Os contos de Nicolini: O bizarro mundo do Gato e a Fada.
Capítulo 8: Naja, a caçadora!
Capítulo 8: Naja, a caçadora!
May 01, 2023
Naja, segurando a mãozinha de Lila, adentrou uma floresta de árvores cor de rosa-brilhante como se fossem luzes fluorescentes. O senhor Lobo não sabia se ficava impressionado ou com medo. Quem poderia ter criado algo tão bonito?
— As tias de Lila moram aqui! — afirmou a menininha.
— Lilinha, tem certeza que esse lugar é seguro? — perguntou o senhor Lobo com um olhar temeroso.
— É claro que é, as titias me deixam dormir aqui quando estou com medo! — respondeu Lila com uma expressão entusiasmada.
— Isso daqui é lindo demais, impossível não ser lar de pessoas que dizem ser criadoras de tudo — afirmou Naja.
Duas silhuetas femininas se aproximaram dos nossos heróis. A primeira, usando um shortinho cor-de-rosa com flores amarelas e uma camiseta com glitter e desenhos fofos, sorriu para os visitantes, enquanto a outra, vestindo a mesma roupa, olhou para eles com um olhar desconfiado.
— Lila, meu docinho, o que eu disse sobre trazer amigos? — perguntou Agápi, a mais fofinha e gentil das criadoras.
— Tia, trouxe eles para vocês ficarem felizes! — respondeu Lila, correndo para os braços de Agápi.
— Vocês enganaram essa criança para nos ver, sinto isso em seus olhos — disse Sofia — como vocês souberam de nossa existência?
— Meu nome é… — começou Naja.
— Já sabemos o seu nome, queremos ouvir da sua boca o que você está fazendo aqui? — perguntou Sofia.
— Como você sabe o nosso nome? — perguntou o Lobo.
— Somos todas poderosas, podemos tudo, mas gostamos de não usar os poderes para não deixar as coisas chatas — respondeu Agápi — se quisermos, conseguimos todas as respostas, mas preferimos o jeito mortal, entendeu, doçura?
— Os deuses, seres que vocês criaram, tomaram nosso mundo… — narrou Naja — fui enviada por Sýnpam para implorar que vocês nos salvem da tirania deles.
Agápi começou a chorar, seguida por Sofia. Diferente dos deuses, elas podem tudo, inclusive saber o que acontece no planeta que criaram em menos de um segundo!
— Tanta crueldade… eles deviam se amarem, não se odiarem! — disse Agápi.
— Isso é cruel… como podem os deuses transformar os mortais em meros objetos de crueldade? — lamentou Sofia — Torturas… violência e assassinatos das piores maneiras só porque não adoram o seu imperador divino.
Agápi e Sofia entregaram nas mãos de Naja a pequena Lila. Nossa heroína tremia de medo. Aquelas mulheres eram muito mais do que meninas bonitinhas, elas eram as criadoras do mundo! “Droga… que energia é essa que sinto emanando dessas duas?” Pensou Naja.
— Lila, pode ir com essa mulher, ela cuidará bem de você — disse Agápi fazendo carinho na cabeça da menina troll.
— E você, Naja, cuide bem dessa menina e narre nossa existência aos seus irmãos, sinto que isso será um alívio para a alma deles — afirmou Sofia, estalando os dedos.
Naja, Lila e o Senhor Lobo acordaram na tribo. Os moradores estavam ao seu redor com expressões de medo. Os três surgiram como um raio! Isso daria medo em qualquer um!
— Que lugar é esse? — perguntou Lila.
— Sua nova casa — respondeu Naja sorrindo.
— Eu nunca mais vou seguir as ordens de uma deusa! — afirmou o senhor Lobo.
— O que será que as duas criadoras vão fazer? — perguntou Naja.
— Não faço a mínima ideia, mas garanto que não será bom para nenhum dos lados…
— Como assim?
— O olhar delas era de decepção… tenho medo delas destruírem nosso mundo para criar outro no lugar… tipo deixar chover por dias até inundar…
— Larga a mão de ser paranoico, seu Lobo bobo! — zombou Naja acariciando o focinho do seu amigo.
— Lila está com fome!
…
— Imperadora, estamos perdendo posição — gritou um dos generais.
— Esquece a posição — respondeu Sýnpam —, os demônios querem se vingar, se continuarmos a dar homens para eles matarem, perderemos a batalha para Sablokrates.
Sýnpam tinha razão, os demônios não queriam conquistar territórios, naquele momento eles só desejam sangue divino. Para um deus, perecer não era uma coisa boa, ainda mais nessa época que ninguém sabia como funcionava a vida e a morte.
— Eles estão com medo, sinto isso nos seus olhos — afirmou Sablokrates.
— Senhora, está na hora de usarmos o poder — disse o general Oni entregando um pergaminho nas mãos de sua imperadora.
— Você quer que eu use isso bem agora que estamos começando a nos divertir?
— É melhor usar agora do que deixá-los se recuperarem no meio da batalha. Lembre-se, não viemos aqui por vingança, mas para conquistar o reino de Cristal.
— Você é um estraga prazeres — falou a cruel Sablokrates matando o general —, mas está certo, não posso deixar os deuses ganharem!
O pergaminho continha o sangue do cérbero, um cão demoníaco de três cabeças forte o suficiente para matar os deuses. Sablokrates leu as palavras malditas e convocou a criatura. Raízes se enrolaram nos pés dos demônios e adentraram seus corpos, unindo cada vítima numa silhueta de cachorro. A criatura nasceu espalhando sangue e saliva a cada passo. Sýnpam sentiu que aquele poderia ser o seu primeiro e último dia como imperadora. O erro de Sablokrates foi acreditar que a criatura iria obedecer às suas ordens. Esse monstro só tinha um mestre, o velho Oni que ela matou sem pensar nas consequências.
— Por que essa coisa está nos atacando? — perguntou Sablokrates.
— Isso é ruim! — gritou um dos soldados.
— Você não devia ter matado o Oni, só ele tinha controle sobre essa besta! — falou outro.
— Devíamos matar você aqui e dizer que foram os deuses que te mataram — gritou um soldado raivoso.
— Vocês não podem matar sua imperadora sem sofrer as consequências! — respondeu Sablokrates com medo de ser assassinada.
— E quem é que vai nos punir? Todos te odeiam, sua maldita de merda! — falou um dos soldados antes de cravar sua espada na barriga de Sablokrates.
Assim pereceu Sablokrates, traída pelos seus próprios homens no campo de batalha. Enquanto isso, Cérbero continuava seu ataque desenfreado contra deuses e demônios. A criatura não sofria danos; a cada ataque, ela absorvia um soldado para preencher a lacuna que se abria em seu corpo.
— Senhora Sýnpam, você precisa sair daqui — disse um dos soldados.
— Você consegue se mexer? — perguntou Sýnpam com medo. Nenhum membro do seu corpo se mexia.
— Eu… também não consigo me mexer!
Sýnpam olhou ao redor e viu que todos ali presentes na batalha não se mexiam, até mesmo Cérbero estava paralisado. Uma energia cor-de-rosa e outra amarela pousou no chão do reino de Cristal, fazendo um som tão potente que quase deixou os deuses e demônios surdos! A energia ganhou forma. Agápi e Sofia apareceram, fazendo todos estremecer. Quem eram aquelas mulheres com roupas estranhas? Os demônios pensavam que se tratava de alguma arma secreta dos deuses, e os deuses achavam o mesmo, mas ao contrário!
— Esses são os deuses que criamos? — perguntou Agápi.
— Não, esses daqui são os demônios, aqueles ali são os deuses — respondeu Sofía.
— Está na hora de darmos uma lição neles…
— Não podemos permitir que eles machuquem os mortais… isso não é nada fofo! — afirmou Sofía.
Uma série de contos dos maiores heróis de um mundo místico chamado Miragem, lar de grandes criaturas mágicas e robustos guerreiros, que vai de deuses a seres super poderosos chamados anormais. Agora, quais serão as grandes histórias que esse grande mundo tem para nos contar?
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