Naja e o Senhor Lobo estavam em alto mar numa embarcação feita com madeiras e cipó. O medo disso tudo afundar era grande, mas o de fracassar na missão era maior ainda! Antes de chegar na praia, ela viu um grupo de fugitivos do norte. Eles narraram todo sofrimento que vinham sofrendo nas mãos dos deuses. Isso fez com que o coração de Naja ficasse preocupado com o seu povo. Ela era uma caçadora solitária, porém, ainda era membro de sua tribo e como tal devia protegê-la contra os invasores.
— Senhor Lobo, acorde — disse ela acariciando a cabeça do grande animal.
— O que foi, já chegamos?
— Pelo contrário, só vejo água e peixes — afirmou Naja.
— Essas criadoras deviam ter escolhido uma casa mais perto da praia, não acha?
— Aquela mulher que falou conosco, até agora não deu mais sinal de vida — disse Naja.
— Talvez ela tenha mentido para nos afastar da tribo.
— Isso não faz muito sentido… acredito que algo ruim tenha acontecido com ela — disse Naja com um olhar preocupado.
— É por isso que devemos continuar navegando, ela se deu mal tentando nos ajudar, então vamos agradecer salvando nosso traseiro! — zombou o Lobo olhando para o horizonte.
Outra noite chegou, dias de viagem no meio do oceano não estava fazendo bem aos nossos heróis. Naja estava tendo delírios. Ela dizia que se apaixonou por um assassino e que ficaria feliz se o encontrasse. A preocupação tomou a mente do Lobo. Seus instintos diziam para voltar, porém, eles estavam tão longe que até o caminho de casa se perdeu. Miragem não é um mundo pacífico. Temos criaturas terríveis que fariam qualquer um tremer na base. O mar também era o lar dos Kaijus, monstros gigantes e sereias assustadoras!
— Naja, você consegue me ouvir? — perguntou o animal a Naja. Ela estava deitada com a cabeça apoiada numa pedra gemendo e tendo tremores.
— Quero… meu ninja… Bang… Bang…!
— Onde fomos nos meter — sussurrou o senhor Lobo.
O mar começou a tremer. Ele olhou para a esquerda e viu uma grande elevação se formando, trazendo consigo ondas maiores que a embarcação que eles estavam. Um Tigralena nadava a toda velocidade em sua direção. O senhor Lobo virou os seus olhos para a direita e viu outra elevação, dessa vez um Pisgrolf se aproximava. Ele era um macho alfa, aquela cena era clássica no mundo animal. Esses dois monstros iriam brigar pelo território, destruindo tudo ao seu redor!
— Acorda… Acorda logo! — gritou o Lobo com uma expressão de desespero.
As criaturas se colidiram, fazendo uma enorme onda. O pequeno barco dos heróis foi arremessado para as pedras, cortando a madeira ao meio. Naja acordou com a água salgada entrando em sua garganta. O senhor Lobo não sabia nadar, desesperado, ele mexia as patas tentando subir a superfície. Naja nadou até ele e o ajudou a se acalmar. As criaturas eram implacáveis. Sua luta, barulhenta e assustadora, fazia parecer que o mundo estava acabando.
— Senhor Lobo, acho que vamos morrer! — gritou Naja.
— É uma honra mor5eao seu lado! — respondeu o Lobo com lágrimas nos olhos.
De repente, Naja viu surgir, bem na sua frente, as praias de uma ilha mágica. Sorrindo, ela nadou até o local junto de seu amigo peludo. Essa é a maravilhosa e fantástica Seichi, a ilha mágica que só se revela para os homens com boas intenções.
— Que lugar é esse? — perguntou Naja tentando recuperar o fôlego.
— Não faço a mínima ideia… deve ser aqui que as criadoras se esconderam!
— Essa floresta parece ser mais perigosa que a nossa — afirmou Naja.
— Sinto um frio na espinha… esse lugar parece… mágico?
— Descanse um pouco, iremos adentrar essa mata ao amanhecer.
Pela primeira vez, Naja estava sentindo medo de andar numa floresta. O senhor Lobo tentou farejar outros animais selvagens; contudo, nem mesmo o cheiro de um roedor conseguiu sentir. "Como eu queria encontrar aquela deusa!", pensou Naja, olhando para os lados. Sem ela perceber, as árvores observavam, cochichando uma à outra, o caminho que os dois forasteiros faziam, alcançando grande parte das terras mágicas de Seichi e chegando aos ouvidos dos Trolls e Pigmeus.
— Homens, peguem suas lanças e se preparem para capturar os invasores! — gritou o rei dos pigmeus ao seu exército.
Os trolls, por outro lado, só pensam em comida. Uma intrusa em seichi só significava ter que dividir os suprimentos. O líder deles, uma criatura humanoide de duas cabeças, gritou ao seu exército de monstros famintos:
— Os invasores querem nossa comida! Proponho comermos a cabeça de todos que querem acabar com nossa comida!!!
— Vamos comer!!!
— Vamos comer!!!
Seichi é uma ilha tão grande que vários povos mágicos vivem aqui. É claro que Naja não sabia disso. Os perigos de pisar numa terra igual à nossa é que se você não perecer nas mãos dos trolls, no manchado de um trasgo acabará caindo!
— Está ouvindo essa canção? — perguntou Naja.
— É claro que estou! — respondeu o Lobo olhando para os lados.
Naja escalou uma árvore, enquanto o Lobo se escondeu atrás das pedras. “Comer… Comer… Comer… Vamos comer!” Era a canção que nossa heroína escutava. Os trolls foram mais rápidos que os Pigmeus. Naja ficou admirada em ver povos diferentes. Em Miragem ela estava acostumada com Elfos, anões e Orcs, mas aqui era completamente diferente! Ela pegou sua flecha e mirou no monstro mais alto do exército. Se ele desse mais um passo para perto dela, ela dispararia sem medo. Seus olhos se arregalaram. A árvore derrubou Naja no chão fazendo uma expressão de fúria.
— Por acaso dei permissão para você subir nas minhas costas? — gritou a árvore, chamando a atenção dos trolls.
— Comer!!! — gritou o líder deles.
O Senhor Lobo pulou na direção dos monstros, fazendo eles se assustarem. Naja pulou nas costas do seu amigo, dando sinal com um tapa para ele correr o mais rápido possível.
— Eu nunca vi criaturas assim! — gritou o Lobo enquanto corria.
— Muito menos eu — respondeu Naja —, odeio ter que admitir, mas prefiro minha casa do que esse inferno!
Cordas se enrolaram nas pernas do Lobo. Os Pigmeus, pequenos homens de 1 metro de altura, fizeram Naja e seu amigo caírem de cara no chão. O pequeno exército cercou os heróis com suas pequenas lanças.
— É tudo que preciso, morrer na mão de baixinhos! — afirmou o Lobo.
Comments (0)
See all