A cada palavra dita, ambos se sentiam cada vez mais conectados, apesar de ser a primeira vez que se encontravam, agiam como se conhecessem-se a anos... AnB-K já havia tido as mais diversas experiências durante sua viagem, mas nem mesmo o conhecimento que recebeu em da mais velha estrela era mais importante do que essa conversa, ou a beleza de todas as nebulosas juntas se comparava com a beleza daquele simples satélite. Ninguém se comparava com o momento com aquele satélite.
Ariel 8.6 pensava da mesma forma, mas de forma menos intensa, já que a única estrela que podia conversar era o sol e a distância entre os dois dificultava as coisas. Só que era primeira vez em toda sua vida, que todo seu interesse e todos seus pensamentos não estavam voltados para todos os corpos que compunham o cosmo, e sim para apenas para um curioso e ousado cometa.
— Ei, Ariel 8.6, você já tentou fugir do controle da terra? Sair viajando por aí sem dono nem destino... — AnB-K o questiona.
— Como você? — O satélite rebate friamente.
— Quem dera, mas estou preso na mesma rota deste que nasci. Eu gostaria de poder conhecer o resto do universo, mas isso é mais forte do que eu.
— Quer dizer que você já esteve aqui antes?
— Sim, há uns 60 milhões de anos, mas ainda não tinha essa coisa de "humanos".
Porém, tudo que é bom dura pouco. Antes que pudessem se dar conta, o tempo juntos, o melhor de suas vidas, estava acabando. O cometa continuava se afastando, aumentando aos poucos a distância entre ambos.
— Por que não fica? Poderia imitar a minha órbita ao redor da Terra... — O satélite não estava pronto para se despedir.
— Sabe que isso é o que eu mais gostaria de fazer, mas eu preciso ir. Além que, se eu me aproximasse demais, seria meu fim! A gravidade me puxaria e sabe se lá qual seria a consequências disso para a Terra, os humanos... E para você.
AnB-K também não queria deixar seu querido satélite para trás, mas ele precisava continuar, isso simplesmente era mais forte do que ele. O satélite se sentiu triste... E bravo. Ariel 8.6 pensava que AnB-K Anão estava se esforçando o suficiente, se ele realmente quisesse, o que era impossível para alguém como ele?
— Então é assim que vai acabar? — Ariel 8.6 questiona irritado. — Você vem, não me deixa terminar o relatório, me atrapalha a observar as outras estrelas, mexe com meus sistemas e simplesmente vai embora?! Você vai me deixar com esse sentimento horrível e vai embora?! — Ariel 8.6 encara AnB-K furioso. — Se você realmente vai, então, pelo menos, me diga como parar de sentir isso... Porque se eu soubesse que seria tão ruim, eu teria ignorado a parte boa e me livrado dele e o esquecido, como está fazendo comigo...
A cada palavra, a voz do satélite estava trêmula, revelando sua imensa raiva, mas, por trás de tudo, a tristeza e o medo de perder quem o ensinou a amar. Suas últimas palavras mal saíram, o nó que sentia atrapalhava o satélite a pensar racionalmente, ele realmente odiava isso, pelo menos, era o que ele queria sentir, mas sabia muito bem que jamais conseguiria odiar aquele cometa. AnB-K ficou um tempo em silêncio, antes de começar a se explicar:
— Sinto muito, mas não vou te ensinar como deixar de me amar, e dessa forma, terei certeza que você nunca irá me esquecer, pois mesmo se eu tentasse, jamais conseguiria te esquecer... — Ele sorri mansamente, surpreendendo Ariel 8.6.
— Me desculpe, eu sabia que isso iria acontecer, mas escolhi ignorar, sinto muito muito por ter agido de forma tão infantil e egoísta. — Ele abaixou a cabeça, envergonhado.
— Eu irei voltar, vai demorar, mas eu prometo que irei voltar... Então poderemos ficar juntos novamente.
— É uma promessa?
— Claro, eu voltaria mesmo que não quisesse. — Ambos riem.
— Tudo bem! Então isso é um adeus, cometa AnB-K?
— Por enquanto, satélite Ariel 8.6...
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