“Uma dor profunda se instalou em meu peito, deixando as lágrimas caírem em um turbilhão de emoções. Era algum tipo de sonho? A verdade é que era como se muitas memórias viessem à tona.”
O sinal então tocou me fazendo despertar daquele transe. Estava virando rotina aqueles sonhos vividos. O relógio já marcava 9:00am ― o horário que as provas finalizaram. Uma voz na frente da sala, que recolhia as provas, então soou com um pouco mais de rigidez:
― Saiam em fila. E, por favor, não congestionem a saída.
Os outros pareciam reclamar de algo. Olhei para os arredores e notei que Mikel já havia saído. Ele provavelmente foi direto para seu clube (afinal, ele era o capitão do clube de esportes). Soltei um suspiro decepcionado, tentando acalmar minhas emoções.
“Essa sensação está acabando comigo.” ― Foi tudo o que consegui pensar.
Não durou muito para que minha mente voltasse para o lugar onde eu estava. Estava no meio de uma prova, certo?
“O quê?! Uma prova?!!”
― O sinal já tocou, Fuyuki Hun. ― A voz à frente chamou minha atenção.
O rapaz de cabelos avermelhados estava me encarando com uma expressão indiferente. Seu rosto estava ainda mais… bonito? Minha palavras até falharam por alguns segundos, e meus olhos encontraram os dele.
― Você parece confiante já que passou boa parte do tempo olhando para o nada.
Engoli a seco. Ele realmente pareceu rude, mas de um jeito estranho.
― Eu tenho um certo problema com atenção… ― Finalmente consegui tomar um pouco de coragem e respondê-lo. ― Eu ainda não acabei. Eu poss-
― As provas devem ser entregues nos horários estipulados conforme as regras disciplinares. Regras são regras.
O rapaz apenas acertou seus óculos com o polegar, arrastando-o levemente para a trás e continuou:
― Se você tiver alguma objeção sobre a prova, é melhor falar com a coordenação.
Não foi preciso muito para eu sentir um certo arrepio. Só de pensar em ter que enfrentar os professores com aquelas perguntas… Definitivamente, não!
― Não vai ser preciso! ― Minha voz se exaltou instintivamente que até mesmo o assustou. ― Deixa pra lá.
Foi tudo o que disse antes de se apressar em sair daquele lugar. Aquela emoção estava tomando conta de mim novamente e transbordando rapidamente. Algo como medo e repulsa… Algo que não consigo explicar.
Eu tenho um segredo…
Há alguns anos, uma sensação amarga de fracasso e tristeza começou a fazer parte da minha vida. Eu nunca contei a ninguém sobre isso, mas não tenho mais controle de mim…e nem mesmo quando começo a sonhar acordado. Cada dia que passa, coexistir comigo mesmo está se tornando difícil. Dia após dia…essa rotina me deixa mais cansado, exausto, e por algum motivo a sensação de fracasso não acaba. Mesmo que eu tente fingir, essa coisa dentro de mim não passa.
Sem pensar, eu acabo me sentindo inferior e inútil… E talvez seja por isso que todo esse sentimento esteja se materializando nesses sonhos vividos.
Mas está tudo bem… Já me acostumei com esse estilo de vida medíocre. Quer eu queira ou não, nada vai mudar meu fracasso diário.
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