O cheiro forte de tabaco exalava da mesa 10, que ficava bem no meio da boate Luxúria, era a mesa mais bem localizada, pois dela era possível ver toda a área, apesar disso ela não chegava nem de perto da qualidade da área VIP, por isso quando Ian viu toda aquela fumaça não hesitou em reclamar.
— É proibido fumar aqui sen… – um homem alto com ombros largos e fortes, que possuía um maxilar quadrado, sobrancelhas grossas e um olhar penetrante o fitou, o funcionário engoliu seco, não havia dúvidas que a pessoa com quem ele estava prestes a reclamar era o intocável Dante, o homem mais poderoso de toda a região. – Desculpa incomodar – completou o rapaz rapidamente saindo de fininho.
"Espero que ele não lembre do meu rosto."
Mas Ian não tinha muito tempo para pensar sobre isso, logo estaria na hora da apresentação começar e ele não podia se atrasar.
No camarim, um brilhante vestido vermelho longo de alcinha com dois decotes profundos, um nas costas que ia até o quadril e outro na lateral que ia até a coxa, o esperava com um par de sapatos vermelhos e um kit de maquiagem.
Poucas pessoas sabiam que Ivy, aquela artista que se apresentava todas as noites na boate Luxúria, era, na verdade, o bartender Ian e esse era um segredo que o rapaz guardava a sete chaves.
Como Ian ele era apenas um rapaz magro e franzino, com cabelos curtos cor de mel, ele era simples e tão comum que passaria batido em uma multidão.
Porém, como Ivy ele era uma pessoa esbelta e sensual com presença marcante, seus longos cabelos negros caídos até a cintura eram radiantes, sua boca carnuda sempre pintada de vermelho era uma tentação, Ivy não era uma pessoa, era um acontecimento e ela nunca passaria despercebida em lugar algum.
Transformação completa Ivy foi para o palco, luzes apagadas, silêncio na plateia, as pessoas mal respiravam esperando pelo aparecimento da beldade.
"O que eles fariam se soubessem que, na verdade, eu sou um homem?"
A primeira luz acendeu e a música começou a tocar, a voz doce e forte soou e a boate antes silenciosa estourou em ruídos, aplausos e gritos de histeria era tudo para Ivy.
No palco, Ivy podia brilhar, coisa que Ian nunca ousou fazer.
Seu olhar varreu a pequena multidão e encontrou um par de olhos que a encaravam intensamente, um calafrio percorreu a sua espinha quando um malicioso sorriso nasceu naquele rosto sério, um dedo foi levantado em sua direção e Ivy teve a pequena impressão de que aqueles lábios perversos diziam.
"Eu quero ela."
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