Ao receber a notícia da morte do irmão teve o peito dilacerado e seu coração arrancado, deixando apenas um vazio, vazio esse que as lagrimas que escorriam de seu rosto não poderiam encher. Após o Funeral estava devastada, de sua família ele era o único que realmente se importava com ela. Thomas foi seu mentor, sua inspiração, a razão de se juntar aos cruzados, sua morte foi sem dúvida a maior dor na vida de Ingrid, nem mesmo pode se aproximar do caixão devido a ordens do pai, foi sem dúvida a coisa mais cruel que sua família já havia feito.
Após o funeral foi até a grande Catedral de Santa Marina, onde não era vista como um bicho havia empatia por sua existência, bem diferente da casa em que cresceu. Foi até o escritório de seu irmão, ele já não estava mais lá para ficar sentado em sua mesa em meio às papeladas, trabalhando para proteger a cidade. Os pertences de Thomas também já não estavam lá, seus mapas, papeis e os livros filosóficos que ele tanto amava debater. Não havia mais a enorme escrivaninha de metal na qual ele cochilava debruçado por não dormir de tanto trabalhar, sua poltrona, verde musgo de design bizarro, era uma coisa horrenda, e ele a amava por ser confortável. Seu irmão era tão simples e tolo, escolhia as coisas mais peculiares para gastar o dinheiro abastado que tinha, dizia que o intrigava o estranho, o que ia além do senso comum, o que saia de sintonia com o resto do mundo, assim como ele a via, intrigante e bela. Não estavam mais suas estantes, nem mesmo a cristaleira com os distintivos de todos seus subordinados que pereceram em serviço, ele cuidava tão bem de cada um, eram seus símbolos para seguir em frente, representavam a fé que seus homens depositaram nele, mas agora Thomas era parte da coleção. O vazio que havia no peito de Ingrid era quase tão grande quanto o a enorme sala
Caminhou até o canto da sala e sentou-se no chão, olhava para o espaço vazio relembrando memorias enquanto lagrimas desciam por seu rosto. Partiu do mundo o que lhe era mais precioso, a primeira pessoa que a fez sentir como se fosse digna de ternura e dignidade. Perdeu a noção do tempo isolada, mas batidas na porta arrastaram de volta a realidade, uma voz conhecida veio do outro lado, era Carla sua subordinada que estava chamando. Levantou-se, enxugou as lagrimas e ajeitou o cabelo para tentar parecer mais digna não queira demonstrar fraqueza, caminhou até a porta e antes de abri-la respirou profundamente e retornou a sua expressão severa.
-O que deseja Carla? – Sua voz era ríspida e o jeito de falar seca, uma pessoa extremamente disciplinada.
-Minha senhora, eu estava a sua procura tenho uma mensagem para ti! – Carla olhou para os lados certificando-se que não estavam sendo observadas e entrou na sala. –Eu estava preocupada com você! Você está bem?
Alta de corpo esbelto e atlético, olhos amendoados e grandes que expressavam seu jeito carinhoso, cabelos castanhos de tom arruivado, um nariz arrebitado que assim como suas bochechas, é cheio de pequenas sardas. Carla sempre foi bela e gentil, e nunca deixou de cuidar de Ingrid, fora seu irmão ela era uma das poucas alegrias em sua vida.
-Eu estou bem. Não pode ver? Eu só estava checando se haviam retirado tudo da sala de Thomas. – Respondeu de maneira distante, sentia que o mal de sua família a infectou em sua criação, se importava muito com Carla, mas nunca conseguia expressar, sempre a fazia sentir-se insegura, se mostrando distante e fria. –Só veio por isso? Ver como eu estou? É por isso que eu sou a superior, você está perdendo tempo com coisas fúteis!
Carla colocou a mão sobre o rosto inchado de Ingrid e com o polegar enxugou uma das lagrimas que ainda se aderiam à bochecha. –Não fale tolices, veja só você. Está claro que não esta bem querida, eu imagino a dor que esteja sentindo, pode compartilhar eu estou aqui para você.
-O que você sabe sobre o que estou sentindo? Todos gostam de você, sempre teve um lar com uma família que te ama, você não sabe nada do que estou sentindo! – Sua voz estava coberta por rancor, com um empurrão tirou a mão de Carla. Não sabia porque tinha dito aquilo, tudo que fez foi o sofrimento aumentar, podia ver no rosto da garota que havia a magoado. Sentiu vergonha pelo que fez, mas ao mesmo tempo satisfação por vê-la sofrer e sentir um pouco da dor que sentia. –Saia daqui me deixe sozinha, se eu quisesse conversar com você teria te procurado.
Carla recuou um pouco, cobriu uma mão com a outra, não conseguia olhar diretamente no rosto de Ingrid seus olhos começaram a se encher de lagrimas. –Você não é fácil de lidar, mas eu entendo que está sofrendo por isso vou deixá-la sozinha mesmo sabendo que isso não é o melhor para você. O profeta deseja vê-la senhora. -Carla deu as costas retirou-se estava claramente magoada com a situação e Ingrid estava igualmente frustrada e satisfeita com o que havia feito.
-Você não sabe o que é melhor para mim, você não é melhor do que eu! – Seu coração se encheu de raiva e sua voz soou com desprezo. O que estava fazendo afastando a única pessoa que lhe restou, por que aquilo lhe trazia tanta satisfação?
Ingrid se dirigiu a sala do Profeta, caminhando pela enorme catedral fortaleza dos cruzados. Parou de frente da enorme porta de madeira com detalhes entalhados e antes que pudesse bater foi convidada a entrar por uma voz que veio de dentro da sala. Abriu a porta devagar entrou e a encostou o barulho do ranger das dobradiças tomou a sala. Encostado na frente de sua escrivaninha estava o Profeta, um homem de cabelos grisalhos longos assim como o bigode e cavanhaque, alto com ombros largos e corpo robusto, vestindo vestes longas brancas com vermelho de tecidos elegantes e caros, enfeitadas com bordados e detalhes dourados, colares, anéis e brincos, todos de ouro e encrustados com pedras preciosas ou magicas. Seus olhos claros e as enormes sobrancelhas se encheram de ternura ao recebê-la. O homem velo e sábio caminhou em sua direção pegando-lhe pelas mãos e olhando em seus olhos.
-A dor de perder quem nos é precioso é imensurável minha cara. Não há nada neste mundo que possa substituir quem foi perdido, mas eles nos deixam coisas que não podem ser tiradas de nós. A memória dele o amor que lhe deu você nunca ira perder isso, assim como aquilo que ele a ensinou. –Ele enfiou a mão em um dos bolsos e retirou algo enrolado em um pano de seda, delicadamente desenrolou e entregou o distintivo de Thomas em suas mãos. –Fique com isso, eu quero que você tire um tempo dos cruzados para você minha jovem, leve Carla junto eu tenho uma missão para vocês!
Ingrid emocionada pelo presente sem questionar bravejou. –Sim vossa santidade! Qual é a minha missão?
-Eu desejo que você de a notícia sobre seu irmão para Bruce. Eles eram grades amigos e mesmo que Bruce tenha desertado, ele merece saber o que aconteceu com Thomas de alguém que zelava tanto pelo amigo quanto ele!
Ao ouvir aquilo o coração da moça se encheu de ódio, o desertor abandonou o posto, as funções do irmão aumentaram, se ele era tão amigo de seu irmão não teria o abandonado isso não teria acontecido. Sangue manchava as mãos de Bruce, os Deuses lhe deram a oportunidade de fazer o que era certo pelo irmão. –Considere a mensagem entregue vossa santidade!
-Acredito que essa viagem vai ser boa para você por seus pensamentos em ordem, e pode con... Acredito que isso lhe fara bem. Que os deuses zelem por sua jornada... –Ingrid já nem prestava mais atenção nas palavras do Profeta, pois um único pensamento tomou sua mente ela deveria ir atrás de Bruce e fazer o que tinha que ser feito. Estava certa de que o que estava prestes a fazer era justiça.
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