Uma jovem de pele morena andava no meio da floresta caçando um veado para sua tribo. Seu nome é Naja Zurinka, a filha do chefe dessa tribo tropical. Ninguém sabe ao certo quando isso aconteceu e nem qual reino pertence a Naja, mas uma coisa todos podem concordar, ela é muito importante para história de nosso mundo. Ela andava praticamente nua, somente com uma tanga de pele e pequenas fitas de couro para tapar as suas intimidades. Ao seu lado um grande lobo selvagem corria com suas garras prontas para perfurar a pele de uma presa indefesa. Essa dupla de caçadores já levou muitas vítimas ao estômago da tribo. Por ser um povo distante, a invasão dos deuses ainda não tinha chegado ao seu território.
— Quieto! — gritou ela para o Lobo, que obedeceu rapidamente as ordens de sua mestra.
— O que foi, viu algum veado? — perguntou o Lobo.
— Estou sentindo algo ruim se aproximando daquela direção — disse Naja apontando sua lança para direita.
— Humanos e suas sensações, será que terá um dia que vocês agirão por meio da lógica? — zombou o animal.
— Senhor Lobo, acho que está se aproximando um grande Triceronte!
— Sua tribo terá comida por anos se for um desses bichos gorduchos! — respondeu o Lobo entusiasmado.
Naja montou nas costas do Senhor Lobo e correu rumo ao que acreditava ser um Triceronte. Esses animais são bem grandes, mesmo tendo pele dura, sua carne é macia quando cozinhada por um dia inteiro!
Quando menos esperava, ela sentiu uma corda se enrolar no seu pescoço e puxá-la de cima da sua montaria. Dois deuses, vestindo armaduras de guerreiros, puxaram ela feito animal. O líder colocou seu pé na barriga de Naja e a apertou com força, sufocando-a.
— Esses mortais nojentos…
— Não se esqueça que precisamos dela viva para encontrar os outros.
— Droga, Queria esmagá-la feito uma barata! Como sempre, estragando minha alegria.
O senhor Lobo tinha ficado paralisado com tamanha força de seus adversários. Logo após voltar a si, ele pegou impulso nas pernas e correu em direção aos atacantes de sua mestra. Os deuses arremessaram bolas de fogo pela boca contra o pobre animal, que foi arremessado numa grande árvore, quebrando-a ao meio.
— Onde está sua tribo, mulher — perguntou um dos deuses enforcando Naja.
— Prefiro morrer… do que entregar meu povo — respondeu nossa heroína, já perdendo a consciência.
— Você é bonita, acredito que tenha apreço pelo seu rosto — afirmou o outro —, se você colaborar, deixaremos eles do jeito que está, mas se não quiser, queimaremos a sua pele até sobrar uma caveira sorridente.
Os deuses ficaram paralisados de repente. Naja conseguiu se soltar das mãos do inimigo, enquanto olhava para eles com um olhar de medo e admiração. Sýnpam fechou sua mão, fazendo os dois deuses caírem mortos. Naja não pensou duas vezes e correu dali com medo de ser a próxima vítima. Os cipós das árvores se enrolaram na sua perna, puxando-a para cima. Sýnpam caminhou lentamente rumo a nossa heroína com um sorriso amistoso.
— Olá, humana! — disse Sýnpam — Não sou sua inimiga, venho até você em nome da paz.
— O que você quer comigo? — perguntou Naja com lágrimas nos olhos.
— O meu povo tomou todo esse continente, fazendo sua espécie escrava de nossos caprichos. Eu acredito que tem um jeito de salvar o seu povo, porém não posso fazer nada ou os outros deuses irão desconfiar de mim.
— Eu não estou entendendo nada do que você está falando, sou apenas uma caçadora!
— Preste bastante atenção, jovem caçadora, quando esse mundo teve início, eu abri meus olhos e vi duas mulheres fugindo de nós afirmando que não queriam que descobrissem sua existência. Naquela época eu era só uma criancinha, ninguém quis dar ouvidos a mim.
— O que essas duas mulheres podem fazer para nos ajudar?
— Eu não sei. Eu estou apostando que elas sejam as criadoras de toda existência, por isso você precisa encontrá-las.
— Isso é loucura!
— Loucura é viver sobre o jugo da escravidão a vida inteira! — gritou Sýnpam — encontre essas mulheres e clame para elas ajudarem vocês a se libertarem dos seus opressores.
— E se eu falhar? — perguntou Naja.
— Não faço a mínima ideia — afirmou Sýnpam, desaparecendo como se fosse vapor.
Naja foi libertada das cordas. Ela foi até seu amigo Lobo e o ajudou a se levantar. Aquele foi um dos piores dias da sua vida! Nossa heroína voltou a sua tribo e narrou os fatos que aconteceram naquela tarde, deixando todos espantados. Alguns duvidaram dela, outros afirmaram que ela tinha comido cogumelos da montanha, contudo, a sacerdotisa foi a única que deu ouvidos.
— O que você ouviu sobre essas mulheres, faz todo sentido — disse a sacerdotisa, dando um copo d'água para a jovem — todos nossos antepassados acreditavam firmemente que fomos criados por duas entidades.
— Nossos antepassados disseram isso? — perguntou ela com admiração.
— Sim. Segundo eles, duas forças cósmicas desenhavam homens na areia e sopravam sobre eles, fazendo as pessoas nasceram do chão!
— Você acha que devo partir?
— É claro que acho! Segundo os nossos antepassados, essas criadoras se esconderam no meio do oceano. Procure por elas e narre o que ouviu da mulher misteriosa. Acredito que você é a única que pode salvar nossa tribo.
A sacerdotisa entregou um colar mágico a Naja, dizendo que aquilo poderia revelar o que está oculto. Ela beijou a testa da caçadora e a enviou nessa missão desconhecida. Ninguém sabia ao certo o que diabos era a mulher que falou com Naja, mas todos poderiam concordar em algo, a palavra da sacerdotisa é lei, se ela disse que essa missão é importante, então importante ela é!
— Está pronto para uma aventura? — perguntou Naja ao seu amigo Lobo.
— É claro que sim, minha senhora — respondeu o animal entusiasmado.
— Não sabemos o que nos espera do outro lado, se quiser ficar por aqui, eu não ficarei triste ou brava.
— Está zombando da minha cara? Sou um Lobo, não um totozinho qualquer!
— Meu amigo, essa será a primeira vez que deixamos esse lugar.
— Esse é o destino dos bravos e destemidos!
— Tem razão… vamos embora antes que comece a chover! — zombou Naja.
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