No dia seguinte, logo ao resplandecer, Geno sai da estalagem com suas armas em mão e se dirige até o bosque. Ele começa a treinar arquearia e alguns movimentos de espada. Algum tempo depois, Jone aparece e fica o observando.
- Veio me treinar finalmente? - pergunta Geno
- Não.. Vim olhar se realmente precisa de minha ajuda, ou se quer apenas usar essa desculpa para ganhar mais um guarda-costas.
- E então?
- Você não sabe de nada! Haha, é apenas um tolo segurando um pedaço de ferro! Acho que não conseguiria matar nem um Goblin criança desse jeito! Já com o arco, diria que você pode conseguir realmente sobreviver alguns perigos. Mas ainda tem muito o que aprender.
Geno larga as armas, põe-se sobre um joelho, enquanto olha para Jone fixamente e fala:
- Então me treine! É tudo que peço!
- Talvez eu possa dar uma ou duas dicas. Vamos, mude essa postura, levante esses ombros! Precisa treinar o seu corpo. Ficar mais forte. Treine não apenas os movimentos, seu corpo precisa estar preparado. Se tiver mais força, será mais ágil e a espada irá parecer menos pesada.
Depois de 30 minutos de conversa, e mais algumas horas de treinamento Jone parece satisfeito com o que vê.
- Bom, você está outra pessoa agora, aprendeu como treinar, mas é tudo que posso fazer por você. Nada além de algumas dicas. Você ainda tem muito o que melhorar. Siga sua jornada e nunca deixe de treinar. Coloque essa mentalidade dentro de você!
- Ei, você não é conhecido por trabalhos inacabados!
- Tem razão.. Onde estão meus modos? Venha, o almoço é por minha conta. Como poderia deixar alguém exausto ir embora de mãos vazias? Mas depois disso posso dizer que acabei de ensinar a você o mais importante. Então poderei deixá-lo ir, e terei a consciência tranquila.
- Dúvido muito.. - murmura Geno baixinho.
É dia de feira naquela vila. Todos estão fora de suas casas comprando e vendendo. Crianças correm por todos os lados. Silêncio é a única mercadoria inexistente por aqui.
- Geno, eu vou comprar algo para comermos. Divirta-se andando por aí. O velho Tom tem belas frutas docinhas para você. Verdadeiros sacos de açúcar. Recupere sua energia e já te encontro.
- Não, nem tudo na vida de um aventureiro é aventura. Existem momentos comuns, a vida parece se igualar de um camponês... Mas, esse não é um desses momentos. Mal Geno começa a chupar uma manga que acabara de comprar, 5 cavaleiros entram desajeitadamente pelo meio de todos causando uma confusão.
- Viemos buscar o que é nosso.. Já faz mais de um mês que não passamos por aqui, portanto queremos tudo em dobro. - grita o mais alto, botando medo na multidão
- É isso aí, nós vamos ficar aqui durante um dia. Ai de quem não obedecer. Cada um, viajante ou morador, tem que mostrar respeito. - grita um gordão, cujo cavalo parece extremamente cansado, enquanto desce do mesmo.
O gordo anda pelas bancas de frutas enquanto come à vontade. Parece seu próprio pagamento, enquanto todos vêem o suor do seu rosto ser consumido gratuitamente. Não demora até chegar próximo a Geno.
- Ei, fracote, venha cá, quero o que você tem. - diz enquanto estende a mão.
- Geno coloca na mão do gordo o caroço da manga que chupou, e vira de costas. Bom, essa não foi a atitude mais sábia de Geno em sua vida. Zummmmmmm. O caroço é jogado e acerta sua nuca bem em cheio. Geno fica meio tonto.
- Temos um comediante aqui no meio. Vou fazer você dançar, palhaço! Ninguém tira sarro de Allen - grita com raiva, aquele homem
Allen chuta Geno ainda de costas, que cai no chão meio lameado, e em seguida Allen pega sua bolsa de moedas.
- Ei, mas essa bolsa de moedas está rasgada! Não tem nada aqui dentro. Patife, um comediante liso. Está precisando trabalhar seu vagabundo! - fala Allen com um tom de deboche
- Essa bolsa era muito boa para se rasgar, alguém me roubou e agora levo uma surra, que dia! - sussurra baixinho Geno
Mal acabara de falar isso e começa a chover. A feira se dispersa, enquanto os moradores recolhem tudo rapidamente, e aqueles cavaleiros buscam abrigo.
- Maldição, o que falta acontecer agora?
- Bom dia moço, aqui está seu dinheiro. - fala uma criança
- Um ladrão arrependido? Você me viu sofrer e teve pena? - diz Geno enquanto se recompõe
- Na verdade, eu roubei você para te ajudar.
- Seiii, e aquele gordão me bateu pois gostava de mim.
- Meu pai que mandou te roubar, e agora te devolver. Eles ainda não procuram dinheiro com crianças. Suas moedas estavam seguras comigo.
- E como você sabia que eu tinha moedas.
- Porque meu pai falou!
- Seu pai é vidente?
- Não!
- E porque se importaria comigo?
- Você quer as moedas ou não? Moço estranho.. - diz enquanto joga as moedas no chão
- Que modos são esses filho?
- Jone? Esse é seu filho?
- Sim ele é. Eu pedi para ele te ajudar pois sabia que não poderia se virar sozinho. Mas não pensei que iria se virar para aquele brutamontes. Eu estava errado. Preciso ensinar você a não morrer.
- Se isso vai fazer você me ensinar, então acho que valeu a pena essa surra.
- Você nunca desiste não é?
- Se eu cair dez vezes, me levantarei onze.
- Onde leu isso, em algum livro poético de algum bardo? - pergunta Jone em tom de risada
Geno ri desconfiado, pois é verdade. Ele leu isso num livro de poesias que achou em um dos túmulos que chegou a visitar. Mas só haviam alguns poemas que ele nada entendeu. Trocou na cidade por algumas refeições diárias alguns dias atrás.
- Mone é o único filho que realmente gosta de mim. Os outros viram a cara quando eu passo.
- Quantos você tem?
- Cinco. 4 garotos e uma moça, a mais velha. Ela puxou mais a mim do que todos.
- Queria ter conhecido meu pai. Ou minha mãe.. Fui abandonado desde jovem quando..
- Olha, você já me contou isso. Sinto muito por tudo, mas deixe o passado no passado. - fala Jone, percebendo que essa poderia ser mais uma história extremamente demorada de Geno
- Porque me pede para fazer algo que você não faz?
- Onde você fica lendo essas frases prontas? Hahaha
Um silêncio se faz até chegarem na casa de Jone. Ele começa a preparar a abóbora, enquanto Geno vai tomar um banho. Finalmente o guisado de carneiro, com purê de abóbora está pronto. Eles se sentam à mesa, e Geno come até mal conseguir respirar. Faziam semanas que não podia ter o luxo de comer bem assim.
- Eu odeio os corcéis púrpura. Odeio mesmo. Eles controlam a mina de Ferro que fica não muito longe daqui. Mandam nessa vila e nas outras vizinhas como se fossem os donos. Nosso país está nessa guerra, e os mais simples ficam desprotegidos. Esses bandidos estão aproveitando tudo que podem. Vendem ferro para nossos exércitos, mas também para o inimigo. Ah se eu pudesse fazer algo.
- Aposto que antigamente teria dado uma surra nos 5. - fala Geno com um brilho no olhar
- E de quê adianta, eles voltariam com mais 50, me matariam e explorariam ainda mais os moradores daqui.
- E se eles não achassem que foram as pessoas daqui?
- Como assim?
- Eu tenho na minha bolsa um uniforme de soldado do exército de Enay, achei que poderia ser útil quando fugi deles e estava em seu território. - fala Geno enquanto abre sua bolsa
- Bastaria anunciarmos que eles estão revoltados por causa do preço do ferro, e nos mandaram como retaliação. - responde Jone mostrando que já começa a se animar com a ideia
- Ouvi eles dizerem que vão ficar aqui até amanhã.. Tem que ser hoje a noite!
- Não! Está muito em cima!
- Na batalha do vale escuro você não se importou que tínhamos apenas algumas horas para preparar a armadilha, nem que estávamos em menor número. Você foi lá e nos deu a vitória. É hora de mostrar suas habilidades novamente capitão!
- Ahhhh, moleque, onde você aprendeu a me convencer? Está bem, o plano é o seguinte: Você vai subir em uma casa e ficar lá com seu arco. Vai cobrir uma saída. Eu cuido da saída lateral! Veremos se minha espada ainda é rápida o suficiente! Vou anunciar a retaliação em nome de Enay, estando em disfarce e com capuz. Precisamos deixar alguém vivo.. Eu sugiro Allen, o barril. Assim ele poderá contar aos superiores que Enay enviou suas tropas. Livramos a cidade e ajudamos na guerra.
- O barril? Não é possível alguém se chamar assim!
- Foi o que pensei quando você me disse seu antigo nome, meu caro.... Gevolno! Hahahaha....
- Mas eu bem queria me vingar dele.
- Sinto que você terá outra chance no futuro Geno.
- Eu vi que tem tipo uma torrezinha de vigia na casa. E se alguém estiver lá? - responde Geno um pouco preocupado
- Sim, com certeza alguém estará lá! É por isso que precisamos do terceiro integrante para nossa missão! Não saia daqui, volto já!
- Ei Jone!..... Ahhh, agora foi ele que me deixou falando só...
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