Mya deixou seu sorriso, virando seu olhar para um ponto fixo perto das cabanas.
― O que você tá olhando, Mya?
Sua feição mudou por alguns segundos, que jurava estar encarando alguém.
― Hum, nada. Achei que tivesse visto algo;
Rapidamente ela se recompõe; aquele sorriso volta para o seu rosto como se nada houvesse acontecido.
― De qualquer forma, sua declaração sobre ficar a sós com o Yuki vai ter que esperar um pouco! Por enquanto, meu objetivo é fazer vocês irem à festa!
Antes que pudéssemos dizer algo, o segundo sinal toca.
― He, he! Salva pelo gongo!
Ela então saiu andando um pouco mais rápido, enquanto Mikel corria atrás dela de forma exagerada. Por todo o corredor, eles se implicavam. Mya dizia que Mikel e eu formávamos um lindo casal, enquanto Mikel parecia nervoso. Era uma cena engraçada de se ver. E eu já estava acostumado com essas reações.
― Até mais, meninos!
Mya se despede, indo para sua sala na ala feminina, enquanto Mikel e eu fomos em direção a sala 8A-B, na ala masculina.
― Então... Será que só eu percebi que a Mya está animada demais? Não que seja um problema, mas, encontros?
― Acho que é o jeito dela...
― Tá, mas ela sabe que eu não gosto das alunas daqui.
― Como assim?
― Ah... Deixa pra lá.
O rosto dele parecia bem preocupado. Assim como eu, ele também não sabia dizer “não” para Mya, o que faz sentido ele se arrepender de ir à festa.
― Ei, Mikel. Eu também não gosto dessas coisas de encontros... Me deixa nervoso.
― Eu também fico. Só que... você vai estar lá comigo. Então, vou ficar calmo.
― Ei! Não diga essas coisas!
― Mas é a verdade!
Ele continuou com aquele sorrisinho preocupado. Isso me afetava de muitas formas. Enquanto estávamos indo em direção a sala. Uma figura quase que brilhante vinha em nossa direção. Ela parecia radiante que chegava a ofuscar.
― Espera! Aquela não é nossa professora de Biologia?
― É... Acho que sim. Por quê?
― Achei que ela só viesse aplicar a prova na sexta que vem.
― Bom dia, rapazes! ― Ela parecia ainda mais radiante de perto. ― Tenham uma boa prova.
― Espera!!! Como assim “provas”? ― Perguntei, mas ela apenas deu um sorrisinho e saiu.
― Achei que fosse sexta que vem! ― Dissemos em sincronia. ― Mas hoje é sexta-feita!!!
SALA 8A-B – 8:30am
Já na sala. Mikel e eu nos dirigimos aos nossos lugares determinados. Era dia de rodízio de lugares, então ficamos em filas separadas. Realmente havíamos esquecido da prova.
A universidade era bem rígida no quesito “estudos”. Distrações não eram permitidas. Eletrônicos pessoais em geral eram estritamente proibidos durante as aulas. Conflitos verbais e físicos poderiam levar à expulsão imediata. A reprovação também poderia levar à expulsão. No geral, qualquer coisa que quebrasse as regras escolares poderia levar à expulsão ou uma ida até diretor. Eu nunca o vi, mas há boatos de que ele não era muito amigável, por isso quase nunca os alunos o via e os que o via, geralmente já eram expulsos.
Já ouvi boatos de que o filho do diretor também estudava na universidade, mas até hoje ninguém sabe quem ele é ou comenta sobre o assunto.
Virou uma espécie de tabu naquela universidade, então apenas seguimos o ritmo tentando não sermos expulsos.
Mikel ainda era bom, e tinha chances de se dar bem, mas definitivamente eu estava encrencado. Mais uma nota baixa e eu tinha riscos de ser expulso.
― Sentem-se, por favor. Iremos iniciar a aplicação da prova.
Alguém então fez com que todos voltassem sua atenção para a frente da sala. Havia uma professora e um monitor, possivelmente do grêmio estudantil. Eu nunca havia o visto antes. Ele continua as orientações:
― A prova é individual. Então, mantenham-se em seus devidos lugares. Junto com as provas haverá um formulário que deve ser anexado à prova e entregue no final. Qualquer dúvida, apenas levantem a mão.
Alguém do fundo pergunta um pouco interessado:
― Você é o nosso novo professor substituto?
― Perdoem-me! Ainda não me apresentei. Eu me chamo Petrus. Sou presidente do grêmio estudantil e aplicador até que o professor volte.
Ele parecia bem sério. Eu o encarei por alguns segundos, e percebi um sinal acima em seus lábios. Na verdade, parecia algum tipo de corte em um lado e um sinal de nascença discreto do outro. Seu cabelo também era bem incomum para alguém que estava no grêmio. Havia uma cor vermelha nas pontas do cabelo. Mas seu jeito de agir e de falar faziam jus ao seu cargo.
Antes que ele pudesse perceber meu contato observador sobre ele, eu apenas desviei os olhos para que não percebesse. Ele era bem bonito.
― Mais alguma pergunta? ― Todos continuaram em silêncio, o que fez ele continuar. ― Não? Ótimo! Façam silêncio e tenham uma boa prova.
E então a prova começou.
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