— Moça, por favor… — disse o jovem com uma expressão de medo.
— Pelos deuses, pobre moço, você está morrendo graças a minha estupidez — lamentou a mulher segurando a cabeça do jovem nos seus braços finos.
— Não chore. Você não podia fazer nada por mim. Estava condenado desde o momento em que fui sequestrado por essa bruxa.
— Meu jovem, me peça qualquer coisa e farei por você.
— Vingue minha morte… Arranque a cabeça dessa assassina e a enterre debaixo dos meus pés…
— Juro por todos os deuses que assim o farei.
— Que os mortos me recebam com glória! — clamou o jovem antes de morrer.
— Pelo contrário, que os heróis vivos te recebam na Terra Pura — lamentou Ji Young.
Ji Young, abandonando o corpo do seu companheiro, caminhou em direção à porta com a sua face expressando fúria. Com um golpe certeiro, a porta foi feita em pedaços. A guerreira entrou no cômodo e foi de encontro com um trono feito de ossos. Nele estava a Bruxa maligna esperando por sua convidada importuna.
— Perfurarei sua testa com o meu machado — afirmou Ji Young.
— Você ainda insiste em viver? — sorriu a mulher com uma expressão de ódio e desprezo — estava prestes a matar a deusa Yumiko quando você chegou. Será que você não entende o perigo que a humanidade está passando?
— Bruxa… por tudo que é sagrado nesse mundo, me entregue essa menina e prometo que sua morte será menos lenta.
— Olhe para trás — disse a bruxa apontando o seu dedo para uma pequena silhueta.
A pequena menina surgiu diante dos olhos de Ji Young amarrada em um poste de madeira. Nossa guerreira andou até a garota com a intenção de libertá-la, mas uma energia vermelha a impediu de se aproximar.
— Por favor, me ajuda! — clamou a garotinha.
— Não confie nessa voz — gritou a bruxa do seu trono — ela mente para você poder acreditar no que vê.
— Os homens mataram vocês no mesmo poste que essa criança está amarrada. Sua hipócrita! Você vai queimá-la como eles fizeram com vocês?
— Se for para libertar a humanidade dos crimes de Yumiko, farei com prazer.
— Eu não sou Yumiko! — Gritou a pequena — você me chama disso, mas não sou essa deusa!
Ji Young cansou do falatório da sua inimiga. Com o machado em mãos, ela correu na direção do trono, pronta para cortar a garganta da sua inimiga. A bruxa percebeu o movimento da guerreira e lançou um raio sobre ela, porém, Ji Young desviou a tempo. Ela, com um salto perfeito, acertou seu machado na cabeça da bruxa, fazendo a infeliz se transformar em cinzas.
— Que a sua alma queime no inferno! — gritou Ji Young.
Ela caminhou até a criança, que gritava de medo com aquela cena perturbadora. Suas mãos desamarraram a pequena do poste e, com um abraço acolhedor, Ji Young a beijou na testa.
— Muito obrigada — disse a Menina chorando de alegria — pensei que seria morta e nunca mais veria o meu paizinho.
— Seu paizinho? — perguntou Ji Young com uma expressão curiosa.
— Sim, meu pai. Ele estava trabalhando no campo quando minha mãe foi morta pela bruxa…
— Espera um pouco — disse Ji Young soltando a garota — o seu pai deixou bem claro que morreu quando você foi sequestrada pela bruxa… você o viu morrer, não tem como não ter visto.
Um sorriso macabro estampou o rosto da menina. Ji Young a soltou dos seus braços. A criança, com um golpe de suas mãozinhas, arremessou Ji Young no trono da bruxa como se fosse uma laranja.
— Saturnina me prendeu aqui com um feitiço muito poderoso que inibia os meus poderes. Contudo, eu consegui projetar uma centelha da minha consciência na forma do fantasma que você viu do lado de fora. Graças a você, estou livre para continuar os meus planos.
A menina se aproximou do trono. Ji Young estava deitada nos destroços. Os olhos inocentes da miúda criança analisaram o corpo da guerreira em busca de ossos quebrados.
— Me desculpa, não devia ter usado minha força contra você. Sua coluna está quebrada e os seus dois joelhos estourados, mas não se preocupe, consigo quebrar e colocar de volta no lugar.
As pequenas mãozinhas da deusa fizeram uma energia rosa percorrer todo o corpo de Ji Young. Conforme a magia divina percorria o corpo, os ossos se reintegravam.
— Não vou te matar, uma vez que você foi muito útil para mim.
— Eu não ligo para quem você seja, só quero saber o caminho que me leva a caverna do ogro — afirmou Ji Young com uma expressão séria.
— Você não se importa em ter sido enganada por mim?
— Eu não vim aqui por você, mas pela localização da caverna do ogro. Não dou a mínima para deuses, heróis e suas brigas estúpidas. Só quero o meu dinheiro…
— Gostei de você, uma humana que não desvia do seu propósito por nada — disse a menina com um sorriso no rosto — pisque os olhos três vezes e você surgirá na caverna e quando chegar lá nunca mais se lembrará do que aconteceu.
Ji Young não questionou a ordem da deusa. Ela piscou os olhos três vezes e, num passe de mágica, nunca mais se lembrou do que acontecera. Você deve estar se perguntando, se ela esqueceu de tudo o que sucedeu, como você pode ter certeza de que tudo isso de fato aconteceu? Oras, eu não posso dizer se tudo isso aconteceu ou não, mas garanto diante dos deuses que essa história é verdadeira! Ji Young matou o ogro, conseguiu salvar a princesa e voltou a viver sua vida de orgias, matanças, guerras e ódio. E quanto à deusa... bem, essa é outra história.
FIM.
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