Eugene estava puto. Realmente puto. Super puto. Putíssimo. Jogou-se em sua cama e gritou em seu travesseiro. Como ele detestava o mundo naquele momento. Colocou música para tocar. Era uma playlist especial intitulada “Eu odeio Dallon Juán Miguel Souto”, e continha diversas músicas ótimas que conseguiam expressar os sentimentos de Eugene melhor do que ele mesmo.
Ele trancou sua porta. Não planejava ficar naquele quarto, então apagou as luzes, também. Ele precisava de espaço, e sabia que mais cedo ou mais tarde seus pais bateriam à porta tentando falar com ele.
Juntou suas mãos, invocando o poder dentro de si. Conseguia sentir o calor percorrendo seu corpo, conseguia sentir o poder que uma Ponte tinha dentro de si. Colocou as mãos na madeira, e um círculo de transmutação logo brilhou, indicando que havia dado certo.
Não perdeu tempo, e logo abriu a porta. Só queria um pouco de paz e tranquilidade, coisa que era impossível em seu quarto, que continha tantas memórias da infância de Eugene, tantas lembranças que Dallon compartilhava.
Caiu direto na estufa, e havia muito a fazer ali, felizmente. Tinha que colocar os acônitos em um pote maior, tinha de regar as suculentas e os cactos, arrancar as ervas daninhas da murta, checar a umidade da Strelitzia, plantar as sementes de tomilho que Lazuli lhe dera e checar as rosas do deserto.
Decidiu plantar o tomilho primeiro, e logo foi pegar o saquinho de sementes em cima da mesa de arranjos. Ali estava grudado um pequeno papel, com a caligrafia de Lazuli.
“O tomilho contém folhas cheias de proteínas, carboidratos e vitaminas A, B1 e B2. É usado em rituais mágicos para aumentar força e coragem. Se você um dia quiser experimentar, a receita está na segunda gaveta da mesa de arranjos.”
Eugene suspirou, grudando a mensagem na madeira da mesa. Ele com certeza precisaria aprender a fazer aquele ritual, cedo ou tarde. Afastou esses pensamentos de sua cabeça e foi logo plantar o tomilho, para então riscar a tarefa de sua lista.
Talvez ele pudesse usar a jardinagem como uma maneira de aliviar sua raiva, como Kazuo havia dito. Tinha que agradecê-lo mais tarde. Por hora, ele só queria esquecer toda essa história de Ponte e fingir que nada mudou e que a vida dele está maravilhosa.
Se ao menos o ditado “finja até ser verdade” fosse verídico….
Comments (0)
See all