— Hana-san, é hora de nos despedirmos.
Hana o acompanhou por grande parte do caminho, indicando para Yusuke a entrada exata por onde o curandeiro subira a montanha. Só isso já era o suficiente para o economizar horas de procura em Akayama, compensando o tempo perdido com a mãe. Ela não precisava se arriscar mais do que já tinha feito, além de ser complicado proteger simultaneamente duas pessoas dos perigos que se espreitavam por entre a mata fechada. Trovoadas precediam uma tempestade a caminho, não era boa ideia ir com mais alguém procurar por aquele idiota, ainda mais uma garota.
— O… o quê? — Ela ofegou, cansada pela corrida que fizeram até lá. — Nāo… Yusuke-san, eu vou com você!
Ver aquela determinação em uma figura que mal se aguentava sobre os joelhos, mas tinha uma força de ferro para prosseguir montanha acima, fez Yusuke soltar uma risada anasalada.
— É a minha vez… de ajudá-lo a salvar algo importante para você — ela completou.
— Tsc. Isso está longe de ser algo importante pra mim, portanto — ele enfatizou — você fica. Se acontecer algo com você, quem vai cuidar do senhor Koyama?
— Mas… mas… Se o Seki-san não voltar, meu pai não vai suportar de qualquer forma. Eu preciso ajudar.
— Você não confia em mim para trazê-lo de volta?
— C-claro que sim, mas…
— Hana, eu preciso que você fique em segurança. Se nem eu e o Tetsurou voltarmos, vá até o clã Seki. Tetsurou deixou instruções do que fazer, deve ter anotações de como preparar o chá para seu pai. — Ele se aproximou. Na sua experiência, as pessoas ficavam mais confiantes quando a determinação se expande através dos olhos e do toque. Portanto, ele quebrou o espaço pessoal. Pôs as duas mãos firmes em cada ombro dela e a encarou com fogo no olhar, determinação nas palavras. — Vou voltar com ele, eu prometo.
A garota ficou sem fala, sem reação, e até sem respirar nos segundos em que a mão de Yusuke apertou seu ombro. Continuou imóvel quando ele se afastou, quebrando o contato visual, e se virou para começar a subir a montanha.
— Espere, Yusuke-san! — Quando Yusuke a olhou, Hana não estava mais surpresa, mas sim recolhida, a cabeça pendendo para baixo e os dedos se enroscando. — Quando você voltar eu preciso te dizer uma coisa importante. Quero dizer há um tempo, e ouvi que você quer ficar no vilarejo. Por isso… — Ela hesitou antes de falar, em um fio de voz: — Volte vivo e em segurança, por favor…
Yusuke levantou a sobrancelha. Então curvou a cabeça, deixando a curiosidade no fundo da mente; fosse o que fosse, teria que esperar seu retorno. Tinha que focar em subir a montanha o mais rápido possível, antes que as nuvens negras desabassem.
— Eu voltarei para que você me diga. Muito obrigado pela ajuda, Hana-san.
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