Umas oito horas, o dueto saiu da casa em direção ao Terreiro do Paço, onde ficava localizado o castelo real. Iam conversando sobre várias coisas e de forma animada.
Chegando ao Terreiro, avistaram um Inquisidor Assassino rondando a área. Ao vê-los, o tal andou em direção deles. Cabelo encaracolado, alvo como a neve, musculoso e a genérica armadura imponente com a cruz da Ordem do Santo Ofício e nas costas, um grande machado e na cintura, dois machados um pouco menores. Quando estava a cinco metros da dupla, desembainhou o machado grande e declarou:
-Sou Minos Genmistís, integrante do Décimo Quinto Esquadrão de Inquisidores Assassinos de Portugal e vim aqui com um mandado de prisão! Caso se recusem a me acompanhar, optarei pela força!
-A segunda opção é mais interessante - brincou Valentina.
Minos bufou e movimentando seu machado, e afirmou:
-Magia de Manipulação Metálica! - os machados menores voaram na direção da dupla, que se separaram, e uma das armas foi na direção de Valentina, e o outro, perseguiu Gabriel.
-Mas o que é isso?? - perguntou irritado o menino, que não conseguia despistar a ferramenta.
-Eu não faço a mínima noção de ideia de que material é feito isso - revelou a feiticeira.
-Hahah, eu estou na vantagem - alegou o Inquisidor.
“Pelo nome, ele é grego. Então o material que é feito esses objetos devem ter sua origem de lá… Espera aí!” pensou a Vales, abrindo um sorriso. Ela rapidamente pegou seu colar de ferro e jogou na direção de Minos, e o utensílio foi atrás.
-Maldita! Como descobriu! - gritou o grego, desviando.
-Biel, jogue tudo que é de ferro para longe.
-Por quê? - quis saber o moleque, desentendido.
-Esses apetrechos são feitos de magnetita, um minério oriundo da Grécia que pode atrair objetos de ferro.
-Esse cara é grego? Isso explica o nome!
Gabriel jogou alguns dados e um bracelete de ferro, fazendo com que o machado parasse de segui-lo.
-Parece que subestimei demais vocês - comentou o helênico.
-Uhum - zombou o menor.
-Magia de Manipulação Metálica - Manipulação do Ferro!
Duas facas com lâminas de ferro de 15 cm cada, saíram de dentro das botas dele e avançaram contra o dueto.
-Fraco demais! - censurou a moça - Correntes de Aprisionamento!
Cinco correntes mágicas emanaram das costas de Valentina e avançaram contra as facas, no entanto, as adagas as cortaram e se não tivesse desviado, a Vales teria recebido um golpe fatal na cabeça.
-Não esqueça que essas facas estão sendo controladas pela minha mana - avisou Minos.
-Silêncio! - gritou Gabriel, tentando dar um chute no pescoço do grego, porém, este limitou-se a agachar-se e em seguida, dar um giro e socar com força a barriga do portuguesinho, que sangrou pela boca enquanto voava e pousava violentamente no chão há cinco metros de distância do lutador.
-Qual é a desse Inquisidor? - pensou alto a feiticeira.
Pelo minhas pesquisas, os avós de Minos Genmístis, eram de origem grega, e haviam fugido da Grécia quando os turcos conquistaram o Despotado da Moreia em 1460. O avô era um estudioso e veio para a Europa, onde tornou-se um trovador e inspirou vários poetas e escritores com suas anedotas e conhecimentos. O filho deles tornou-se artesão e contava para o filho (que como deves ter deduzido é Minos) as lendas gregas, e inspirado pelas histórias dos semideuses, resolveu tornar-se cavaleiro. Juntou-se às tropas que foram enviadas ao Marrocos com o intuito de guerrear contra Mulei Maluco, e sua última batalha foi a tão frustrante Batalha de Alcácer-Quibir, onde o rei D. Sebastião foi morto.
Minos era um bruxo do metal, ou seja, utilizava a mana do ambiente e os utilizava em objetos metálicos, e seu posto era de tenente do esquadrão de Lucius Graccio. Levava consigo o codinome “Minos, O Ferreiro de Deus”.
-Não tem como me vencerem! - afirmou enquanto ria o bruxo - Ainda bem que aquele tal Alonso, um negro ex-servo da senhora, contou tudo acerca de vós! Graças a eles, o destino de vocês já está selado!
-Cala… a boca! - retrucou Gabriel, se levantando. Suas costas emanavam uma luz roxa sombria - Eu prometi que iria proteger todos que amo, e não vou deixar que faça mal algum a Valentina. Não quero que ela tenha o mesmo fim que meus pais: a morte.
-O que é isso?
-Não sei se te contaram, mas sou um feiticeiro de Samael. A minha magia tem como fonte o próprio demônio. Mas quando eu gasto uma certa quantidade de magia, é acionada em mim a Marca da Serpente, que faz com que uma quantidade ilimitada de magia me encha.
Com uma velocidade sobre humana, o garoto dá um soco três vezes mais forte do que o que o Inquisidor deu nele, fazendo-o voar e cair há 10 metros de distância. Após conseguir se reerguer, o Genmístis recebeu um golpe fatal no peito vindo de uma lança roxa mágica.
-Não quero que morra aos poucos - afirmou Gabriel - Quero que sinta o máximo de dor possível até que seu corpo EXPLODIR!
Então o jovem se aproximou e começou a dar vários socos no homem, cerca de 1000 por segundo. Valentina estava surpresa. Já fazia muito tempo desde que Biel não usava a Marca, e ele havia melhorado muito desde a última vez. Após cinco segundos, o corpo explodiu, e uma chuva de sangue precipitou-se no garoto, que olhava para o horizonte com o olhar fixo.
Despotado da Moreia: localizava-se na Península do Peloponeso (Grécia), e fazia parte do Império Bizantino e era uma província bizantina.
Mulei Maluco: sultão de Marrocos que lutou na famosa Batalha de Alcácer-Quibir, onde morreu combatendo as tropas portuguesas de D. Sebastião e seu sobrinho Mulei Mohammed.
Batalha de Alcácer-Quibir: batalha travada pelos exércitos de Mulei Maluco, Mulei Mohammed e o rei de Portugal D. Sebastião em Marrocos datada de 04/08/1578.
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