A Investida Rebelde tinha sido um sucesso. A rainha e um dos conselheiros, Tahu, foram encontrados no castelo mais tarde. Apesar da desconfiança de alguns, ela seria a responsável pelo trono apartir daquele momento. Durante esse mesmo tempo, Rowan explicaria para sua família tudo que havia ocorrido, desde os ensinamentos de Karen na adolescência até como acabou se tornando um rebelde, e por mais que fossem demorar para digerir tanta informação, entederiam a situação do caçula com o passar do tempo.

   Dois dias após a noite de investida, o corpo de Lázaro seria encontrado em um canal de Artuvena. Os amuletos que os soldados haviam recebido, de fato, os controlavam mentalmente, isso foi confirmado por Kamila, uma das conselheiras, que era uma maga. Eventualmente um cargo de capitão em algum esquadrão do exército seria oferecido para Rowan, mas ao invés de aceitar, decidiu repassar seu cargo para Hanna através de uma carta de recomendação.

   Rowan estava finalmente pronto para partir com Karen, depois algumas semanas navegando pelo mar, chegariam em Kabord, onde se preparariam para o Torneio daquela cidade. Os atrativos eram diversos, haviam escolas de luta, para que praticassem em competições menores antes do dia oficial chegar, mas ao invés de um festival incrível, aquele seria um dia de transtorno e confusão.

   Dezenas de navios de Artuvena atracavam no porto de Kabord, com centenas de homens e mulheres fracos, desesperados, refugiados... Durante o tempo que Rowan havia passado fora, dois dragões com um exército grandioso havia atacado a cidade natal do jovem de cabelos brancos. Aqueles que estavam nas embarcações eram os que tinha conseguido fugir.

   Rowan procurou pela sua família no meio das centenas de pessoas. Ele só encontraria Josué, pai de Hanna, Larissa, uma de suas irmãs mais velhas, a cunhada Vanessa, e o sobrinho Kain, mas o resto... Perdido. Rowan não podia acreditar naquilo. Continou procurando o resto da sua família por entre os refugiados nos dias seguintes, mas era inútil, então apartir dali, se viu como responsável pelo o que restava.

   Rowan passou a cuidar de Josué que havia contraído uma gripe e tentou arrumar trabalhos da forma que podia, usar a espada era o melhor serviço que poderia oferecer, e assim viveria pelas próximas semanas.

   Alguns boatos se espalhavam, os tais dragões e o exército que invadiram Artuvena se declaravam como "Império Drakaris", e esse império começava a se expandir por todo o sul e oeste de Paxament, invadindo e conquistando as terras que haviam pela frente, o que trazia cada vez mais refugiados.

   As cidades do norte fomariam uma aliança com o leste, e uma nação do norte, Tenari, estava recrutando soldados para uma tentativa de retomada das terras invadidas por Drakaris. Rowan se tornaria um soldado novamente, dessa vez, acompanhado de Karen, e partiria para mais uma guerra. 

   Tenari estava batalhando e vencendo algumas batalhas para retomar as vilas mais próximas do Norte, e Rowan, junto com mais algumas dezenas de navios cheios de soldados seriam enviados para a primeira tentativa de retomada de uma cidade maior da região oeste de Paxament, Pottaris.

 

   Era mais uma manhã naquela embarcação, Rowan acordava depois de um sonho ruim, estava ansioso por não saber o que havia acontecido com seus pais e seus cinco irmãos. Havia alguma chance de estarem vivos? Ele não sabia, mas tinha que se arrumar e subir ao convés. Karen já estava de pé, e ajudava o colega nos preparativos da manhã.

   Um tempo depois, uma comoção se formava no navio, eles deveriam estar perto de Pottaris. A multidão concentrada na frente junto com os outros navios à frente dificultava o que os marinheiros tentavam observar, mas havia algo bem perceptível; Fumaça.

   Era uma fumaça densa, vindo da linha de frente dos navios, e dessa fumaça densa, a silhueta de um dragão começava a se formar. Era tão enorme que parecia bloquear a luz do sol. Os capitões dos navios começavam a organizar o ataque, endireitando o ângulo do navio e preparando os canhões para atirar.

---FOGO!

   Era uma onda de tiros contra uma única criatura pairando sobre o céu, poucos tiros acertavam o dragão, e os que acertavam não pareciam surtir efeito, no máximo era um incoveniente para aquela monstruosidade. E depois da onda de tiros, viria uma onda de fogo. O dragão passava pelos navios baforando chamas e explodindo o que houvesse no caminho. Metade das embarcações haviam sido destruídas, e a criatura pousava sobre um dos navios, o que, por si só já os destruía quase que completamente.

   Ele estava diante do navio de Rowan, era visível o tom escarlate da suas escamas grossas. Apesar de toda a energia e calor, o dragão tinha um olhar frio, que fazia com que todos que os visse paralizassem com sua presença aterradora. A criatura exclamava com uma voz tão poderosa quanto um trovão:

---ESSA TERRA PERTENCE Á MIM, NAS'GUL, E A LINHAGEM DOS DRAGÕES VERMELHOS, SUA ESQUADRA A NADA PODERÁ IMPEDIR O DESTINO DESSE LUGAR. O OESTE SE TORNARÁ PARTE DO IMPÉRIO DRAKARIS, E TODOS QUE SE COLOCAREM NO CAMINHO, APENAS SE TORNARÃO PALHA PARA A FOGUEIRA.

   A visão de Rowan não via nada além de daquele dragão, não sentia nada além daquele calor infernal e não ouvia nada além daquelas palavras. Antes que qualquer um pudesse se livrar do medo, mais uma onda de fogo engolfava os navios.

   Rowan usaria as mão para proteger o rosto, não via mais nada, não ouvia mais nada e nem o chão sentia, mas aquele calor, jamais esqueceria. Uma voz chamava Rowan, que lentamente recobrava os sentidos. Ele estava deitado sobre um pedaço de madeira qualquer boiava, Karen estava chorando, desesperada. Cada centímetro do corpo dele ardia, respirar era tão difícil que talvez fosse mais vantajoso morrer afogado. Rowan tentava falar e se levantar, mas simplesmente não conseguia. Karen o abraçaria e choraria ali mesmo.

   Antes ele pensava que Karen bloqueava a luz do sol, mas percebia que a luz era bloqueada por outra coisa; Cinzas e fumaça