Sýnpam despertou no meio da noite. Suas mãos estavam amarradas com cordas mágicas que drenavam a sua força. Ela passou as mãos na orelha com um olhar desesperado. Lá estava o que nossa deusa procurava, seus brincos! Ela puxou de sua orelha e os encarou com um sorriso.
Sýnpam fechou os olhos e respirou fundo, enviando sua consciência até a presença de Naja, que naquele momento estava fugindo de um bando de Pigmeus nervosos. Ela sorriu. Aqueles pequenos homens eram engraçados!
— Naja, está me escutando? — disse ela, fazendo Naja se assustar.
— Pelos céus, você demorou! — respondeu nossa heroína se jogando num precipício.
— Naja, sinto que muitos mortais pereceram nas mãos dos deuses, você precisa chegar rápido no seu destino para cessar essa loucura.
— Você é uma deusa, igual aos homens que estão oprimindo nosso povo, por que devemos confiar em você? — perguntou Naja enquanto era ajudada pelo senhor Lobo.
— Observo as criaturas deste mundo a muito tempo, antes mesmo dos deuses descobrirem a existência da sua terra.
— Por que não os impediu? Você poderia ter dito para eles que não tinha nada por essas bandas! — gritou Naja.
— Como você, também tenho um líder. Seu nome é Draglicano. Ele queria expandir seu império, tentei convencê-lo a deixar essa loucura para trás, no entanto, ele preferiu ouvir o seu ego do que meus conselhos.
— Mesmo que eu consiga achar as criadoras, quem vai impedir que seu imperador não nos mate?
— Tenho um plano, não se preocupe… somente dei um jeito de achar as criadoras!
Sýnpam cessou a conversa. Passos fortes de uma armadura de metal se aproximavam. Ela escondeu os brincos e olhou para porta com uma expressão neutra. Draglicano entrou na cela com um olhar arrogante. Sýnpam sorriu. Típico de um almofadinha como ele se vangloriar.
— Sýnpam, nossa querida Matriarca da Natureza, está gostando de sua cela? — perguntou ele.
— Essa coisa não vai permitir que eu fique presa por muito tempo, então não comemore.
— Sua casa está comemorando sua queda… eles querem que eu pinte as paredes do castelo com seu sangue! — zombou Draglicano.
— Um erro que cometi foi não ter matado todos esses traidores quando tive a chance.
— Não pense que vim até você a fim de debochar da sua situação, quero um acordo que vai beneficiar todos nós — disse o imperador se agachando.
— Que tipo de acordo?
— Você usa seus dons para me dar informações sobre todos os deuses do reino de Cristal e, em troca lhe devolverei sua casa e limparei o seu nome diante de todos os juízes.
— Vi na sua mente o que você planeja fazer com os mortais, você quer governar todos os mortais com chicotes e fogo, prometendo o céu aos que te servirem cegamente e o inferno aos que questionarem seus atos de crueldade.
— Como você sabe tudo isso? — perguntou ele assustado.
— Sou onisciente, vejo o coração de todos, não importa quem seja.
Draglicano não se segurou. Ele bateu no rosto de Sýnpam, fazendo ela cuspir sangue. Nossa deusa sorriu. Fraco e com ego frágil, ele era mais fácil do que ela estava imaginando.
— Eu não vou deixar você maltratar os mortais… sou a deusa deles, vou protegê-los até o fim da minha vida! — gritou Sýnpam.
— Não se preocupe, amanhã você será morta… — afirmou Draglicano se erguendo do chão —, pensei que você seria uma aliada nesse novo mundo que aspiro criar, mas vejo que você é só mais uma praga que precisa ser destruída para que somente minha vontade permaneça acima de tudo…
— Sua vontade é ser glorificado por todos, como um menino mimado que só quer atenção — sussurrou Sýnpam.
— Não tente me dar sermão, o que você faria em meu lugar? Serviria os mortais? — zombou Draglicano.
— Eu deixaria os mortais viverem como quiserem, amaria eles do jeito que eles são, não imporia cargos e jugos difíceis de se suportar só para mandá-los as chamas eternas, na verdade, eu nunca me chamaria de amor se meu intento fosse amar somente os que seguem minha vontade e assassinar com torturas terríveis os que não me obedecerem — respondeu Sýnpam.
— Que seja feita a minha vontade e não desses vermes malditos — disse o imperador fechando a cela.
…
Sablokrates se aproximava do Reino de Cristal com um pequeno número de demônios e uma coisa enorme que tocava o céu! O imperador Draglicano não acreditou no que via. Sýnpam tinha razão, os demônios não foram todos destruídos na guerra. Os ministros e juízes dos deuses estavam juntos, eles também ficaram assustados.
— Senhor, devemos atacar? — perguntou um dos soldados.
— Ainda não… estou vendo um sinal de rendição no pano que cobre essa coisa — respondeu o imperador apontando para o troço.
Sablokrates ficou de Joelhos, com o rosto em terra, chorando e glorificando o nome de Draglicano. Todos ao redor olharam com desconfiança, aquilo parecia ótimo para ser verdade. A Demônia era conhecida pelo seu ego, ela nunca ficaria de joelhos diante de um deus!
— Mulher demônio, o que você faz aqui? Sua presença não é bem-vinda em minha terra — disse o imperador.
— Meu senhor, eu perdi, admito isso… nosso povo e eu concordamos que você deve ser o deus dos deuses, já que ninguém pode derrotá-lo — respondeu a demônia gemendo.
— O que significa aquela coisa? É alguma arma para nos matar? — indagou o imperador.
— Puxem o pano! — gritou Sablokrates.
Os demônios removeram as cordas que enrolavam aquela coisa gigante, revelando uma estátua com a aparência do imperador Draglicano! Ele ficou admirado em ver seu rosto em algo tão magnífico. A estátua era de ouro, com detalhe feito de pedras preciosas e panos dos tecidos mais raros do nosso mundo.
— Essa estátua foi feita para adorá-lo, meu deus Draglicano! — clamou a demônia.
— Senhor, destrua essa coisa e mate essa demônia, ela está tentando te enganar — disse um dos juízes.
— Cale sua boca, eu sou o imperador aqui! Se eles querem me adorar, que assim seja! Levem essa estátua para dentro do nosso reino e obriguem a todos a adorar como um símbolo da minha divindade!
Os juízes não conseguiram acreditar no que estava acontecendo. Naquele momento, as palavras de Sýnpam começaram a fazer mais sentido, Draglicano era louco e levaria todos a destruição!
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