Um daqueles inimigos a sua frente com aquela túnica verde, rindo, criou garras de energia afiadas provindas do poder da marca e o outro fez um movimento estranho com os braços abrindo-os para o nada, naquele momento, um forte impulso no ar daquela atmosfera foi executada atrás do cara com garras que pulava e parecia que o homem feroz iria aproveitar o impulso para atacar o Buloke como um Tigre faminto por sua presa.
Aquele momento durou poucos segundos só que para Raimundo durou uma eternidade, a impotência, medo e covardia eram como correntes de aço que prendiam ele ao chão. Mas, vinha uma força de dentro que era capaz de quebrar essas correntes e o libertar, essa era a vontade de viver mais um dia, a vontade de ver o rosto do seu melhor amigo novamente, aquilo fez suas pernas saírem da inercia. Raimundo desviou por muito pouco do ataque do encapuzado e só teve tempo de cruzar os olhos com uma estranha pulseira que tinha visto em algum lugar mais cedo.
O impacto do impulso do homem das garras foi tão enorme que ele até chegou a quebrar a porta dupla que Raimundo tinha acabado de abrir. Como instinto, o Buloke correu até o final do corredor da biblioteca e surpreendeu-se novamente com o mesmo homem que tinha errado o ataque, desferindo um ataque de fora quebrando a parede tentando alcançar o jovem novamente, porém, por conta de um desvio de Raimundo para a segunda prateleira da biblioteca, não havia sucesso. Atentando-se ao fato que tinha outro encapuzado na sala, o garoto observou entre o espaço que dava para ver as outras prateleiras para encontrar o outro homem, e assim, notou que o mesmo estava a duas prateleiras tentando ir para a mesma direção que ele. No desespero e calor do momento, Raimundo empurrou seu corpo contra a prateleira derrubando-a, planejando fazer peso para derrubar a outra e esmagar o homem.
— Ah, seu moleque desgraçado... — O resmungo foi a último som que poderia ser escutado antes do estrondo das prateleiras de madeira quebrando e inúmeros livros caindo. Olhando para a situação, o homem das garras perdeu alguns segundos tentando entender qual seria seu próximo passo, mas é chamado atenção no mesmo instante.
— Está esperando o quê? Pega ele! — Gritava com dificuldade cuspindo sangue por conta da prateleira que estava em cima dos membros inferiores. O homem das garras logo transferiu seu olhar para onde ficava a porta e então, apenas viu um vulto de Raimundo indo para o corredor correndo, então começou a segui-lo urgentemente.
"Se minhas suspeitas estiverem certas, o impulso veio daquele cara que derrubei e por isso, ele vai demorar para me pegar! Eu tenho que correr o mais rápido possível!"
E assim, aconteceu. Talvez seria o fim de Raimundo enfrentar os dois em conjunto, ali havia a possibilidade de sobrevivência. Ele só precisava chegar até o primeiro andar, sair da escola e posteriormente, ter fôlego para chegar até em casa. Virando no final do corredor, deu uma leve olhada para trás e duas coisas chamaram atenção dele, o homem de garras tentando alcançá-lo e a parede da biblioteca indo ao chão com tudo. Uma gota de suor caiu, e o jovem aumentou a velocidade que nem sonhava que tinha pela extensão daquele novo corredor.
Num salto de velocidade que só via em atletas, Raimundo corria para prezar por sua vida e quando percebeu já estava no meio do corredor. Contudo, sequencialmente, ouvia um grito de advertência e quando percebera, não sentia mais o chão.
— Não vai fugir!!
Uma onda de impulso de ar que chacoalhou tudo que viera pela frente surgiu das mãos do homem que tinha sido derrubado pela estante de livros, porém, a força dos ventos era infinitamente superior ao que ajudou o homem das garras atacá-lo anteriormente. O chão e o teto eram destruídos instantaneamente após a passagem de ar que destruia até a metade do corredor, aquilo andava pouco a pouco até chegar em Raimundo, fazendo-o cair no andar de baixo junto ao chão que desabava.
"Eu vou morrer?!"
Refletia o jovem após ser dominado pela onda de poeira dos destroços daquela destruição...
Caído todo torto em cima de uma estátua arqueológica de ossos falsos de Tiranossauro que se despedaçavam totalmente, Raimundo sentiu um calor na sua testa e logo o sangue caia gota a gota colorindo aquela totalidade cinza em carmesim. Talvez aquela perda de sangue ou todo desespero naquela situação de quase morte fosse o gatilho, na realidade, não importava de onde surgira, mas isso tudo levou o Buloke novamente para a conversa de mais cedo...
— Então, qual foi a solução que vocês resolveram para vencer essa arapuca que armaram para gente? Vão chamar aqueles de fora do País para ajudar? — Questionava Raimundo após a revelação que seu pai fizera.
— Impossível. — A expressão de surpresa e medo no rosto do jovem Buloke só se destacaram ainda mais com a forma direta que seu pai respondeu. — Aqueles homens só vieram uma única vez a 50 anos atrás, com isso concluímos que é praticamente impossível eles virem novamente para ajudar num embate que nós suportaríamos caso estivéssemos no auge.
— Então, quem irá derrotá-los?
— Vocês vão! — Num grito assustador impaciente que Raimundo nunca escutou antes do seu pai, Luiz esvaiu todo o estresse. Seguidamente, começou a falar de coração para o filho. — Conversei com o Arthur ontem e nós chegamos a conclusão que chegou a hora de vocês, a nova geração, assumir essa luta. Eu tentei fugir disso por muito tempo porque queria que de alguma forma, vocês fossem livres dessa maldita matança sem fim. Mas, não tem jeito. Você é nosso primogênito, Raimundo. Ou temos você no campo de batalha, ou toda nossa família corre risco.
Raimundo virava o rosto apertando seu punho com toda força do mundo, até ser advertido pelo pai com um chamado.
— Olha para mim, filho. — O carro parava no sinal vermelho fazendo ser possível, Luiz trocar olhares com o filho que obedeceu por impulso. — Pensa na Raissa, na sua mãe e nos seus amigos. Se não for você, quem vai protegê-los?
O olhar de melancolia, honestidade e principalmente de vulnerabilidade de Luiz foi o mais sensível que Raimundo presenciara do pai em anos. Foi aquele olhar que conduziu toda essa preocupação no primeiro dia de aula no Buloke, levando a uma crise existencial.
Todavia, ao recordar desse mesmo olhar naquela situação desesperadora de beco sem saída que se encontrava, aquilo não fez ele fraquejar. Em contrapartida, despertou um brilho de confiança e força que jamais havia sentido antes. Não importava se o inimigo era um usuário da Essência capaz de derrotar até mesmo seu pai que era forte, não importava se estava em meio a escombros que se esforçaria para levantar, não importava se sua marca da vontade ainda não tinha despertado...
Levantando com dificuldade, Raimundo impôs um olhar duro, brilhoso e determinado e falando mais para si mesmo do que para qualquer um, afirmou:
— Eu não vou morrer hoje!
Disparou firmemente em busca de um artefato que lembrava de ter visto antes ali. Raimundo, estava no Museu de antiguidades da sua escola, onde era seu ponto de encontro para conversar com sua irmã pelo campus.
"Cadê ela? Ela tem que estar por aqui!"
Vasculhava e procurava como um louco pelo todo decorrer do Museu antes que os dois descessem pela abertura no teto, o que logo em sequência, fizeram para executar o assassinato do filho dos Buloke, um grande alvo, de vez. Porém, naquele mesmo momento...
"Achei você."
Encontrava a lendária espada ancestral dos Nadiu, intitulada como "Ianua Caeli", uma iguaria exclusiva daquela escola que aprendeu sobre no Primeiro ano do Ensino médio. A espada tinha uma lâmina curva mais larga na extremidade livre, com o gume no lado convexo. Com aquilo, Raimundo faria uma investida suicida naqueles dois, mas mesmo assim, não se entregaria. Disposto a isso, tirou a espada da bainha e andou convicto até os dois encapuzados que se surpreendiam com a coragem daquele garoto.
— Olha só, garoto!
— Está realmente sem amor a vida hoje, né? — Comentavam em zombaria aquela determinação fútil de alguém muito inferior a eles. Porém, mesmo percebendo a estúpida situação que se meteu, Raimundo não fraquejou nenhuma vez, como um verdadeiro guerreiro pronto para morte.
— Já que deseja tanto assim morrer... — Revelou as garras e se agachou para pegar impulso para um pulo mortal. — Eu concederei seu desejo!
Agilmente, o homem encapuzado com garras pulou pronto para executar um golpe critico, Raimundo apenas fechou seus olhos como resposta, esperando o momento da sua morte certa...
Uma enorme dor... Era isso que ele deveria estar sentindo naquele instante... Será que morrer é tão rápido assim?
"Pera ai, o que está acontecendo?"
Não acreditava naquilo que via na sua frente após abrir os olhos, aquelas pernas firmes no chão, costas largas e cabelos loiros... Aquele era...
— Gabriel?!
Entretanto, algo estava diferente... seus braços estavam duros como pedras defendendo aqueles múltiplos golpes de garras feitos pelo homem com postura de tigre e seus braços estão como... pedras?
— Achou mesmo que eu ia te deixar morrer antes de me ajudar a pedir desculpas a sua irmã? — Debochava com um sorriso brilhante no rosto enquanto segurava os braços do encapuzado, e seguidamente, voltava sua atenção a batalha, dando um chute na barriga do homem que voava até a parede na direção que Raimundo havia caído.
— Ha! Para isso... — O jovem Buloke dava uma leve risada e andava até o lado do herdeiro Huberi, e os dois preparavam suas poses de combate. — Teremos que dar uma lição nesses dois imbecis!
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