Em poucos minutos ele já estava em frente ao templo, uma construção bastante imponente e impressionante, feita em mármore branco e dividida em três torres terminando em grandes domos dourados e azuis. Uma escadaria imensa levava a uma fachada apresentada com colunas grandiosas e uma bela estátua do deus da luz, Am, uma bela mulher de vestido longo segurando numa das mãos uma lamparina, e na outra, o seu corpo original, uma espada longa de dois cumes.
Subindo com leveza e mãos nos bolsos as escadas até o piso do pátio, ele se esbarrou com os quatro subordinados guardando a entrada no templo, todos olharam extasiados e aliviados para seu líder, que caminhou taciturno até eles, sem pressa.
- E então, Hikkan já está aí? – pergunta ele.
- Sim, Senhor Ganda. Ele está lá dentro e chorando muito, alguns funcionários dos andares superiores já estão reclamando. – Responde sem graça um dos jaquetas.
- Esses burgueses fudidos que aguentem. Já estou indo.
E rudemente ele chega aos portões vermelhos de madeira que já estavam abertos e guardados por dois soldados de branco e elmos prateados, segurando longas escopetas nas mãos. Com apenas um olhar eles confirmaram a identidade do leopardo do giro e o deixaram entrar, assim como Hikkan
O salão de entrada era esplêndido, o governo gostava de esbanjar com templos independente se eram construídos numa metrópole rica ou num vilarejo remelento no meio do nada. Talvez seja sua forma de bajular os deuses ou mostrar ao mundo inteiro que aqui nesta terra, os kristanos são os verdadeiros abençoados. Realmente, kristanos são todos uns babacas.
Passando pelo hall, um corredor de teto alto e abobadado com o chão coberto de carpete vermelho e estátuas humanas com mais de cinco metros de altura homenageando os grão-sacerdotes que já honraram o templo, ele chegou numa bifurcação e virou a direita, que o levou a uma escadaria. Subindo nela e entrando noutro corredor, seguiu reto até a porta aberta de metal no final dele, passando por janelas com vitrais espectrais iluminando sombriamente o templo. Era um lugar bonito, apesar de tudo. Poucos funcionários circulavam, o que era compreensível devido ao ocorrido, a trupe jamais poderia mostrar fraqueza a ninguém, jamais, nem mesmo ao mais miserável funcionário estagiário de um templo, pois isso enfraqueceria sua imagem e atrapalharia seus planos, além de que era irritante.
Imagem era uma coisa importante para um grupo, a simples imagem forte dele era o bastante para aterrorizar uma pessoa com sua menção ou tranquilizá-la completamente, por isso ela precisava ser mantida a qualquer custo, ajudava a não ter de recorrer sempre para a violência desgastante e nada econômica. Mas era muito difícil manter a imagem de um grupo grande como a trupe dos leopardos devido a sua grande variedade no centro de comando nele, como acontecia agora. O leopardo andava confiante de si até o portão de metal, como se fosse a pessoa mais poderosa do lugar, e enquanto isso, o choro de seu colega de nominação chegava em seus ouvidos com força mesmo daquela distância.
- Uooooooooooooooohhhhh!
Entrando, viu uma sala de internação ocupada por alguns leitos ocupados por corpos já sem vida e mais afastados dele, um corpo enfaixado recebendo soro na veia de um homem gigante deitado nele. Ao lado do leito ocpudado, estava um segundo homem maior ainda que o deitado, em pé e chorando feito um macaco enquanto torcia os braços, e ao seu redor, dois jaquetas atoa estavam observando a cena juntos a dois médicos do templo.
- Hikkan!
- Uoooooooooooohhhhhhhh!!!!!!!! Meu irmãozinho!
- Ele está vivo, não está? – perguntou Ganda a ele, mas sem resposta, voltou seu olhar a um dos médicos de roupa clerical branca, que respondeu com um aceno de cabeça afirmativamente.
- Vivo? VIVO?! Uooooooooohhhhh!!!!!! Como assim vivo? Como se isso fosse melhor! – rugiu o gigante em lamúria, afastando as mãos que usava pra cobrir o rosto e chorar, inutilmente achando que escondia alguma coisa – Meu irmão! Ele foi golpeado no saco! NO SACO! ELE NÃO VAI MAIS PODER ESPALHAR O NOSSO SANGUE POR AÍ! UOOOOOOOOOOOOHHHHHH!
- E daí, porra! Vocês nem sabem como pegar mulher mesmo! – reclamou o leopardo, friamente.
- Você não entende de nada, Ganda! Uooohhhhhhhh!!!!! Meu irmão virou um capado! Uooooooohhhhhhhhhhhh!!!!!!!!!!
- Tsk...
Ignorando os prantos do seu companheiro, ele seguiu até um dos jaquetas que observava tudo suando frio.
- Você, me mostre os outros.
- Sim senhor!
Se afastando do gigante, chegam aos outros leitos no final da sala de tijolos cinzentos com janelas de vitrais pouco baixo do teto abobadado fazendo o ambiente ter uma atmosfera propriamente mórbida. E naqueles últimos leitos da sala estavam os corpos nus dos mais fiéis companheiros de Dokkan. O desgraçado só tinha um trabalho, guardar a merda da área da alfandega para nenhum engraçadinho tentar a sorte e chamar a guarda nacional ou se comunicar com pessoas inconvenientes do lado de fora, apenas aliados poderiam usá-la, mas ele sabia que alguma hora o grandão estragaria tudo, desde o início, quando a trupe era apenas os leopardos e mais outros dois formando um grupo de saqueadores errantes, ele sabia que Dokkan era instável demais para estar no grupo. Todos eram jovens e inconsequentes, mas ainda assim sabiam dos limites que tinham de respeitar, mas Dokkan tinha aquele maldito complexo de inferioridade com seu irmão mais velho que alcançou o segundo círculo e se tornou um bom mago, diferente dele, e tudo piorava mais com o protecionismo de Hikkan, claro que uma hora ele ficaria fazendo um monte de merda pra depois correr pra debaixo da saia do irmão e acabar sobrando pra todo mundo.
Assim como agora, ele morreu deixando problemas para eles, mas pelo menos este seria o último. Ou foi o que concluiu ao estar diante de quatro cadáveres. Suspirando, começou a perscrutar seus corpos cuidadosamente. E o que começou a ver superou um pouco suas expectativas.
Não havia hematomas claros em seus corpos, não foi uma briga de bar generalizada, os jaquetas foram mortos através de cortes, e cortes de espadas com exceção do que parecia ter sido esmagado por uma clava, chegando mais perto pode ver melhor o tipo de cortes, e não gostou nem um pouco do que viu. Os cortes eram precisos, colocados em pontos vitais e muito limpos, o cara que os fez não era um vagabundo qualquer, ele sabia bem o que estava fazendo, e isso acendeu mais algumas bandeiras vermelhas na cabeça do leopardo do giro.
” Então... ele não é um merda aleatório? Me disseram que Dokkan tinha ido simplesmente surrar um cara que quase matou um de seus homens... que tinha tido seus mebros quebrados... um grande exagero por sinal de que bêbados não conseguiriam se dar ao trabalho de fazer, e com certeza não teve prudência nenhuma quando terminou. Ou ele é uma espécie de lunático muito forte, ou foram pessoas diferentes... ou pode ter sido de propósito...”, ponderava o leopardo do giro.
- Ei!
- Sim senhor! – o jaqueta ao seu lado responde.
- Vá até a base e reúna todo mundo... acho que o cara que fez isso é muito mais do que um espadachim maluco...
Concluiu Ganda, mais uma vez admirando a capacidade do maldito cabeça de amendoim de lhes causar problemas mesmo depois da morte, e este poderia ser o ápice de todos eles.
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