- Então você que vai assumir a dívida daquela vadia? - perguntou um dos homens aproximando-se, ele analisou Ian com cuidado e sorriu ao perceber que o rapaz era valioso - Você tem um rosto e um corpo bonito, fará sucesso tanto com homens quanto com mulheres, o que você acha, chefe? 

O homem que parecia o mais velho dos três apenas observava de longe, encostado na porta, ele parecia de mau-humor. 

- O rapaz vai servir - resmungou ele.

Ian estava aterrorizado, pelado, preso, exposto, ele podia sentir a sua vida lentamente deixando seu corpo, ao mesmo tempo que seu coração batia loucamente a sua temperatura baixava e sua visão ficava nublada. Era difícil entender o que os homens diziam agora, Samanta que estava debaixo da cama até então saiu e jogou a chave discretamente na cama, ela conversava com os três homens e parecia fazer algum sinal para Ian, mas ele estava atordoado demais para entender. 

Ele fechou os olhos com força e tentou buscar alguma sanidade, ao abri-los sua visão já não estava tão turva e pelo reflexo do espelho de teto ele viu o celular ao seu lado brilhar, ele tinha o hábito de deixar o aparelho no silencioso, afinal ninguém ligava pra ele e quando ligava era algum tipo de cobrança ou spam, o nome no visor fez um fio de esperança crescer dentro dele, era ninguém menos que Dante, a única pessoa que ele tinha plena certeza que poderia salvar a sua pele, com a mão livre ele desligou a chamada e enviou a sua localização junto a um pedido de socorro. No entanto, o Rei do Inferno ligou novamente, ele não sabia se atendia ou não, e nem houve tempo para decidir, a conversa entre os homens e Samanta parecia ter desandado e um dos homens a puxou pelos cabelos, enquanto outro percebia que Ian estava mexendo no celular e o tomou de sua mão. 

Tudo estava o mais puro caos, Samanta gritava e chorava, enquanto Ian tentava inutilmente pegar o seu celular, mas com o braço preso não havia muito o que fazer o homem com o aparelho na mão gritava alguma coisa, mas ele não estava prestando atenção nem sabia o que ele dizia, tudo que ele conseguia focar era na sua única salvação logo ali na sua frente, a ligação de Dante... Se ele conseguisse atender o Rei do Inferno conseguiria ouvir a situação e certamente iria ao resgate de Ivy, ele só precisava alcançar aquele botão... ... Quando viu uma oportunidade ao ver o homem se aproximar mais um pouco Ian se contorceu e com o dedão do pé ele conseguiu finalmente acertar a tela do celular e com alguma esperança de que tenha apertado o botão de atender a ligação. 

- Calem essa vadia! - disse um dos homens - Se ela continuar fazendo esse escândalo vamos ter que silenciá-la para sempre. 

- E a dívida, chefe? - perguntou o outro homem que tentava segurar Samanta que estava completamente histérica.

- Já recebemos o pagamento - disse o homem mais velho apontando para Ian que parecia mais branco que papel, ele não conseguia mais ver o celular, não sabia se havia atendido a ligação, ele precisava de um plano b.

Sua mente raciocinava muitas opções, com o pensamento acelerado ele parecia ter levado um choque de adrenalina e em um ato de desespero Ian chutou o homem que segurava Samanta e gritou:

- Corra! Vá buscar ajuda! 

Não era necessário dizer que ela precisava sair dali, assim que viu a oportunidade, Samanta correu sem olhar para trás. 

- Seu filho da puta! - gritou o chefe dando um tapa tão forte em Ian que ele desabou na cama - Essa vadia só vai nos trazer problemas! Você acabou de dobrar a sua dívida!

Os olhos de Ian se arregalaram em temor, as lágrimas começaram a escorrer, o gosto metálico começou a preencher a sua boca e ele foi dominado pela dor, pelo medo e pela humilhação, ele não se incomodava que vissem seu corpo nu, mas tocá-lo era algo totalmente diferente, os homens se amontoaram por cima dele e tudo parecia que iria piorar ainda mais, seu braço preso na cabeceira da cama estava doendo, as mãos quentes começaram a apertar o seu corpo enquanto vozes falavam sobre "ensinar uma lição", o cheiro do suor daqueles homens o atingiu como um soco, eles estavam tão perto e tudo que ele podia fazer era se debater e gritar, mas não havia escapatória, ele estava preso e indefeso, como ele poderia fugir? 

As esperanças e a sua vontade de sobreviver àquilo estavam acabando, qual seria o sentido de sobreviver? Ele ainda sairia dali com uma dívida que não era dele, que ele nem tinha noção de quanto era, seria obrigado a vender seu corpo, logo ele que havia transado tão pouco na vida e nunca teve nenhum interesse em homens estava ali sendo domado por três completos estranhos e muito em breve isso se tornaria a sua mais nova rotina, preso em um bordel por sabe-se lá quanto tempo.

Alguns socos foram aplicados na tentativa de fazer Ian parar de se debater, ao menos ele não tinha mais forças para gritar, não que gritar adiantasse algo, aquele motel fazia parte do Inferno e já estavam todos avisados que os três homens estavam ali para coletar uma dívida, Ian gemia de dor deixando os seus agressores ainda mais animados:

- Se com uns murros ele já geme gostoso assim, imagina quando ele for fodido - disse o chefe.

- Ele vai nos render muito dinheiro e diversão - disse o segundo.

- Eu fico com a boca - disse o terceiro sentando no peito de Ian e puxando o seu cabelo para apreciar o seu rosto.

- Vocês três se afastem, agora! - parecia um trovão ecoando por todo o quarto, os três homens não ousaram desobedecer eles reconheciam muito bem aquela voz era Dante, o Rei do Inferno. - Não ousem tocar em um único fio de cabelo da minha Rainha! 

Virando de costas para a porta, Ian se encolheu e cobriu seu rosto com um travesseiro na tentativa de esconder seu corpo machucado e que por pouco não foi violado.

- Rainha? - perguntou o chefe do pequeno bando.

- Apenas se afastem - rosnou Dante entre dentes.

Não era assim que ele queria ver a sua Rainha nua pela primeira vez, gostava da ideia de mistério e de irem devagar, já que era algo que ele nunca fazia, muitas vezes ele fodia as mulheres antes mesmo de beijá-las, isso quando ele as beijava, já que ele não era muito fã de beijos, consumido pela raiva ele evitou olhar muito para cama, a pele sedosa das costas de Ivy, a sua cintura fina e bunda arrebitada era tentação demais para ele, por isso ele jogou um lençol em cima daquele belo corpo encolhido de uma forma mais ríspida do que desejava e disse:

- Está tudo bem agora, Ivy, eu vou tirar você daqui.

Dava pra ouvir os soluços abafados embaixo do travesseiro e Dante estava a um passo de colocar aqueles homens para fora e devorar aquele corpo delicioso que ele já vinha desejando há um tempo, mas ele não podia, não ainda, não podia assustá-la, quando ela fosse dele ele poderia fazer todas as coisas sujas que sempre sonhou em fazer, ele só precisava esperar mais um pouco, se ele saísse dali como um herói, certamente teria uma chance com ela.

- Onde está a chave? - perguntou Dante ao perceber o braço algemado de Ian - Vamos soltem logo ela.

Um dos homens pareceu avistar a chave ao pé da cama e rapidamente cumpriu a ordem do Rei do Inferno e voltou ao seu posto no canto do quarto junto aos outros. Dante sentou-se na cama e viu o corpo se encolher e tremer ainda mais.

- Pobrezinha, eu sei que está assustada, mas vou te tirar daqui sã e salva - delicadamente Dante tirou o travesseiro que cobria aquele rosto que ele queria tanto ver, mas não antes de algumas objeções inúteis dos braços fracos e machucados, aos poucos o rosto de Ian foi revelado. - O que significa isso?! - gritou Dante ferozmente.