DIVINDADE DESCONHECIDA – REINO DESCONHECIDO – ???
Homo sapiens. A espécie meramente sábia que prevalece no universo e, mais precisamente, na terra. Suas vidas são menores que um sopro… e tão fútil quanto sua própria vontade de viver.
Meramente um ser incompetente que busca um lugar ao sol. Enquanto ainda podem, lutam contra o tempo, mas quando suas vidas chegam ao fim… é a mim que eles recorrem.
Não importa quantas vezes eu o faça, sempre se torna entediante. O mesmo olhar, o mesmo motivo. Sempre tão tolos.
Finalmente meu despertar estava iniciando. Quem havia me despertado? O poder ainda é fraco, mas eu posso sentir. Uma alma humana vazia.
— Mero mortal insignificante… Diga-me: o que te levou a mim? – Perguntei voltando meu olhar ao dele.
Apesar de rodeado de todas aquelas criaturas do limbo, aquela alma estava firmemente inexpressiva. Sou conhecido por causar discórdia em determinados seres. De certa forma, eu não os culpo. Mas aquela alma, era rara. Ele não estava com medo, havia outra coisa…
— Me leve com você.
Foi o que ele disse em um sussurro. Seus olhos eram negros como as profundezas da própria escuridão, sua pele era tão pálida que julguei que em vida também estivesse morto. Não havia qualquer hesitação. Ouvir o que o humano tinha a dizer era mais do que o suficiente. Já que tal desconhecido me diria porque havia me despertado, nada mais justo do que o ouvir. Mas parecia inútil.
— Fale mais alto, humano! Não consigo ouvi-lo! – Esbravejei, mas, mais uma vez, sua expressão continuou inabalável.
— Me leve com você.
— Levá-lo comigo? E por que raios, em meu nome, eu faria isso?
Dessa vez sua expressão mudou para um total cabisbaixo. Demorou um pouco para que finalmente se decidisse.
— Eu farei qualquer coisa que me ordenar.
Muitos se arrependem de me invocar, ou simplesmente me confundem com a morte. Mas de todos os tempos que se passaram, quase nunca ouço propostas interessantes como a dele. “Qualquer coisa que ordená-lo?” Ele diz.
— E porquê? Para um verme me propor algo imprudente, deve haver alguma razão.
— Razão? Curiosidade talvez?
E de todos os tempos “despertar-me por curiosidade” estava longe de ser uma boa razão. Ele estava mentindo. Eu podia sentir seu coração o entregar. Havia muito mais do que apenas curiosidade. Havia angústia… Havia muita angústia dentro daquele ser. E isso me atraia.
— Curiosidade? Como ousa cometer tamanha atrocidade?!
Em poucos minutos seu corpo já estava envolto nas sombras, e sua expressão deu lugar a um rosto ruborescido. Enfim uma pequena expressão se fez naquele rosto sem graça. Uma oportunidade então se fez.
— No entanto… tem sorte de eu ser muito tolerante. Mero mortal, vou lhe conceder o desejo da minha maneira, por mera e pura curiosidade. Mas antes, por me despertar sem qualquer razão apropriada, vou te ensinar boas maneiras… E que não se deve mexer com aquilo que não conhece!
Aquela alma finalmente seria minha. Aquele suspiro de poder que lutava para viver.
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