Polipedes entrou na sala do trono sem ter sido anunciada.
Andaimes estavam montados por todos os lados, a estátua de anjo estava sendo destruída, os vitrais sendo trocados e o trono substituído.
– O que está acontecendo?
– Menetuf ordenou que modificassem toda sala do trono, segundo ele quem planejou este lugar tinha muito mau gosto. – Respondeu Idris serenamente.
– Preciso falar com ele. Onde posso encontra-lo?
– Suba os vãos e entre no corredor esquerdo, siga em frente e dobre a última direita, siga, suba a pequena escada e verá uma porta. O escritório dele é nessa porta.
– Obrigada!
Polipedes seguiu as instruções de sua irmã e encontrou o aposento de trabalho do rei. Pensou em bater na porta, mas antes de fazer ouviu seu irmão dialogando táticas de guerra com alguém. A feiticeira não entrou, tampouco bateu na porta. Encostou a orelha direita na grossa porta de madeira e ficou ouvindo a conversa.
– Acho que devemos esperar um pouco antes de promovermos um novo ataque, Majestade. – Polipedes não sabia quem estava falando, imaginava ser o conselheiro do rei.
– Não. Devemos agir agora. Vamos encher a costa de Antífes com nossos navios e eles não terão escolha a não ser revidar, enquanto isso usamos o restante do contingente para invadir a Sístia, entrando por Pontar.
– Ainda não acho uma ideia viável, vossa majestade imperial. Haverá muitas perdas.
– Perdas? O nosso exército é um dos mais poderosos desse mundo, Flavos.
– Certamente, soberano, mas Antífes possui mais armas e técnicas de guerra melhores que as nossas.
–Tudo isso não será o bastante para nos derrotar, general. Mesmo com boas armas e altas táticas Eduardo não tem homens o bastante para nos vencer e mesmo que peça ajuda, os únicos que poderão lhe ajudar são os Cãs, uma vez que Petra tem muros nas fronteiras, é por isso que enviei embaixadores para Cã. Eles vão garantir que Arkell Qebaa não ceda ajuda a Antífes. Agora vá e faça cumprir minha ordens, se não a forca será seu destino. Entendido general?
– Perfeitamente, majestade.
Ao sair Flavos encontrou Polipedes espionando a conversa. A feiticeira fez um aceno e sorriu ironicamente para o general.
– Invadir Antífes e a Sístia ao mesmo tempo? Agora entendo o porquê de querer conquistar Aurora… é bem mais fácil para se chegar ao litoral de Antífes. – Disse a feiticeira, entrando na presença do imperador.
Menetuf estava de costas para a entrada do escritório. A majestade imperial observava um mapa mundi que estava exposto na parede localizada atrás de sua mesa.
– Ouvindo pelas portas, Polipedes? – Falou pausadamente.
– Escutei algo quando estava chegando. – Mentia a feiticeira. – Não acha melhor reconsiderar essa estratégia? Você sabe que… – A feiticeira foi interrompida.
– Não te contratei para me dar conselhos, Polipedes. Fale de uma vez o que quer.
– Preciso de um navio e alguns homens.
– Descobriu alguma coisa? – O imperador virou-se de frente para a feiticeira.
– Sim, o capitão explorador soltou o que sabia em troca de algumas moedas de prata.
– E o que ele disse? – Suspirou.
– O lugar fica ao norte de Truv’hel, em Thalia. Precisamos partir o quanto antes. Quanto a você eu realmente acho que deveria reconsiderar suas táticas.
– Chega! – Gritou o Imperador. – De uma vez por todas entenda que vou seguir o plano. O que aconteceu com você? Era ousada, destemida, sempre em busca de poder e conhecimento e agora… agora parece uma velha chata.
– Eu realmente acho que é um plano fadado a fracassar.
– Por que tem tanto medo que eu ataque Antífes? Tem pena de Eduardo, mesmo depois dele ter te jogado na prisão injustamente? Não… está com pena do garoto.
Polipedes reagiu de forma que confirmou as incertezas de seu irmão.
– Sim, é pelo garoto. Não se preocupe, nós sabemos que o garoto… – O imperador interrompeu-se.
Idris entrou sem avisar, tampouco se reverenciou para o irmão.
– Seu barco já está pronto.
– Achei que ficaria aqui por mais tempo. – Disse Polipedes.
– Este lugar ainda não está adequado para me receber. Lembre-se Idris, quando eu partir quero que me envie relatórios quinzenais.
– Perfeitamente.
– Quanto a você, Polipedes, – Menetuf sentou-se na cadeira, pegou uma pena e um pergaminho e escreveu algo, depois fechou com seu selo e entregou a feiticeira. – Pegue isto e apresente aos soldados no porto, eles atenderão as exigências aqui estabelecidas.
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