Ji Young, no outro dia, só tinha um único pensamento. Ela queria pôr as suas mãos no pescoço do homem que tentou matá-la. “Mas quem poderia ser o infeliz?” Será que foi os generais? Os ministros? “Não importa muito, pois, as únicas pessoas que conseguirei interrogar são as mulheres, uma vez que nenhum ministro ou general falaria comigo numa boa, ainda mais eu que quero foder com a reputação deles”.
Ela esperou anoitecer para andar pelo palácio sem ser interrompida. A guerreira não podia arriscar tentando interrogar todas de uma vez, por isso preferiu a dama da corte, visto ser a mulher mais influente do palácio depois da rainha. Ji Young silenciou o guarda. Entrou no aposento e encontrou a dama acorrentada no meio de ideogramas antigos com velas laranjas nas pontas. “Pelos deuses, isso é magia negra!” Ela caminhou até a mulher e encontrou um bilhete na barriga dela. Ji Young pegou o papel e só conseguiu identificar algumas palavras na língua de demônios que somente um mago poderia entender. A fumaça converteu-se numa névoa mais intensa. A guerreira se desviou a tempo de um golpe certeiro de uma espada afiada. Com movimentos rápidos, ela assumiu o controle do combate e derrubou o seu atacante no chão. Antes que pudesse enfiar seus dedos nos olhos do infeliz, os gritos da dama da corte ecoam por todo o local.
— Quem é você? — perguntou Ji Young para o homem caído no chão.
— Sou o seu pesadelo — afirmou o seu inimigo enquanto se desintegrava.
Os guardas responderam aos gritos da mulher e entraram no quarto com suas armas apostas. Ji Young não teve escolhas a não ser se entregar aos homens do rei. Todo o palácio foi despertado pelos gritos de raiva do monarca. A guerreira foi colocada diante do trono com as mãos acorrentadas.
— Como você pode entrar no palácio sem minha autorização? — perguntou o rei com uma expressão séria.
— Meu rei, desde o dia que cheguei você não tem confiado nos meus métodos — disse a guerreira em sua defesa.
— Seus métodos? — perguntou o rei com uma expressão furiosa.
— Você não contratou uma heroína de capa e espada para ajudá-lo, mas uma guerreira caçadora de bruxas que não liga para decretos reais. Meu único objetivo é cumprir a missão a que fui designada.
— Pelo menos me dê um bom motivo para não mandar os meus homens cortarem o seu pescoço?
— Acredito que o homem que transformou sua mulher no sapo seja alguém do palácio.
— Por qual motivo você não me avisou antes, em vez de fazer essa loucura? — indagou o rei.
— Não sei até que ponto esses traidores estão enraizados nos assuntos reais, por isso não quis arriscar sua vida vindo pedir sua autorização.
— Como você chegou a essa conclusão?
— Alguém me acertou com uma flecha da família real e agora pouco quase fui morta por um homem no quarto da dama da corte, a qual estava acorrentada no momento do ataque, o que me leva a crer que tem muita gente envolvida nisso.
— Não se preocupe com a dama da corte. Somos amigos íntimos e garanto que ela não tem nada contra mim — disse o rei com uma expressão de preocupação.
— Não julgo que seja ela, mas acredito fortemente que seja alguém da sua família.
— O que devemos fazer? — perguntou o rei com medo estampado na face.
— Se tranque em algum lugar com homens da sua confiança e deixe o resto comigo.
— Espero que você esteja certa sobre essa acusação.
— Vou precisar de uma lista com os nomes de todos da família real que tenha habilidades de combate e um pequeno grupo de homens para me auxiliar nas investigações.
— Certo, assim será feito.
…
Ela convocou, em nome do rei, todos os parentes de sangue real para prestar depoimentos. A maioria deles eram homens velhos, nenhum se encaixava no perfil do homem que a atacou no quarto da dama. Ji Young já estava ficando sem opção. Nenhum daqueles homens eram os culpados, o que poderia refutar sua teoria de que alguém da família real era o bruxo. Contudo, se não foi nenhum dos parentes do rei, então quem usaria uma flecha daquelas? Algum idiota tentando colocá-la contra a família real? “Talvez seja algum traidor mais astuto tentando me usar como um pretexto para excitar uma rebelião ou algo pior do que tudo isso”.
— Preciso de respostas e rápido! — gritou a guerreira partindo sua mesa ao meio.
— Ficar nervosa não vai ajudá-la — afirmou a dama da corte vestida com um Dangui verde.
— Pensei que você ficaria trancada dentro do seu quarto depois de quase ter sido morta pelo bruxo — disse a guerreira apontando sua espada na direção dela.
— Ficar escondida com o rabo entre as pernas não convém a uma mulher como eu.
— Faz sentido para uma mulher com a confiança do rei não ter medo da morte.
— Sei quem foi o homem que tentou me matar.
— Você já disse que não conseguiu ver o rosto dele, como mudou de ideia tão rápido?
— Não importa como. O que importa é que o nome dele é Boram, primo do rei, meu senhor.
— Por que diabos eu não vi esse nome nos documentos que me trouxeram?
— Esse jovem de 22 anos é o filho bastardo do tio do rei. Ele foi acolhido como um oficial do exército pelo meu senhor, o rei, como misericórdia e boa vontade.
— Por qual motivo um bastardo iria querer matar o rei? Até onde sei, os bastardos não têm muitas chances de receber a coroa, quiça a porra do primo do rei!
— Não sei dizer o motivo do jovem Boram fazer isso e nem quero saber. Só estou aqui porque não posso permitir que o meu senhor seja assassinado por esse bastardo maldito.
Ji Young ordenou que a mulher fosse presa até que se provasse ser verdade o que ela disse sobre o jovem Boram. A guerreira pegou sua espada e foi sozinha ao encontro do seu alvo. Ela nunca gostou de dividir a luta, ainda mais uma que está envolvida na vida do homem que tentou matá-la. Seus desejos assassinos a encheram de imaginações terríveis sobre o destino do pobre coitado. Os aposentos de Boram estavam trancados. Isso não foi um problema para ela, que partiu a porta ao meio com sua espada. Lá dentro estava o jovem meditando diante de uma estátua do herói vivo. Ji Young colocou sua arma no ombro dele e cuspiu em sua cabeça.
— Bastardo, pare de fingir ser um monge e pegue sua arma para lutar comigo feito um homem de verdade — disse Ji Young.
— Esperei por muito tempo uma caçadora de bruxas para testar todas as minhas habilidades — respondeu Boram com um sorriso no rosto.
— Vamos supor que você seja um bruxo, mesmo sabendo que você é só um bastardo que usa velas para fingir ser um, por que você tentou me matar?
— Não tenho medo de você. Sabia que o rei contraria alguma aberração para procurar o culpado pela transformação da sua esposa, por isso me preparei para esse momento.
— Você só pode ser um suicida… Quem é a bruxa que você serve e onde ela está?
As chamas das velas cuspiram esferas na direção de Ji Young. Ela usou o seu braço para proteger o seu rosto, dando uma oportunidade para o seu adversário sair da sua posição e entrar em guarda para o combate. Ele soprou a fumaça, fazendo as faíscas materializarem uma espada na sua mão. A guerreira sorriu. “Faz meses que não tenho um combate com um elemental”. Ji Young e Boram começaram a batalhar ferozmente. Magia contra força bruta. As habilidades dela eram superiores à de seu adversário, dando uma grande vantagem. O homem não foi rápido o suficiente para se desviar dos golpes de Ji Young que parecia um demônio de guerra. Com três punhaladas, a guerreira cortou o braço do seu inimigo, fazendo-o cair de joelhos.
— Que o inferno receba a sua alma — gritou Ji Young arrancando a cabeça dele com uma linda rotação de sua lâmina.
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