Os ânimos estavam agitados em frente a casa dos corcéis púrpura. Geno acabara de fazer duas ações extremamente decisivas. Na primeira matou um inimigo, na segunda acertou o joelho do líder daquele bando. Ele sente no seu coração um fogo arder. Talvez as palavras de seu capitão pouco antes tenham tido um grande efeito nas suas atitudes.
Mas não há tempo para pensamentos rebuscados, pois a batalha começa extremamente feroz. O líder se arrasta para dentro da casa, saindo do seu alcance, indo em direção à Linde. No chão fica o rastro de sangue vindo do joelho flechado, assim com pedaços da flecha. Na parte de cima, não faltam tentativas de esfaqueamento extremamente velozes. Em baixo, Jone parece meio encurralado. Duas espadas longas e dois escudos, contra sua lança e escudo.
- Merda, eles estão muito próximos. Se eu atirar posso acertar Jone. O mesmo vale para Linde. Mas se eu demorar a ajudá-la, vai ficar em desvantagem também, porém sem ter para onde fugir. Vamos estar em desvantagem em dois lugares. Não posso fazer nada sem arriscar piorar tudo. Preciso pensar em algo rapidamente.
Jone na parte de baixo está cada vez mais com problemas. Ele usa toda sua experiência para não ser encurralado. Usando golpes falsos, protege a si mesmo, enquanto distrai seus inimigos. Allen começa a perder a paciência. É tudo que Jone queria. Allen parte para o ataque de forma descuidada. Jone se desvia, uma, duas vezes. Na terceira ele percebe o ataque repetido, e finge dar uma abertura.
Allen é enganado pela facilidade e leva uma espetada na coxa. Porém o golpe não derruba aquela montanha de peso, e a jogada custou caro a Jone. Ele está encurralado. Seus inimigos se aproximam aos poucos. Começam a dar golpes rápidos e para tirar o máximo da atenção de Jone. Allen se prepara para o golpe final, mas uma bota bate na sua cabeça. E essa bota não está vazia, pois Geno havia flechado a parede da casa com uma corda amarrada na flecha.
Não achando nada melhor para fazer, ele usa seu arco na corda como corrimão, e desliza pelo ar, até se chocar com Allen. Era isso ou ver a morte de Jone. Os dois caem, Allen está com o nariz sangrando, e reconhece Geno.
- Agora eu te derrubo e te mato de uma vez. Não vai haver misericórdia contigo.
Ele começa a desferir golpes furiosos, dos quais Geno deflete ou escapa por pouco. É o prelúdio de um massacre. Allen derruba Geno, e desfere o golpe final com força, mas a sua espada bate em algo.
Jone entendeu que a idéia mirabolante de saltar sobre alguém muito mais forte não era apenas heroísmo. Ele não estava mais encurralado, e aproveitou cada segundo que a loucura de Geno lhe deu, derrotando seu outro inimigo, do qual arrancou a cabeça. Ele joga a cabeça decepada, ainda com elmo, contra o que seria o ataque final contra Geno, fazendo com que o golpe perdesse a direção, enquanto partia em dois pedaços a cabeça do corcel.
- Vocês mataram meu amigo. Eu criei ele desde criança. Eu vou…
Enquanto Allen se preparava para xingar toda a família deles, cai após despencar do telhado um corpo esfaqueado, sangrando bastante na frente deles.
- Terminei com esse tolo, já vou descer para ajudar vocês. - grita Linde
- Vire-se filhaa!
Não há tempo de se virar, pois por trás dela aparece o líder dos corcéis, apontando uma espada em sua garganta. Ele a segura obrigando-a a soltar suas armas.
- Filha?! Que coragem em trazer sua filha para um combate. Ou seria tolice? Existe algo melhor que matá-la! Fazê-la prisioneira para sempre nas nossas minas, nossa escrava. Ela parece forte para esse trabalho.. Hahahahaha. Allen eu confio em você para acabar com esses dois. Reporte-se a mim na Mina de Eldarion.
- Deixa comigo Sargento Modarck!
Modarck dá um mata leão em Linde e a apaga. Ele pula com ela pelo telhado e cai em um monte de feno. Coloca-a sobre seu cavalo, e ainda mancando pela flecha em sua perna, cavalga em direção ao norte. Jone não fica vendo isso parado, mas Allen não permite a passagem deles a tempo. Logo eles somem de vista.
- Para onde vocês querem ir? Vocês são meus! - grita muito alto Allen
Jone e Geno atacam, mas Allen não está cercado pela primeira vez na sua vida. Ele defende bem todos os golpes e parece que já escolheu seu alvo: Geno. Percebeu muito rápido que Geno era pouco experiente em combate, e após algumas defesas, sempre tenta acertar Geno, que por pouco não foi fatiado ainda.
- Afaste-se Geno, ele é meu. Fique aqui na minha direita. Essa é uma luta um contra um. - diz Jone enquanto dá três tapinhas no ombro de seu companheiro, limpando a poeira de sua ombreira.
Geno se afasta e se sente sortudo pelo que vê. Uma batalha franca e feroz. Espada se encontrando com lança em pleno ar. Jone faz algumas acrobacias muito ousadas para a idade dele. Em cima, em baixo, Geno mal consegue acompanhar a movimentação. Allen se mostra um adversário terrível. Sua espada zune com tanta força, que se não fosse o escudo de Jone muito potente, estaria tudo acabado.
Geno então tem outra idéia mirabolante. Seria preciso uma conexão muito forte entre ele e… mal deu tempo narrar, mal deu tempo ele pensar. Geno corre como um louco invadindo a casa desprotegida dos Corcéis púrpura. Allen olha estranhando uma ação tão louca, vira de costas, grita com Geno, e corre atrás dele tentando impedir que alcance a sua base, mas é tarde. A lança de Jone voa e acerta em cheio as costas de Allen enquanto corre.
- Arrrgh, minha visão está escure… cen….. - Allen, o barril cai murmurando.
- Jone, você fez o que eu queria. Corri para tirar a atenção dele, e te dar essa oportunidade. Mas, conhecendo você, eu tinha medo que não atirasse nele pelas costas.
- Olha, foi uma jogada arriscada, mas deu certo. Eles jogaram sujo sequestrando minha filha. Só merece honra em combate, quem tem honra.
- Temos que salvar a sua filha, vamos ao estábulo.
- Não adianta ir agora, eles já estão bem longe, nunca os alcançaremos antes que cheguem na mina. Precisamos ver o que podemos encontrar na base deles. Algo que possa nos ajudar.
Eles entram na base dos corcéis, através da porta principal. Nela passam por uma sala, com várias cadeiras, algumas mesas jogadas no chão, como que por proteção, e uma mulher usando vestes finas está caída no chão com uma flecha bem na cabeça. Na sua mão, totalmente ensanguentado um cajado preto, longo e fino, com uma pedra prata na ponta.
- Olhe Geno, essa mulher aparenta usar magia.
- Magia? Que coisa rara!
- Nos últimos tempos tem ficado cada vez menos raro ver magia por aí. A maior surpresa é ver esse pequeno destacamento de uma gangue possuir uma portadora de magia. Posso deduzir que não são poucos os magos entre a gangue. Demos a maior sorte de você eliminar ela, logo de cara. Poderia ter sido terrível enfrentá-la.
- Dá para saber que tipo de magia ela faz?
- Não.. Na verdade talvez até seja possível. Mas eu não tenho esse conhecimento.
- É melhor guardar o cajado dela e algo mais que possuía. Podemos ganhar um bom valor com isso.
- Reviste o corpo dela e os outros. Veja algo de valor que possuam. Eu vou procurar mais informações, e investigar o resto da base.
Geno se detém a sua missão. Jone adentra mais o local e dentro de um cômodo, de cara percebe uma mesa com um mapa. Vários pontos marcam lugares, os quais ele reconhece como minas, fortes, pontos de passagem.
- Não acredito.. Toda a rede dos Corcéis está nesse mapa. Deviam estar planejando algo. Preciso ficar com isso. Quantas vilas estão sob domínio desses malucos. Até algumas cidades médias. A maior dessas cidades é Gorith. Deve ser onde fica a base central deles. Acho que eles já conseguiram influência em 20% do território de nosso reino. Que praga!
Ele continua vasculhando tudo, armários, gavetas, todos os papéis que ele encontra, e fica umas duas horas debruçado sobre os papéis. Geno já tinha vasculhado os corpos e outras partes da base. Achou alguns sacos de ouro e uma adaga encravada de algumas pedras. Além é claro do cajado. Ele conta o ouro que achou enquanto Jone estuda tudo.
Mas do nada escutam batidas embaixo do chão onde estão, seguidos de alguns murmúrios altos. Eles tiram a mesa, o tapete, e um alçapão estava bem debaixo dos seus olhos. Parece velho, desgastado, e está trancado.
- Eles tinham um prisioneiro aqui Geno! Se acalme meu jovem, vamos tirar você daí. Geno, você achou alguma chave?
- Não! Vamos procurar!
- E aí alguma novidade da chave? - pergunta Jone depois de 20 minutos de investigação minuciosa.
- Nenhuma! Devia estar com o sargento Mordack que fugiu, mas achei um pé de cabra. Vai servir.
Eles arrombam o cadeado. De dentro do calabouço, pula para fora, com toda força e fúria um….
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