Óh, guerreira Dandara!
Ousaram me dizer que no Brasil não existe preconceito
Que todos somos iguais e temos os mesmos direitos
Mas a gente sabe que a realidade é outra
Que os direitos ficam só no papel e que no tribunal
O preto é só mais um réu
Tá ruim pra você, pra ele, pra mim
Tamo tipo O Rei Leão,
Um ciclo de morte sem fim
Tipo assim,
Eu sou preta, pobre e periférica,
PPP
Já morro 3 vezes,
Ah não, morro 4,
Porque ainda sou LGBT
Dizem que o amor é livre
Mas tô vendo muito amor
Dentro do armário,
Trancado
Mas também,
Se sair da porta pra fora
É espancado
"Ah, mas não pode beijo LGBT na novela
Porque influencia aqueles que assistem TV"
Olha, se você se sente influenciado depois de ver um beijo gay
Tenho uma coisa pra contar pra você
E de novo
Vieram me falar da inexistência do preconceito
Lembrei:
6 anos- sai de perto gorda
12 anos- prende o cabelo imunda
14 anos- além de preta é macumbeira
15 anos- (entrei em uma loja a atendente me olhou de cima a baixo) não temos nada pra você aqui
Nossos traços faciais
São como letras de documentos
Que mantémi vivo
O maior crime de todos os tempos
Nossos corpos em pelourinhos foram descarnados
Atacaram nossa religião
Acusaram de feitiços
Nós gritamos liberdade
Você gritam "nain"!
Cês tão rindo tipo KKK com o teu Klan
Mas eu não gostei da sua piada de humor negro
No Brasil tá fácil
Lama no rio
Fogo na mata
Chumbo no pobre
O difícil
É ver polícia prender
Morador de bairro nobre
O interessante é ver que
As balas perdidas
Sempre se encontram em um corpo preto,
Agora, no chão
E o medo de
Mesmo de mochila,
Levar 5 tiros nas contas?
80 tiros te lembra que
Existe pele alva
E pele alvo
"Professor, Joãozinho não pôde vir,
Foi confundido com um ladrão
À duas quadras daqui"
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