Car e Mino entenderam muito bem o plano. Dumar manda-os voltar para cima. Eles sobem com as armas, dividem entre seus companheiros e começam a explicar o plano. Colocam caixas vazias sobre o buraco. Dumar fica embaixo daquele buraco esperando ansioso. Jone está do outro lado do túnel, e consegue ver parte do acampamento e também a floresta onde Geno está.
Depois de alguns minutos, o plano já está totalmente explicado a quem estava ali. Correntes quebradas pelo martelo, que ganhou o apelido de Exílio das correntes entre eles. Bem a tempo dos primeiros prisioneiros passarem carregando muito minério de ferro em direção à parte de cima da mina. Eles avisam sobre o plano de fuga, e 12 homens pulam naquele buraco. Dumar, agora de posse do martelo, liberta todas as correntes e instrui aqueles homens a seguirem o túnel. Daqui a pouco vão descendo outros prisioneiros, um aqui outro acolá.
Dumar já tinha contado mais de 30 fugitivos, quando cai no buraco, um guarda muito ensanguentado no pescoço, ainda vivo, mas nem tanto.
- Eiiiii, vocês não podem fazer tanta sujeira aí em cima!
- Foi mal, estamos pegando a prática! - grita alguém lá de cima.
- Prática de quê? - fala um guarda que apareceu bem na hora - com quem estão falando? - enquanto tira a caixa de sobre o buraco.
Ele teria descoberto tudo, se não fosse a perspicácia de Dumar, e também sua pontaria, ao jogar o martelo de baixo para cima, acertando bem o queixo daquele guarda, que cai maduro lá em baixo, quebrando o pescoço e terminando de matar o guarda que sangrava.
- Alguém precisa descer daí e me ajudar com essa bagunça!
- Eu vou - responde o jovem Mino enquanto desce, caindo em cima dos dois guardas e aumentando a sujeira de sangue.
- Pronto, agora vamos tirar esses caras daqui. Pega ali na perna e eu pego… - mal termina de falar, mais quatro prisioneiros estão fugindo por ali, pisoteando tudo.
- Eu odeiooo bagunça!!!! Ei vocês me ajudem a limpar isso antes de fugir. - fala Dumar bem ranzinza.
- Porque você não sobe lá e coordena tudo? - pergunta Mino.
- Eles sabem que fugi. Se me reconhecerem vão desconfiar.
- É só dizer que foi preso novamente.
- Não vou correr esse risco.
Enquanto isso na outra ponta Jone começa a enviar um por um os fugitivos. Ele indica a direção, torcendo para que eles cheguem com segurança. O primeiro prisioneiro chega e Geno dispara uma flecha para indicar. Jone vê e fica aliviado.
- É só seguir, mas não devem ir todos juntos. Ou serão vistos. Mantenham distância, cubram o rosto e… lavem as mãos sujas de sangue.
Geno, na floresta, acena para os primeiros prisioneiros. Ele manda que descansem, e se desculpa por não ter arma ou comida a lhes oferecer. Ninguém reclamou, e um após o outro se deitaram no chão, cada qual com sua picareta. Porém cada vez mais iam chegando e chegando. Começaram conversas, risadas e comemorações. Geno tentava controlar todos mas não conseguia. Até que acenderam uma fogueira. Na mesma hora viram aquilo os guardas da mina, e enviaram dois batedores.
Os prisioneiros fizeram silêncio e se esconderam, apagaram a fogueira, mas já era tarde. Os batedores estavam a caminho. Um chegou mais rápido e assim que passou pelas primeiras árvores Geno acertou uma flecha. Ele cai do cavalo, porém o cavalo assustado bate em retirada alertando o batedor que vinha mais devagar. Então observando tudo, o batedor percebe a fila de fugitivos vindo, e parte em direção a eles gritando. Bem armado e a cavalo, seria muito fácil contra aqueles pobres escravos.
Geno sabia que a vida deles e a missão dependia da sua próxima flecha. Ele mira bem e atira. A flecha acerta a perna do batedor que cai e é arrastado pelo cavalo, até ser acertado por uma picareta furiosa. Três fugitivos sobem no cavalo, pegam as armas do inimigo e vão para a floresta. Aquele que havia morrido na beira da floresta também foi saqueado. Agora tinham 1 cavalo e mais 3 espadas e 2 arcos, além de Geno. Mais duas dezenas de pessoas desarmadas.
Mas o plano já tinha ido por água abaixo. Todas as tendas inimigas estavam em alerta e preparavam um ataque mais forte na floresta. Isso teve um reflexo dentro das minas, alguns guardas começaram a sair, mas os mais descuidados viraram vítimas do plano de Dumar.
- Ei, aumentou o fluxo de guardas mortos! - fala Dumar
- Parece que algo aconteceu lá fora. Estão subindo e não perdemos nenhuma oportunidade de matá-los.
- O que houve?
- Ouvi falar em invasão.
- Ahhrrr droga! Será que inventaram de atacar as tendas? Mino, corra até Jone na outra beirada do túnel e avise sobre isso. Leve algumas armas, podem ajudar!
Dumar se precipitou na sua conclusão, e isso influenciou sua tomada de decisão.
- Se eles estão lutando lá fora, precisamos ajudar. Não podemos continuar nesse ritmo. Precisamos abandonar a surpresa. Car!!! Desce aqui novamente!
- Pois não! - diz Car pulando em baixo
- Dumar conta tudo a Car, que concorda em terminar o disfarce. A parte perigosa do plano estava por começar. Jone ao ser informado por Mino percebe a confusão. Ele sabia que Geno não atacou as tendas, e precisa continuar recebendo mais refugiados e armas.
- Que confusão, preciso impedir que eles subam agora! É muito cedo! Os corcéis estão prontos para morder a isca. A floresta é nossa melhor chance. Eu vou tentar falar com Dumar. Você leve essas armas pro Geno rápido. Está em nossas mãos continuar o plano!
Jone corria o máximo que podia, mas Dumar já havia subido o buraco. Mandou metade dos prisioneiros armados no sentido superior, e desceu com a outra metade para as partes mais baixas da mina. Teve uma grande sorte em encontrar 10 guardas bebendo e jogando cartas relaxadamente em uma galeria mais aberta. Estavam libertando prisioneiros com velocidade, e mandando-os subir. Haviam quase 20 ex-prisioneiros armados andando mina abaixo. Os guardas solitários eram rendidos com muita facilidade, e cada vez mais pessoas se juntavam. Era um verdadeiro exército de espadas e picaretas.
Porém a mesma facilidade não haveria nas outras frentes. Quando Jone chega na passagem, não faz ideia para onde Dumar foi, mas resolve subir em direção ao topo da mina. Anda 30 metros e encontra corpos de guardas e prisioneiros no chão. Segue o rastro de sangue, até chegar numa pilha de caixas. Três prisioneiros estão atrás delas, se escondendo, os guardas empurram para passar. Eles, feridos, tentam segurar o avanço.
- Onde está o Dumar?
- Foi para o fundo da mina!
- E porque subiram?
- Ele nos ordenou, mas tinham muitos guardas aqui!
- Arrrrghhhh! Não é boa ideia separar o grupo. Ainda mais com vocês cansados e destreinados. Ele não fez reconhecimento. Ele tem muito que aprender. Muitas vidas aqui perdidas. Me escutem! No próximo empurrão deles, vou jogar minha lança. Saiam e corram. Com sorte vou acertar um deles, e no meio do caos dará tempo de recuarmos.
Dito e feito. Eles abrem espaço e a lança voa. Do outro lado um dos guardas que atacava com tudo é traspassado pela lança. Que choque! Isso deu mais de um minuto de atraso, até tentarem abrir caminho de novo. Mais do que suficiente, para Jone e os outros 3 estarem bem longe dali, onde encontram 10 guardas mortos perto de mesas derrubadas.
- Dumar certamente esteve aqui. Precisamos encontrá-los. Onde é o local mais fundo da mina?
- É pela esquerda!
- Então é possível que esteja lá! Vamos!
Seguindo pela esquerda com velocidade encontram alguns guardas presos em jaulas.
- Sim! Eles passaram aqui! Vamos rápido!
Seguindo esse caminho passam por mais prisões de guardas até encontrarem um tumulto de ex-prisioneiros.
- O Dumar está por aí!?
- Sim, ele está tentando soltar o dentuço!
- Dentuço?
- É! O homem lagarto!
- Esses prisioneiros e seus apelidos……
Jone dá de cara com Dumar batendo um martelo com toda força num grande cadeado. Dentro da jaula está um humanoide meio escamoso, com boca esticada, grandes dentes, cauda e mãos com garras. Vestido apenas de trapos e botas ele empurra com força a porta.
- Dumar, os guardas estão descendo, não conseguiram suportar lá em cima!
- Aqui só falta meu bom amigo! O resto do trabalho está feito. Mas esse cadeado é muito forte!
- Então termine aí! Vou levar essa multidão de prisioneiros para o vão onde estão os guardas mortos e mesas quebradas. Vamos montar uma barricada na porta enquanto terminam.
Seguindo de volta ao vão, os guardas chegaram primeiro, em torno de 15, mas pouco a pouco vão saindo os prisioneiros. Mais de 80, e nem todos couberam ali! Há uma distância de 20 metros entre os guardas e Jone.
- Então! - diz Jone - vou dar uma chance de se renderem! Ou terão o mesmo destino dos seus companheiros aí no chão.
Jone fala aquelas palavras acompanhado de tanta gente com espadas e picaretas, numa voz tão intimidadora, que mal termina de falar um dos guardas se mija.. Uma risada ecoa naquele lugar, seguida pelo guarda fugindo.. e outro.. e mais outro. Em poucos segundos a maioria já correu. Jone ordena atacar, e os outros começam a correr e voltam subindo.
Agora de perseguido, passa a perseguidor. Pobre de um dos guardas, que escorrega na urina deixada ali, e cai, morrendo pisoteado. Aquela horda de gente sobe com tudo, fazendo um tremendo barulho. Um ou outro guarda também caem, tendo o mesmo destino após a passagem da horda.
Depois de passar pelo guarda que matou com a lança, Jone a recupera. Dali pra frente não havia mais nenhum guarda, apenas prisioneiros, até dar de cara com os portões da mina… Totalmente fechados!
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