O clima na sala tornava-se cada vez mais tenso à medida que All se preparava para atacar. O senhor, no centro da sala, sentia algo estranho naquele momento. "Por que estou tenso? É só uma criança", pensava ele. Um desconforto tomava conta do velho e experiente guerreiro. All fechou os olhos por um momento e deu uma forte inspirada de ar.
"Quando quiser", exclamou o senhor.
O desconforto que o senhor sentia parecia crescer cada vez mais, como se ele estivesse enfrentando uma fera poderosa ou um lendário guerreiro mortal. Era como se seu corpo gritasse para ele atacar primeiro ou fugir dali. Então, algo estranho aconteceu: lentamente, a silhueta do garoto parecia ficar mais apagada, e uma cortina de fumaça surgiu na sala. Aos olhos daquele homem, o garoto desapareceu. Ele arregalou os olhos, assustado com a situação. Antes que pudesse ter qualquer reação, o senhor notou uma silhueta logo abaixo de seus olhos. Como uma sombra, uma lâmina de espada se revelou em direção ao seu pescoço, aparecendo em sua visão como um fantasma surgindo do nada.
"O que?!", o senhor sussurrou em voz baixa, com a voz um pouco trêmula.
Ao colocar seus olhos na sombra abaixo dele, o senhor viu o garoto agora com os olhos abertos, olhando fixamente para ele com uma expressão séria, segurando sua espada com as duas mãos. O senhor não conseguia explicar para si mesmo o que acabara de acontecer. "Eu perdi?", era a frase que surgia e tomava conta de sua mente.
"O senhor está bem?", All perguntou preocupado, ao ver a face do senhor um pouco pálida e confusa.
"Ah... ah... Sim! Huhum! Desculpe, distraí-me por um momento", o senhor respondeu tentando disfarçar, enquanto dava uma olhada para o lado.
"Não é bom ficar distraído em um duelo. Não levar seu inimigo a sério pode ser o seu fim", o garoto falou, dando uma leve risada de deboche.
"Sim... Sim... Vamos novamente", o senhor respondeu.
O senhor deu alguns passos para trás e apontou a espada novamente para o garoto.
"Pode vir", o senhor falou em voz alta, mas agora com um olhar fixo no garoto.
All puxou sua espada para a esquerda e avançou em direção ao senhor, golpeando-o na horizontal. Por sua vez, o senhor não teve dificuldades em se defender, jogando a espada do garoto para trás. Rapidamente, All se reposicionou, dando alguns passos para trás e logo em seguida voltando à ofensiva novamente. Após defender alguns ataques do garoto, o senhor, que segurava sua espada com apenas uma mão, demonstrava estar levemente distraido com toda a situação anterior esboça uma leve expressão de raiva e então leva a outra para o cabo de sua espada. Antes que All pudesse se reposicionar, o senhor deu uma investida com a espada na horizontal, buscando acertar o garoto de lado. O garoto, por sua vez, rapidamente jogou uma espada contra a do senhor, soltando uma das mãos do cabo e a levando na lâmina, usando a espada para tentar parar a espada do senhor. Mas, com a grande diferença de força entre os dois, All foi jogado para longe, caindo ainda de pé alguns metros para o lado. Suas mãos tremiam levemente por causa do impacto, mas ele estava intacto.
O senhor fica momentaneamente surpreso com a reação do garoto, mas ao olhar para All, percebe que havia exagerado um pouco na sua avaliação. Então, ele respira fundo.
“Acho que já está bom. Já consegui entender sua técnica com a espada”, diz o senhor enquanto guarda sua espada na bainha.
“Certo”, responde Alexander, ainda um pouco ofegante.
“Nada mal, garoto”, comenta o senhor, virando-se e caminhando em direção a uma pequena mesa no fundo da sala.
Ele pega um lápis e começa a fazer algumas anotações em um pedaço de papel, antes de se virar novamente para Alexander.
“Está tudo certo, garoto. Amanhã, no salão principal do prédio, serão divulgados os resultados dos exames. Enquanto isso, você pode fazer o que quiser, ir para o seu dormitório ou explorar a academia”, diz o senhor.
“Certo! Obrigado”, responde Alexander, curvando-se levemente para o senhor.
Ele coloca a espada na bainha e se dirige à sua mala. Em seguida, deixa a sala e caminha pelo corredor de volta ao salão. Lá, ele puxa um papel de sua mala com algumas informações pessoais e busca o número do seu dormitório. Depois de encontrá-lo no canto superior do papel – “Dormitório 2, Quartos 23” –, ele vai até um dos ajudantes e pergunta onde fica o dormitório. O rapaz indica a direção.
Assim que sai do prédio, Alexander segue à esquerda do chafariz por uma rua que passa por mais dois prédios até avistar o terceiro: “Dormitório 2”. Ele entra pela porta da frente e segue por um corredor, olhando porta a porta, até encontrar o seu quarto. Alexander puxa a chave do bolso e abre a porta lentamente, olhando para dentro. O quarto não é muito espaçoso ou luxuoso, mas parece ser confortável, com duas camas à esquerda e dois armários à direita. Uma porta ao lado dos armários leva ao banheiro, enquanto uma janela do lado oposto à porta de entrada oferece vista para um campo aberto com um bosque ao fundo.
“Nada mal”, diz All ao entrar no quarto.
“Tem duas camas, então acho que vou ter um colega de quarto”, ele continua, andando e olhando para as camas, parando em frente à mais próxima da janela.
“Já que cheguei primeiro, vou escolher a da janela, heheh”, All diz, dando uma leve risada enquanto coloca sua mala sobre a cama.
Após colocar seus pertences na cama, All os arruma em seu armário. Como já estava ficando tarde e não teria mais muito o que fazer, ele decide ficar no quarto descansando e esperando por seu novo colega de quarto.
“Aluno número 432”, uma senhora fala em um tom alto e um pouco cansado. Seis pessoas estavam sentadas ao redor de uma mesa, conversando, vários papéis e livros cobriam a mesa.
“O que vocês acham desse garoto?”, a mesma voz que se encontrava na sala de teste de mana fala em alto tom.
“Seu poder mágico não é nada demais, mas também não é de todo ruim”, um homem responde.
“Qual é o seu veredito sobre ele, Professor Thomas?”, a senhora fala enquanto coloca o papel que estava segurando na mesa.
Ao colocar o papel sobre a mesa, revela a foto com informações sobre Alexander.
“Sua espada era boa e firme, não cometia erros e nem fazia movimentos desnecessários êeeh…”, a voz do examinador de esgrima responde à pergunta.
“E o que é isso, Professor?”, a senhora pergunta.
“Não é nada… O poder mágico dele pode não ser dos melhores, mas suas habilidades com a espada compensam”, ele fala, dando uma leve engasgada com a voz.
“Entendo, bem, acho que já podemos discutir o ranking dele”, outra voz masculina responde vindo do outro lado da mesa.
“Sim”, a senhora responde.
A noite já estava caindo e All já estava cansado de esperar. Ele começou a cogitar que não teria um colega de quarto e decidiu ir dormir.
Crrrr! Um ranger de porta pode ser ouvido.
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