Andando no corredor após se arrumar para escola, que não era muito seletiva com uniforme para a felicidade de muitos, pois, deixava os alunos escolherem livremente a roupa que iriam usar desde que seguissem um padrão pré-estabelecido, os garotos da escola que os irmãos estudavam eram livres para irem com qualquer camisa, porém, além da Educação Física que necessitava do uso de calção para atividades físicas, eles tinham que obrigatoriamente usarem calças jeans e as meninas podiam escolher entre calças jeans e saias não tão curtas para usarem pelo ‘campus’. Essa regra era concebida principalmente para evitar o pudor e o assédio. Pensando no look que usaria para chamar atenção e impressionar no primeiro dia de aula, Raissa decidiu usar uma camisa vinho com uma pequena folga na barriga quase como um cropped, uma saia preta godê que ela amava usar, meia-calça arrastão e uma bota de couro preta brilhante apontando um estado novo.
Aproximando-se da escada que dava ao primeiro andar, Raissa observava Layla colocando os tênis na frente da porta, ainda com sua roupa casual que usava nas ruas antes de chegar ao trabalho. Descendo as escadas e indo até à frente da adulta que ela possui a relação mais íntima — Ainda mais do que tem com sua própria mãe — Falava com euforia:
— Layla! Chegou cedo!
Levantando o olhar surpreso com a reação exagerada da garota, Layla respondia com um leve sorriso:
— Raissa, meu amor… Como cê tá hein?
— Agora que eu te vi, estou ótima! — Um abraço leve e alegre cobria os ombros de Layla, passando um conforto que fazia o dia começar melhor. A reação da ruiva veio com uma mansidão em sorriso.
— Bom, agora tenho que ir antes que eu perca o ônibus. — Afastando o rosto, animada para sair logo à escola, Raissa pegava a mochila que estava na cômoda na entrada e cumprimentava Layla com pressa.
— Vou indo, Layla. Até mais tarde!
— Pera aí, Raissa! — Atalhava a garota após ficar totalmente desnorteada com a correria dela. Curiosa, Raissa virava sem entender. Layla seriamente avisava:
— Quando retornar, quero conversar com você.
Por um segundo, Raissa tentava pensar qual assunto ou novidade sua amiga contaria, mas como não podia perder mais tempo, deu um sorriso e abriu a porta rapidamente, confirmando com um sinal afirmativo e um grito: — Beleza!
A porta fechava.
Layla queria saber mais do que aconteceu com Raissa para estar a par daquela confusão toda que ficou apenas por conhecimento deles, no dia anterior, desde sempre notava que para algo realmente chatear a Raissa teria que acertar bem no íntimo. Logo, algo sério deve ter acontecido com aqueles três. Segurando a dor no coração de pensar que aquele lindo sorriso havia sido machucado, a ruiva leva as mãos até o peito, juntando-as e suspirando fundo com uma preocupação ocupando o ar.
— Layla, bom dia! Seja Bem-vinda! — Uma voz grave e limpa tomava o vazio daquele ambiente, essa que mexia profundamente com Layla que levava um susto, arregalando os olhos e tremendo levemente.
— Que susto! — Uma reclamação em forma de suspiro acompanha como reação imediata de Layla, o homem que aparecera do nada, estava do jeito que ficava casualmente confortável, sem camisa e apenas com um shortinho para treino. Inicialmente, a ruiva não percebeu, mas ao olhar diretamente, foi impossível não corar e desviar os olhos daquele peitoral e abdômen do líder da família Buloke, em que nunca se acostumou a lidar.
— Ah, Layla! Eu te assustei? Me desculpa. — Levantando seus braços e se aproximando com um olhar de cachorrinho arrependido, Luiz lamentava entendendo ter a assustado. Entretanto, para a ruiva aquela proximidade era demais, e cada vez mais seus batimentos cardíacos aumentavam com a vermelhidão do seu rosto.
— Bom dia, senhor Luiz, eu tô bem, obrigada por perguntar! Agora, se me der licença, tenho que beber uma água! — Dizia ela rapidamente, correndo em direção a cozinha. Repentinamente, Luiz finalmente percebeu estar sem camisa na frente de uma visita e se colocou no lugar da doméstica, notando que aquilo poderia ter envergonhado ela.
"O que tenho na cabeça? Tô quase pelado aqui, vou vestir uma camiseta!"
Depois se vestir adequadamente com uma camiseta verde, para andar com visita em casa sem problemas, Luiz vai até à cozinha onde estava Layla e a primeira coisa que nota, é que além da presença da ruiva, Raimundo já estava lá tomando seu café da manhã na mesa, provavelmente estava com pressa para conseguir chegar na escola sem atrasos, dado ser o primeiro dia. Porém, sentia falta da sua filha.
— Ué? Raissa ainda não desceu para comer? — Questionava para Raimundo que estava mexendo a colher no copo de achocolatado para mexer açúcar.
— Bom dia, pai. Olha, a Raissa já acordou há muito tempo, já.
— Há muito tempo? Então, cadê ela... — Interrompido pela resposta direta de Layla que terminava seu copo da água.
— Ela acabou de ir.
— Oxi, ela foi cedo demais. Ainda falta uma hora e meia para o horário de vocês. — Reforçava Luiz enquanto olhava para o relógio de animais na parede da cozinha. Sabendo que não tinha nada mais o que fazer, o Buloke decide aproveitar essa chance para ter um tempo para revelar as cartas da mangá do que discutiu no dia anterior com Arthur para seu filho, dizendo toda a situação e mostrando o destino que o aguarda.
— Bom, eu ia propor levar vocês dois de carona para a escola hoje. Mas já que a Raissa se apressou... Vou te dar essa moral hoje, filhão. — Confirma num leve sorriso simpático que levava a uma resposta seca do jovem, que respondia sem jeito por não ser muito familiarizado com aquele tipo de ação do seu pai, com certeza tinha algum caroço nesse feijão.
Parece que até agora estamos num longo prólogo. Alguns diálogos não estão muitos espontâneos, para que os personagens estão seguindo um script, falando de forma exagerada. Não precisa colocar aspas nos diálogos, só os travessões já basta.
Raimundo e Raissa são dois irmãos de uma das doze famílias serventes, aquelas que recebem os poderes dos discípulos de Sândalo pelo passar das gerações. Raimundo é o primogênito da família Buloke, sendo taxado como escolhido para seguir o legado da família e proteger todos do mal. Entretanto, o mesmo não desperta as cores da sua "marca da vontade" e tenta fugir de seu destino sendo um garoto normal, porém alguns inimigos da família não querem deixar isso barato.
Autor: O Thi (@othi_oficial) - Ilustrador: Rren (@rren_san)
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