Conforme combinado com seu amigo, Woltz encontrou-se com Mine logo depois da aula e foram logo procurar um lugar para almoçarem (ambos já estavam quase tomando dano por conta da fome). Entretanto, no caminho acabaram parando de loja em loja e petiscaram um sorvete aqui, um crepe ali para tapear a fome temporariamente.
O Centro Comercial estava bem vazio e perfeito para um passeio despreocupado e descompromissado. As ruas estavam limpas e o vento era perfeito, assim como o sol que estava tímido mais cedo.
Apesar das tentativas de tapearem a fome... ela veio com mais força depois de algumas andanças então... hora do real almoço! Uma comida italiana simples ou até mesmo um sanduíche bem recheado seria o suficiente para matar a fome.
Um lugar legal, mas estava impressionantemente lotado. Outro lugar legal, mas estava fechado. Uma cantina boa, mas tinha fila. Até que, sem opção, voltaram para a primeira opção e decidiram enfrentar a fila para almoçarem. Com os pedidos em mãos, eles escolheram um lugar na área de ar livre para comerem em paz. Woltz olhou em volta e percebeu vários alunos nas redondezas e, de fato, era um lugar bem frequentado pelos estudantes da universidade pela proximidade com o Centro Mágico, onde livros e itens mágicos eram vendidos a preços super acessíveis.
Devorado o almoço, eles então saborearam um bolinho de sobremesa.
“E aí, como foi seu primeiro dia?” Mine perguntou animado.
“Cara, estou exausto...” Woltz bocejou, colocando o garfo no prato. “As primeiras aulas de Criaturas Demoníacas e Miasma foram cansativas,” confessou.
“É uma matéria terrível,” Mine franziu o nariz, lembrando-se da época que era universitário e foi obrigado a fazer essa mesma disciplina.
“Ah, tem um boato estranho sobre um tal Poço dos Desejos rolando,” Woltz lembrou-se, acompanhando a gota de suor do copo cair lentamente no porta copo.
Mine fitou-o, confuso e parecia ser a primeira vez que ele ouviu esse tal boato. Tá, ele ouviu sim seus alunos comentarem algo do tipo, mas ele pensou que fosse alguma baboseira ou ficção – se bem que ficção nesse tipo de universo chega a ser redundante, mas enfim.
“Dizem que ele fica atrás do edifício da Administração e que ele concebe desejos sem reclamar,” Woltz explicou, interrompendo o trajeto da gota de suor do copo com o dedo. “Mas isso é muito estranho! Não tem nada atrás do prédio além da parede.”
“...” Mine ficou pensativo e olhou para a parte de trás de sua mão e fitou Woltz novamente. “Não há nada de estranho por lá e Soleil não me contou nada então...”
“Então deve ser baboseira mesmo,” Woltz disse despreocupado. “Se você não brilhou, então tá tudo certo,” e deu aquela bela espreguiçada.
“... sim...” Mine parecia pensativo e coçou a sua mão na mesma parte que fitou anteriormente.
Mine parecia absorto em pensamentos pelo quão quieto ficou enquanto Woltz foi pagar a conta de ambos no caixa, até que seu amigo veio todo alegre perto dele.
“Lembrei de uma coisa!” Woltz sentou-se do lado de Mine. “Você é o tutor do profe Addai!!!” e um sorriso largo esboçou em seu rosto enquanto Mine parecia um padre que ouviu algum nome de uma entidade demoníaca.
“É isso mesmo. Não invoca o tinhoso não, chega de falar o nome dele,” Mine temeu pelos encontros aleatórios.
“Eu morreria para que aquele homem seguisse minhas ordens...” Woltz suspirou, abanando-se com as mãos. “Aqueles olhos... Aquela pinta naquele lábio...”
Mine nunca ouviu tanta barbaridade baixa daquelas no pé de seu ouvido – nem com seus clientes no Pub ele já tinha ouvido tal tipo de conversa – e pior ainda sobre o inominado...
... e Woltz, logicamente, percebeu isso e deu um sorrisinho.
“Hehe~”
“’Hehe’ nada! Pare de pensar nessas coisas!” Mine deu um tapa na testa de Woltz. “Ele é um idiota, não se ilude não.”
“Mas eu quero...” Woltz sorriu descaradamente. “E fo-”
“Chega,” Mine cobriu a boca de seu amigo sedento antes que ele pudesse redigir uma fanfic +18 do seu lado sobre aquela pessoa.
“Sabia que ele foi um amorzinho com a gente hoje? Ele até me deu a garrafa de elixir dele~” Woltz sorriu timidamente e Mine começou a se questionar como que seu amigo teria se comportado na aula do inominado.
Mas tudo o que Mine podia fazer era suspirar mesmo. “É o mínimo que um professor pode fazer,” Mine virou para arrumar seu prato embaixo do de Woltz e viu algo terrível na paisagem.
Quem diria que só de falar sobre o inominado já era o suficiente?
Pois é, lá vamos nós de novo.
“O que diabos você tá fazendo aqui?!” Mine exasperou, fazendo uma cara feia para a pessoa que acabou de sentar-se na mesa ao lado deles.
A pessoa mal tinha se sentado e sua atenção voltou-se para Mine, que ainda o encarava de volta sem acreditar em tal coincidência. Mais uma vez, a cena do filme de faroeste aconteceu. O olhar deles se fixou, as mãos exclamando o que suas caras gritavam sem dizer uma só palavra e, dessa vez, tinha aquela bola de feno correndo por aí, só que era de plástico – precisamente uma sacola de plástico. Ambos trocaram o mesmo olhar de “O que você está fazendo aqui?!”
“Eu ia te perguntar a mesmíssima coisa,” o inominado- ops, Addai, resmungou.
Pelo que parece – e pela rápida análise de Woltz – Addai tinha acabado de sair da universidade e, provavelmente, estaria indo embora para casa pois sua mochila estava ao seu lado, junto com o seu uniforme dobrado. Woltz, que ainda estava tentando analisar a situação, sentiu aquele par de olhos heterocromáticos o fitarem com tamanha serenidade que fez com que seu coração errasse algumas batidas.
“Oi Woltz,” Addai cumprimentou-o. “Perdoe o meu comportamento, mas meu tutor sabe me encher o saco.”
Misericórdia Senhor, Woltz pensou enquanto sorria para seu professor, se perguntando se Addai tinha ouvido a conversa deles de alguma forma.
De qualquer forma, Woltz só queria enterrar a sua cabeça num bueiro mais próximo, mas tentou manter a calma naquele ambiente agradabilíssimo: de um lado, o seu novo professor que, de praxe, tinha um visual... tentador; do outro lado, seu melhor amigo caçando confusão.
“Vai embora, xô xô,” Mine abanou a mão para Addai, que jogou um guardanapo amassado em sua testa.
“Vai você e me deixa almoçar em paz,” e os olhos de Woltz se arregalaram para o quão furioso seu amigo estava com tal provocação.
“Você...!” Mine fumegou tal qual uma chaleira e Woltz segurou seu braço antes que um arremesso de pedra ocorresse.
“A-Até mais Sr. Addai!!” Woltz acenou, arrastando Mine com ele.
Mine e Addai apenas bufaram um para o outro e Woltz suspirou aliviado.
Duas tragédias foram evitadas e a reputação de Woltz continuava imaculada!
Amém? Amém!
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