Takashi piscou uma, duas, três vezes e mesmo assim não conseguiu assimilar a informação. Desde criança Hideyoshi possuía certas dificuldades para fazer amizades, não conseguia abrir-se com ninguém, ser ele mesmo com ninguém além de Chihiro Yamano e, mesmo assim, ainda levou tempo para que essa abertura acontecesse.
Hide lembrou-se novamente do dia em que conheceu Yano, ambos fizeram uma cara emburrada um para o outro. Naquela época sequer sonhava que estava conhecendo a pessoa com quem desejaria passar toda a eternidade.
Ouviu a voz de Ashura, parecia alegre. Faye sorria, sua risada era uma brisa marítima. Sentia o olhar áureo e o esmeraldino, ansiosos. Incomodava-se com Mynea, que o fitava com uma expressão estranha.
O rapaz refletia em silêncio, momentos atrás a estonteante moça de olhos dourados dissera algo deveras inusitado: Kitsune pedira humildemente para que todos fossem amigos.
Hide não conseguia compreender esse conceito, pedir para ser amigo de alguém? Mas como isso funcionaria? Cada um colocaria um bloquinho colorido de Lego empilhado para erguer conjuntamente uma torre multicolorida? Por que deveria colaborar nessa construção?
Seu olhar correu ao redor da mesa envernizada, conversas fluíam animadamente, não era uma má visão. Antes que percebesse, sorria. Quando notou, apenas não soube o motivo, não sabia se sorria para Chihiro Yamano, seu grande amor. Não sabia se sorria para Faye, sua conhecida de tantos anos que somente agora cruzou seu caminho. Não sabia se sorria para Kitsune, dona de um carisma invejável. Não sabia se sorria para Ashura, sua voz tão serena, tão soturna e tão sublime que faria a lua derramar lágrimas.
Definitivamente não sorria para Mynea, algo nela o desagradava.
Eu sou um idiota, pensou ainda sorrindo. Um dia pagarei por isso. Tinha certeza que estava se metendo em uma grande encrenca, porém desejava fazer parte daquela felicidade momentânea.
Só um pouquinho não vai fazer mal.
⌘⌘⌘
Mais tarde naquele dia, já no conforto de sua casa, Hideyoshi refletia sobre o dia atípico que tivera, fazia bastante tempo que não conversava com tantas pessoas ao mesmo tempo sem ser no ambiente de trabalho. Sentia-se cansado e estressado, principalmente porque cedera às simpáticas tentativas de Kitsune de fazer amizade, porque percebeu que as desconhecidas eram legais (ou se esforçavam muito para parecerem). Das quatro jovens, somente uma acompanhou Hide e Yano na volta para casa, o rapaz de cabelos castanhos a admirava, desde que encontrou Faye, a moça apenas expressou bons sentimentos.
Na sacada da janela, acendeu um cigarro e ficou observando a fumaça cinzenta se esvair enquanto subia, tinha acontecido tanta coisa hoje! Apanhou seu celular e pôs-se a encarar o mais novo grupo em sua lista de mensagens, tinha um ícone engraçado do Gutedama que o fez rir e quatro números de telefone que ainda não haviam sido salvos. Por que deveria salvar o número de pessoas que nem conhecia? Terminou o trago e suspirou, nomeando e salvando cada um dos contatos, depois, insatisfeito consigo mesmo, atirou o aparelho no macio e colorido edredom da cama e jogou-se ele próprio numa cadeira confortável, pronto para partir em direção de Menyarn.
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